DOENÇA DO PÓS PARTO EM BOVINOS
A bovinocultura de leite do Brasil tem grande destaque na economia do agronegócio, tendo muita relevância o total produzido em pequenas propriedades (WINCK et al., 2011). Existem diversas dificuldades enfrentadas por produtores de leite, com destaque para as doenças metabólicas, que irão atingir os rebanhos tanto no pré quanto no pós-parto, frequentemente causando queda na produção de leite, além de outras inúmeras perdas econômicas (ALVARENGA et al., 2015).
O período de transição, que nada mais é do que as três semanas que antecedem o parto e as três semanas após (DRACKLEY, 1999), é o estágio mais desafiante da bovinocultura de leite (GRUMMER, 1995). Conseguir manter os níveis fisiológicos dos minerais e a produtividade neste período é uma das tarefas mais difíceis para o setor leiteiro de alta produtividade, pois 75% das patologias no gado de leite ocorrem em torno do primeiro mês pós parto (LEBLANC et al., 2006).
As síndromes metabólicas causam altos prejuízos na atividade em todo o mundo, com destaque para a hipocalcemia, sendo a mais frequente em toda a propriedade que tem o leite como sua principal atividade. Pode estar diretamente relacionada ao número de lactações, idade, genética, alta produção leiteira e dietas deficientes em minerais (RADOSTITS et al., 2002).
A hipocalcemia é uma patologia de grande relevância dentre as enfermidades metabólicas do pós-parto, devido a redução da produtividade, predisposição a outras enfermidades, custos com tratamentos e assistência veterinária. A sua manifestação subclínica é a de maior importância, pois ocorre com maior frequência e pode passar despercebido para os proprietários e retireiros (GOFF, 2008).
Na forma clínica, os sinais observados são: falta de apetite, contrações musculares constantes, bloqueio da micção e defecação, paralisia flácida, atonia ruminal, taquicardia, hipotermia, tetania, fraqueza muscular geral, coma, podendo avançar até para morte se não for tratada corretamente em tempo hábil (SPINOSA, 2017). Seu diagnóstico é basicamente clínico, realizado através da anamnese, histórico, exame físico do animal e com respostas satisfatórias ao protocolo terapêutico (RADOSTITS et al., 2006).
De acordo com Spinosa (2017) e Arioli e Corrêa (1999), o tratamento para os casos de hipocalcemia são baseados na manifestação clínica do animal acometido, devendo-se priorizar animais com sintomas agudos e graves. Os produtos de eleição são aqueles à base de cálcio, devendo ser administrados por via intravenosa lenta, já que há risco de taquicardia intensa em aplicações muito rápidas. A maior parte dos casos tratados com medicamentos eficazes e no momento adequado terão resultados satisfatórios, sendo notado a melhora do quadro clínico imediatamente após a aplicação do produto (RADOSTITS et al., 2006).
A JA Saúde Animal sugere como tratamento da hipocalcemia ou febre do leite a aplicação do Turbo Cálcio, um produto fortificante que possui em sua composição repositores minerais (Gluconato de Cálcio, Glicerofosfato de Cálcio, Cloreto de Magnésio), energia (Sorbitol) e protetor hepático (Cloridrato de Tiamina (Vit. B1), DL Metionina, DL Acetil Metionina). Para complementar o tratamento, pode-se associar com o Catofós® B12, outro fortificante à base de Fósforo Orgânico (Butafosfan) e Vitamina B12, que atua como estimulante do metabolismo energético, estimulante do apetite e redutor do estresse, funções desejáveis para reduzir os impactos negativos dessa enfermidade.
Autores:
M.V. Guilherme Luiz Gomes da Silva
Médico Veterinário – JA Saúde Animal
M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal
Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu
Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal
Referências bibliográficas:
ALVARENGA, E. A; MOREIRA, G. H. F. A; FILHO, E. J. F; LEME, F. O. P; COELHO, S. G; MOLINA, L. R; LIMA, J. A. M; CARVALHO, A. U. Avaliação do perfil metabólico de vacas da raça Holandesa durante o período de transição. Pesquisa Veterinária Brasileira. 35 (3): 281-290. 2015.
ARIOLI, E. L., CORRÊA, P. H. S. Hipocalcemia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 43(6), pp.467-471. 1999.
DRACKLEY, J. K. Biology of dairy cows during the transition period: the final frontier? Journal of Dairy Science, v. 82, p. 2259 – 2273. 1999.
GOFF, J. P. The monitoring, prevention, and treatment of milk fever and subclinical hypocalcemia in dairy cows. The Veterinary Journal, v. 176, n. 1, p.50-57, 2008.
GRUMMER, R. R. Impact of changes in organic nutrient metabolism on feeding the transition dairy cow. Journal of Dairy Science, v. 73, p. 2820 – 2833. 1995.
LEBLANC, S. J; LISSEMORE, K. D; KELTON, D. F; DUFFIELD, T. F; LESLIE, K. E. Major advances in disease prevention in dairy cattle. Journal of Dairy Science. v. 89, p. 1267 – 1279. 2006.
RADOSTITS. O. M, GAY. C. C, BLOOD. D. C E HINCHCLIFF. K. W, Clínica Veterinária: um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Caprinos e Equinos, – 9. Ed. Páginas 1284 a 1290. Editora Guanabara Koogan, 2002.
RADOTITS O. M. Parturient paresis (milk fever). Veterinary Medicine. Saunders Elsevier, Philadelphia, 10 ed. p. 1626-1644, 2006.
SPINOSA, H. S., GÓRNIAK, S. L., BERNADI, M. M. Farmacologia Aplicada à medicina Veterinária – 6. Ed. 972p – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
WINCK, C. A; LEONARDI, A; GIANEZINI, M; CLANDIO, F. R; MACHADO, J. A. D. Produção de leite no Brasil: qualidade, mercado internacional e agricultura familiar. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia [internet]. 5(32): 23 p. Acesso em 13 de out 2020. Disponível em:
https://www.academia.edu/4256991/Produ%C3%A7%C3%A3o_de_leite_no_Brasil_qualidade_mercado_internacional_e_agricultura_familiar. 2011.