Nos últimos anos a pecuária leiteria evoluiu muito e com isso ocorreu aumento considerável na produção leiteira (Bruno, 2010). A seleção de animais através dos programas de melhoramento genético fez com que a produção atual, em comparação com a década de 40, fosse quase cinco vezes maior (Bruno, 2010; Santos et al. 2002). Esse aumento considerável da produção, juntamente com outros fatores, como aumento da demanda energética no final da gestação e a baixa ingestão da matéria seca nesse período, faz com que as vacas leiteiras tenham predisposição para diversas doenças metabólicas no pós-parto, dentre elas a hipocalcemia (Bruno, 2010).
Grande parte das vacas leiteiras apresentam algum grau de Hipocalcemia no período pós-parto, podendo manifestar-se de forma clínica ou não. Parte das fêmeas nesse período não conseguem manter a homeostasia do Cálcio, não sendo capazes de sustentar os níveis ideais desse mineral no sangue e, consequentemente, sofrem de Hipocalcemia clínica severa (França, 2013).
A ausência de níveis adequados de Cálcio no organismo é preocupante, pois esse mineral é responsável pelo funcionamento de diversos tecidos e processos fisiológicos dos animais, como a formação dos ossos, contração muscular, transmissão nervosa, coagulação sanguínea, entre outros (Horst, 1986). Clinicamente falando, os níveis deprimidos desse mineral no sangue são responsáveis por manifestar sinais clínicos por até 72 horas após o parto, sendo os principais a permanência do animal em decúbito dorsal e posteriormente lateral, além de tremores musculares, excitação, anorexia, ataxia, perda da consciência e até a morte (Jacques, 2011).
A Hipocalcemia, popularmente conhecida como Febre do Leite, também está associada a outras enfermidades como distocia, prolapso uterino, retenção de placenta, endometrite, mastite, deslocamento de abomaso, cetose, entre outras (França, 2013; Horst et al., 1986). Como prevenção indica-se um controle meticuloso da dieta das vacas no período de transição, ou seja, durante as três semanas anteriores e posteriores ao parto. Nesse contexto, deve-se evitar a ingestão excessiva de Cálcio nas duas semanas anteriores ao parto, pois o organismo das vacas que ingeriram grande quantidade de Cálcio no pré-parto produz baixa quantidade de Paratormônio no pós-parto, que é o hormônio responsável por aumentar o Cálcio no sangue (Jacques, 2011). Como na prática é complicado regular o Cálcio da dieta, uma alternativa é ajustar a “relação Cálcio: Fósforo” da dieta para “1”, através da adição de Fosfato de Sódio na dieta (Gonzáles, 2006).
Outra alternativa para a prevenção da Febre do Leite no rebanho é o uso de dietas aniônicas duas semanas anteriormente ao parto, pois dessa forma há a indução de uma leve acidose metabólica, resultando no aumento dos níveis de Paratormônio e Vitamina D3 e consequentemente no aumento dos níveis de Cálcio no sangue (Jacques, 2011).
Mesmo com a utilização destes métodos preventivos, a doença pode se manifestar principalmente em rebanhos de alta produção leiteira. Nesses casos o tratamento é imprescindível, sendo indicado a administração intravenosa lenta de uma fonte de Cálcio, podendo ser o Gluconato de Cálcio 20%, na dose de 1 mL/kg (Radostits, 2002). A administração de Cálcio intravenoso pode ser utilizada na propriedade não só como forma de tratamento, mas também como protocolo preventivo, aplicando a solução de Cálcio em todas as vacas recém-paridas.
A indicação da J.A para a reposição do Gluconato de Cálcio é o uso do Turbo Cálcio, produto completo para o tratamento e prevenção da Hipocalcemia e outras doenças características do pós-parto, como Cetose e Toxemia Puerperal. Turbo Cálcio é a solução mais indicada para as vacas no pós-parto, pois é um produto completo que atua como repositor de minerais, suplemento energético além de ser protetor hepático.
Autores:
Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu – Médico Veterinário e Fundador da J.A Saúde Animal
M.V. Eduardo Henrique de Castro Rezende – J.A Saúde Animal
Referencias:
Horst, R.L. (1986). Regulation of calcium and phosphorus homeostasis in the dairy cow. J. Dairy Sci., 69, 604.
FRANÇA, RomÃo da Cruz. HIPOCALCEMIA SUBCLÍNICA NA VACA LEITEIRA. 2013. 50 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2013.
Santos, José E.P., Juchem, S. O., Galvão, K. N., & Cerri, R. L. A. (2002). Transition Cow Management to Reduce Metabolic Diseases and Improve Reproductive Management (pp. 28–44). Tulare, California.
Bruno, R. G. S. (2010). Nutrition and Reproduction in Modern Dairy Cows (pp. 51–56).
GONZÁLEZ, F. H. D.; SILVA, S. C. Introdução à bioquímica clínica veterinária. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2006. p. 213-226.
RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 1278-1297.
JACQUES, Felipe Eduardo Seminoti. Hipocalcemia puerperal em vacas de leite. 2011. 22 f. Monografia (Especialização) – Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.