Mastite Ambiental: principais microrganismos causadores

Coliformes e Estreptococos ambientais são os principais grupos de microrganismos responsáveis por esse tipo de Mastite. Conheça os detalhes no artigo a seguir!

Introdução

Mastite é um processo inflamatório da glândula mamária muito comum em bovinos e que impacta bastante a produção leiteira, acarretando prejuízos para a bovinocultura que vão desde a queda da produtividade, o descarte do leite, aumento dos gastos referentes a medicamentos, atendimento veterinário e mão-de-obra, até a perda precoce dos animais (ZARAGOZA et al., 2011). Os microrganismos causadores da afecção são divididos de acordo com a forma de transmissão e o local onde são comumente encontrados, sendo classificados em contagiosos ou ambientais (SANTOS; FONSECA, 2019). Os ambientais, provocam a chamada Mastite Ambiental, foco desse artigo.

Principais microrganismos causadores da Mastite Ambiental

Os coliformes e os Estreptococos ambientais são os principais grupos de microrganismos causadores da Mastite Ambiental. Eles são considerados agentes oportunistas, que frequentemente provocam quadros transitórios, na maioria das vezes casos clínicos, que vão resultar em queda brusca da produção de leite, ou até mesmo, na morte das vacas acometidas (SANTOS; FONSECA, 2019).

Os coliformes são bacilos gram-negativos, que são encontrados e multiplicam-se naturalmente no trato gastrintestinal das vacas e na matéria orgânica presente no ambiente. Desta forma, novas infecções começam de maneira oportunista, quando o canal do teto entra em contato com o ambiente contaminado, principalmente quando há acúmulo de lama, barro ou esterco. Além disso, vacas no início da lactação e com maior produção de leite são mais predisponentes à Mastite Ambiental. Dentre os coliformes, destacam-se Escherichia coli, Klebsiella spp. e Enterobacter spp. (SANTOS; FONSECA, 2019).  

Já entre os estreptococos ambientais é possível citar Streptococus uberis, bactéria gram-positiva, causadora tanto de Mastite clínica, quanto subclínica, sendo transmitida do ambiente para a vaca. Sua presença é muito frequente na maioria dos rebanhos por conta da sua capacidade de invadir o tecido mamário. Além disso, destaca-se Streptococus dysgalactiae, outra gram-positiva (SANTOS; FONSECA, 2019).  

Diagnóstico da Mastite Ambiental

Na Mastite Ambiental, os animais apresentam sinais clínicos evidentes, portanto, o diagnóstico pode ser obtido simplesmente pela observação dessas alterações. Incialmente, é perceptível pelo ordenhador, presença de dor local e sinais de inflamação. Mais adiante, o quadro pode evoluir para febre, desidratação, fraqueza e perda de apetite. Como alternativa diagnóstica deve ser feito o teste da caneca telada ou de fundo preto periodicamente, para a observação de possíveis grumos nos primeiros jatos de leite. A formação desses grumos mostra que há acúmulo de leucócitos (células de defesa), o que indica a presença de um caso clínico de mastite (MULLER, 2002).

Formas de controle da Mastite Ambiental

De forma geral, a principal forma de controle da Mastite provocada por agentes ambientais é reduzir a contaminação dos tetos pelo ambiente, especialmente na maternidade e nas instalações de vacas secas. Uma rotina de ordenha bem-feita também é imprescindível para o controle e prevenção da Mastite Ambiental. Com o objetivo de eliminar patógenos presentes no teto, deve ser realizado o pré-dipping de maneira correta, utilizando produtos de qualidade e esperando o tempo suficiente para ação. Vacas só devem receber o equipamento de ordenha com os tetos bem limpos e secos.

Outras medidas também são importantes, dentre elas: pós-dipping com soluções concentradas e boa fixação, diminuir o excesso de lotação dos animais em áreas de alojamentos das vacas em lactação, manutenção correta dos equipamentos de ordenha, oferta de nutrição mineral e vitamínica adequada, aplicação de selante nos tetos no momento da secagem e vacinação (SANTOS; FONSECA, 2019).  Outra ação importante é fornecer alimentação de qualidade com o objetivo de mantê-las em pé por mais tempo após a ordenha, evitando que elas se deitem no ambiente contaminado antes que ocorra o correto fechamento dos esfíncteres dos tetos.

Tratamento da Mastite Ambiental

Considerando o risco que a enfermidade representa ao animal, com características septicêmicas, o tratamento da Mastite Ambiental deve ser iniciado de forma imediata, utilizando altas doses de antimicrobiano de amplo espectro, em intervalos curtos, por via intravenosa. Ao mesmo tempo, o tratamento de suporte é necessário, com administração de anti-inflamatório, fornecimento de hidratação (soro) e glicose.

Diante disso, uma excelente alternativa antimicrobiana da JA é o Gentopen, composto do Benzilpenicilina Potássica e Sulfato de Gentamicina, sendo indicado para o tratamento de infecções agudas e superagudas, como é o caso da Mastite Ambiental. Recomenda-se o uso de um frasco para um animal adulto de aproximadamente 500 kg, de 12 em 12 horas (por via intravenosa ou intramuscular), durante o período de no mínimo 3 dias. Para evitar que ocorra toxemia, pode ser feito o uso de um anti-inflamatório antiendotóxico, como o Flunixin Meglumine (Flumax – 20 mL/dia, durante três dias por via intramuscular), a critério do Médico Veterinário.

Recomenda-se como suporte o uso de mais um produto JA Saúde Animal, o Glicoton B12, à base de Glicose 50% e Vitamina B12. Com alta concentração de glicose em sua fórmula, Glicoton B12 confere maior eficácia na reposição energética, além disso, a Vitamina B12 presente em sua fórmula contribui para o aumento do apetite do animal. O produto deve ser administrado por via intravenosa, uma vez ao dia, por até quatro dias, a critério do Médico Veterinário. Para mais informações sobre o portfólio de produtos JA Saúde Animal, acesse o nosso site!

Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

Referências Bibliográficas

MÜLLER, E.E. Qualidade do leite, células somáticas e prevenção da mastite. In: SANTOS, G.T.; JOBIM, C.C.; DAMASCENO, J.C. Sul-Leite: Simpósio sobre sustentabilidade de pecuária leiteira na região sul do Brasil, Anais… Maringá: UEM/CCA/DZO- NUPEL, p. 206 – 217, 2002.

SANTOS, Marcos Veiga dos; FONSECA, Luis Fernando Laranja da. Controle da mastite e qualidade do leite: desafios e soluções. . São Paulo: Edição dos autores. . Acesso em: 03 jul. 2023. , 2019.

SILVA, Bárbara Priscila Pereira da; TIBOLLA, Tiago da Silva; ROSA, Gabriela Cristina Zucchi da; MILLEZI, Alessandra Farias. O impacto da mastite na reprodução de vacas de leite: uma revisão bibliográfica. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://crmvsc.gov.br/arquivos/artigo-o-impacto-da-mastite-na-reproducao-de-vacas-de-leite.pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.

ZARAGOZA, C.S.; OLIVARES, R. A. C., WATTY, A. E. D., MOCTEZUMA, A. P., TANACA, L. V. YEAST isolation from bovine mammary glands under different mastitis status in the Mexican High Plateu. Revista Iberoamericana de Micología, v.28, p.79-82, 2011.

Você também pode gostar…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *