Confira detalhes sobre essa afecção ocular altamente contagiosa, que pode acometer os bovinos, provocando lacrimejamento e fotofobia, dentre outros sinais clínicos!
Introdução
Você já ouviu falar em Pink Eye ou Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina? Uma doença infecciosa ocular que acomete os bovinos e que embora geralmente não cause a morte dos animais, é responsável por provocar vários prejuízos financeiros ao produtor. Esses prejuízos são decorrentes do incômodo, da cegueira temporária e da dificuldade dos animais em se alimentarem, fatores que têm como consequência a queda da produção leiteira e o comprometimento do ganho de peso (RADOSTITS et al., 2002).
A Ceratoconjuntivite Infecciosa é mais comum no verão, estando presente na maioria dos países. Além disso, os bovinos jovens são mais susceptíveis, entretanto cabe ressaltar que, animais de todas as idades podem ser acometidos. Podem ocorrer surtos graves principalmente entre animais confinados em alojamentos fechados (RADOSTITS et al., 2002).
Como ocorre a transmissão?
A doença é ocasionada pela bactéria Moraxella bovis, gram-negativa, que faz parte tanto da microbiota de animais sadios, quanto da microbiota de animais doentes, sendo dividida em cepas patogênicas e não patogênicas (TURNES; SANTOS, 2016). A transmissão entre os animais pode acontecer por agentes contaminados com corrimentos oculares e nasais infectados, como por exemplo através de moscas (vetores mecânicos), pela poeira (que também contribui para o ressecamento da córnea) e por meio da pastagem (pastos altos favorecem a ocorrência de ferimentos oculares) (RADOSTITS et al., 2002). É interessante destacar que a doença apresenta maior prevalência e maior incidência em animais jovens e de pele despigmentada (independente do sexo). Podem ocorrer surtos em épocas com a presença mais intensa de vetores, como a mosca, pois favorecem a disseminação do agente etiológico (RIET-CORREA et al., 2007).
Quais são os principais sinais clínicos?
Geralmente a Ceratoconjuntivite tem período de incubação de dois a três dias em média, com o aparecimento dos primeiros sinais clínicos após esse período. Inicialmente, é possível observar uma congestão dos vasos sanguíneos da córnea, edema da conjuntiva, além de um lacrimejamento aquoso intenso, fotofobia (sensibilidade extrema à luz) e blefaroespasmo (contração involuntária das pálpebras). Outros sinais podem ser encontrados mais adiante, como por exemplo febre leve ou moderada, redução no apetite e consequentemente queda na produção leiteira. Em seguida, é possível observar uma pequena opacidade no centro da córnea que pode se disseminar na superfície total da córnea, podendo evoluir para úlcera. Contudo, é comum que haja uma recuperação espontânea nessa fase (RADOSTITS et al., 2002).
Como diagnosticar e tratar a Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina?
O diagnóstico da doença normalmente é obtido através da identificação dos sinais clínicos nos animais. Para o diagnóstico definitivo é necessário realizar o isolamento e a caracterização da bactéria através da cultura ou da imunofluorescência de secreções oculares. Conforme mencionado, a Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina pode apresentar cura espontânea, sendo muitas vezes autolimitante. Entretanto, um tratamento adequado acelera a recuperação dos animais, previne a disseminação no rebanho e minimiza casos de lesões oculares irreversíveis (RADOSTITS et al., 2002).
As injeções subconjuntivais de antibióticos são alternativas que facilitam a ação do princípio ativo, em concentração adequada, na conjuntiva ocular do bovino, contudo há discussão quanto à eficácia desse procedimento (BROWN et al., 1998). Pode ser realizada terapia tópica em casos agudos e iniciais com pomadas e soluções oftálmicas também à base de antibióticos, porém por conta da necessidade de aplicação em intervalos frequentes, esse tipo de terapia torna-se impraticável a campo. Dessa forma, o tratamento parenteral é recomendado, sendo a Oxitetraciclina, um dos princípios ativos mais utilizados (RADOSTITS et al., 2002). Além disso, destaca-se também o uso do Florfenicol.
Nesse sentido, uma alternativa da JA Saúde Animal é a Tetra-micina, um produto à base de Oxitetraciclina, que apresenta amplo espectro de ação e administração em dose única por via intramuscular na dose de 1 mL/10 kg de peso vivo. A ação prolongada da Tetra-micina permite maior proteção e maior intervalo entre aplicações (caso seja necessário reaplicar o produto). Outra opção, que a JA oferece é o Vetflor, à base de Florfenicol, antibiótico de amplo espectro, pertencente ao grupo dos Cloranfenicóis. Vetflor deve ser administrado na dose de 1 mL/15 kg de peso vivo, em aplicação única, entretanto caso haja necessidade pode ser feita uma reaplicação após 48 horas. Para maiores orientações, consulte um Médico Veterinário e para outras informações sobre os nossos produtos, acesse o nosso site!
Texto:
Juliana Ferreira Melo
Médica Veterinária / Jornalista
Referências Bibliográficas
BROWN, M.H.; BRIGHTMAN, A.H., FENWICK, B.W. et al. Infectious Bovine Keratoconjunctivitis: A Review. Journal Veterinary Internal Medicine, v.12, 1998.
RADOSTITS, O. M.; GAY, Clive C.; BLOOD, Douglas C.; HINCHCLIFF, Kenneth W.Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 1737 p.
RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.
TURNES, C. G.; SANTOS, J. R. G. Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina. In: MEGID, J; RIBEIRO, M. G.; PAES, A. C. Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Rio de Janeiro: Roca, 2016. cap. 5, p. 71-73.