Afecções podais: Úlcera de Sola em vacas leiteiras

As Úlceras de Sola causam preocupação aos produtores de leite em todo o mundo. Essa condição não afeta apenas o bem-estar das vacas, mas pode gerar perdas econômicas substanciais às fazendas. Confira detalhes no artigo a seguir!

Introdução

A bovinocultura leiteira apresenta grande relevância na economia do Brasil, país que está entre os principais produtores de leite do mundo. Nesse contexto, dentre os problemas mais comuns que ameaçam a produtividade das vacas leiteiras estão as doenças podais. Uma das doenças podais de maior ocorrência é a Pododermatite Circunscrita, também conhecida como Úlcera de Sola. Essa afecção ocorre devido ao enfraquecimento do tecido córneo na região, provocando desconforto significativo e uma série de outras consequências negativas.

De forma geral, os animais acometidos permanecem em decúbito por longos períodos, o que compromete até mesmo uma alimentação regular, favorece o aparecimento de outras doenças como a Mastite, prejudicando por consequência o bem-estar e a produção leiteira (WARDIN, 2021; SHEARER et al., 1996; STANEK, 1997). Cabe ressaltar que vacas com cascos lesionados têm taxas de concepção mais baixas, maior prevalência de cistos ovarianos, podem apresentar cio silencioso ou anestro, e até mesmo comprometimento da imunidade.

Fatores Predisponentes

Diversos fatores predisponentes podem influenciar o surgimento de doenças no casco dos animais, como é o caso da Úlcera de Sola, sendo eles relacionados principalmente a condições ambientais desfavoráveis ou práticas de manejo inadequadas. Entre esses fatores, destacam-se as más condições de higiene no ambiente, excesso de lama e a falta de limpeza adequada das camas. Adicionalmente, a utilização de pisos altamente abrasivos em sistemas Free Stall, vias de passagem com muito cascalho que podem ocasionar traumas nos cascos, exposição prolongada à umidade e práticas inadequadas de casqueamento também contribuem significativamente para o desenvolvimento dessas enfermidades (SILVA et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2004 apud SILVEIRA et al., 2018).

Prevenção

Diversas estratégias são fundamentais para prevenir a Úlcera de Sola e outros problemas nos cascos dos animais em fazendas leiteiras. Entre elas, destaca-se o uso do pedilúvio, que consiste em um local ou recipiente contendo uma solução desinfetante, utilizado para limpar os cascos e tecidos adjacentes, visando controlar infecções e fortalecer a resistência dos tecidos. Geralmente, são empregadas soluções como formalina 3-5% ou sulfato de cobre 5% ou sulfato de zinco 10% (FERREIRA et al., 2005).

Para garantir a eficácia do pedilúvio, é recomendável que ele tenha dimensões mínimas, como 80 cm de largura, 3 metros de comprimento, 30 cm de altura e uma lâmina de água de pelo menos 15 cm, evitando assim o desperdício de produtos químicos. Além disso, é essencial posicionar o pedilúvio após a ordenha, a fim de evitar a contaminação dos equipamentos e, consequentemente, do leite.

Outra medida preventiva é o casqueamento que tem como objetivo principal equalizar o peso suportado pelos dois dígitos dos membros e minimizar a pressão sobre a sola. Recomenda-se realizar essa prática durante o período de secagem das vacas e corrigir possíveis desgastes nos cascos no início da lactação (FERREIRA, 2005). Investir na melhoria das instalações também é crucial para prevenir problemas nos cascos dos animais. É essencial proporcionar camas adequadas, que suportem os quatro membros dos animais, feitas de material confortável, em um ambiente limpo, seco e elevado em relação ao restante do piso, para evitar o acúmulo de umidade e dejetos. A utilização de pisos emborrachados também é uma opção válida (PLAUTZ, 2013). Além disso, é importante atentar para piquetes desnivelados ou com excesso de cascalho, realizando limpeza e nivelamento dessas áreas.

Por fim, é muito importante o fornecimento de nutrição adequada, com dietas balanceadas de acordo com a fase produtiva que o animal se encontra, visto que os problemas podais também estão relacionados com a alimentação. Em resumo, quando a nutrição é ineficaz (carente de elementos como por exemplo: o selênio, a vitamina E, o cobre e o zinco) o córion fica incapaz de produzir um casco saudável (SILVA, 2009; SAGUÉS, 1995 apud CHIUZOLO, 2017).

Tratamento

Para o tratamento adequado sugere-se a excisão cirúrgica das áreas necrosadas, seguida da aplicação de iodo como antisséptico e colocação de tamancos (feitos de madeira ou EVA) no dígito contralateral. Além disso, é recomendado o uso de uma bandagem, que deve ser substituída a cada 72 horas, podendo haver variações conforme a evolução da cicatrização, ausência de infecção e eficácia da impermeabilização do curativo (FERREIRA et al., 2005; ALVIM et al., 2006; AGOSTINHO; SERRÃO, 2007). Ainda para o tratamento recomenda-se uso de pedilúvios de sulfato de cobre, formol ou sulfato de zinco a 5%-10% (assim como mencionado na prevenção), duas vezes ao dia (na saída da ordenha).

É importante ressaltar que em casos de doença séptica a terapia antimicrobiana sistêmica deve ser indicada (RIET CORREA et al., 2007). Diante disso, uma excelente opção antimicrobiana, que inclusive não requer o descarte do leite é o Ceftiofur (STANK, 2021). Nesse contexto, a JA Saúde Animal apresenta o Cetofur: uma associação moderna e inovadora à base de Ceftiofur. O produto, que é pertencente à classe das Cefalosporinas de 3ª geração, conta com a presença do Cetoprofeno em sua fórmula, um anti-inflamatório não esteroidal que reduz a inflamação, a dor e a febre, o que contribui para rápida recuperação dos animais e consequentemente rápido retorno às atividades produtivas. Cetofur é a melhor escolha para rebanhos leiteiros justamente por sua carência zero no leite, além de ser sinônimo de eficácia, segurança e bem-estar animal! Visite o nosso site e confira mais informações sobre esse e outros produtos da JA Saúde Animal!

Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária e Jornalista)

Referências

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ALVIM, Nilvaldo Cesar et al. O efeito da “Pasta de unna” no tratamento da Pododermatite Circunscrita Perfurada em Bovinos. Rev. Científica Eletrônica de Med. Veterinária – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/ FAEF, Garça, v. 01, n. 06, p.1-6, jan. 2006.

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