Carbúnculo Sintomático em bovinos

Conheça detalhes sobre a doença que também é conhecida como “manqueira” devido à intensa claudicação provocada nos bovinos acometidos. Confira!

Introdução

O Carbúnculo Sintomático consiste em uma doença infecciosa aguda causada pela bactéria Clostridium chauvoei, que possui grande importância econômica na criação de bovinos. Geralmente afeta animais de 6 meses a 2 anos de idade, contudo também pode acometer bovinos de até 36 meses. Sua ocorrência é presente em todos os estados do Brasil, sendo a clostridiose mais comum no Rio Grande do Sul, onde está entre as 5 principais doenças infecciosas mais diagnosticadas em bovinos, especialmente no outono. A morbidade da doença é de 5 a 25% e a letalidade atinge quase 100% (SANTOS; ALESSI, 2017).

Como ocorre?

A doença se desenvolve nos animais a partir da ingestão (durante o pastejo) de esporos de Clostridium chauvoei presentes no solo. Dessa forma, esses esporos se multiplicam no intestino, atravessam a mucosa intestinal e chegam até a circulação. Em seguida, atingem vários órgãos e tecidos, especialmente a musculatura esquelética, onde permanecem adormecidos até que ocorra uma lesão no músculo, que crie um ambiente anaeróbico propício para sua proliferação (JONES et al., 1997).

Sinais Clínicos e Patologia

Como trata-se de uma afecção aguda, pela qual a morte dos animais geralmente ocorre entre 12 e 36 horas, muitas vezes eles são encontrados já mortos. Entretanto, dentre os sinais clínicos é possível destacar depressão, anorexia, hipertermia e na grande maioria dos animais acometidos há claudicação intensa, daí a denominação de “manqueira”. Além disso, os músculos dos membros e de outras regiões anatômicas desses animais podem apresentar diminuição da temperatura, aumento de volume e crepitação por conta da produção de gás (RIET-CORREA et al, 2007).

No exame post mortem dos animais acometidos por Carbúnculo Sintomático é possível perceber inchaço imediato e perda de líquido hemorrágico pelas narinas e pelo ânus, sendo a miosite hemorrágica com presença de gás, a lesão mais característica. Embora seja mais comum a presença de lesões nos músculos das regiões superiores dos membros, é interessante examinar todos os músculos, afinal podem ser encontradas lesões na língua, coração e diafragma. Outro achado post mortem é a detecção de líquido hemorrágico com fibrina nas cavidades (RIET-CORREA et al, 2007).

Diagnóstico

Na necropsia observa-se a tumefação crepitante dos músculos, com presença de exsudato sanguinolento. Além disso, pode ser realizado o Teste do Copo d’água com fragmento de músculo, pelo qual é possível ver o fragmento boiando, o que indica a produção de gás. Para realizar o diagnóstico laboratorial também são utilizados pedaços de músculos contendo lesões ou esfregaços deles para efetuar a imunofluorescência direta. Ossos longos refrigerados também podem ser enviados para realização do isolamento da bactéria e inoculação em animais de laboratório (RIET-CORREA et al, 2007).

Controle e Profilaxia

Para o controle e profilaxia do Carbúnculo Sintomático é interessante que sejam adotadas medidas adequadas de manejo, incluindo cuidados com o ambiente principalmente em fazendas com histórico da doença e um programa eficiente de vacinação. Esse programa deve compreender duas doses subcutâneas, sendo a primeira aplicada aos 60 dias após o nascimento e a segunda quatro semanas antes do desmame ou já no período do desmame. Vale destacar que após a segunda dose, deve ser feito um reforço a cada ano (LOBATO et al., 2005).

Tratamento

O tratamento do Carbúnculo Sintomático muitas vezes é ineficaz por conta de a doença apresentar uma rápida evolução, resultando na morte de quase 100% dos animais acometidos. Todavia, uma alternativa é o uso de altas dosagens de Penicilina, juntamente com fluidoterapia de suporte. Nesse sentido, a JA Saúde Animal sugere o uso de Gentopen 20 milhões, uma associação bactericida de antimicrobianos, composta por Benzilpenicilina Potássica e Sulfato de Gentamicina, que atuam nos microrganismos gram-positivos e gram-negativos respectivamente, indicado no tratamento de infecções agudas e super agudas causadas por agentes sensíveis. Para mais detalhes acesse o nosso site!

 

Texto:

Juliana Ferreira Melo

Médica Veterinária / Jornalista

 

Referências

JONES, T. C., HUNT, R. D., KING, N. W., Patologia Veterinária, 6ª ed., cap. 10, p 423-428, Barueri, São Paulo, 1997.

LOBATO, F.C.F., Assis, R.A. Clostridioses dos animais. II Simpósio Mineiro de Buriatria, out. 2005

RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antônio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

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