Você já ouviu falar em premunição? Conceito que se refere à capacidade do sistema imunológico de um organismo em desenvolver defesas mais rápidas e eficazes após a exposição a um determinado agente. Confira detalhes a seguir!
Introdução
A pecuária desempenha um papel fundamental na economia mundial, sendo fonte de alimentos de origem animal, como carne e leite. No entanto, a saúde do rebanho bovino é constantemente ameaçada por uma série de doenças que ocasionam queda na produção, diminuição no ganho de peso e gastos com tratamento, sendo a Tristeza Parasitária Bovina (TPB) uma das mais comuns. A afecção é definida como um complexo hemoparasitário causado por um ou mais agentes infecciosos, como por exemplo: Babesia bovis e Babesia bigemina (protozoários), responsáveis pela Babesiose e Anaplasma maginale (riquétsia), causadora da Anaplasmose, que podem acometer o bovino de forma associada ou isolada (SANTOS, 2019).
Transmissão e sinais clínicos da TPB
O carrapato é o principal vetor da Tristeza Parasitária Bovina, uma vez que é responsável por transmitir tanto a Babesia, quanto a Anaplasma (que também podem ser transmitidas por moscas, mosquitos hematófagos, transfusões de sangue, cirurgias e vacinações) (SACCO, 2002). Na Babesiose, os sinais clínicos costumam aparecer de 8 a 16 dias após a infecção e incluem febre, perda de apetite, apatia, anemia, icterícia e eliminação de urina com a presença de hemoglobina (hemoglobinúria). É importante destacar que na Babesiose causada pela Babesia bigemina, a hemoglobinúria é uma ocorrência comum, enquanto na Babesiose por Babesia bovis, podem surgir sinais neurológicos devido à localização do protozoário nos vasos sanguíneos do cérebro.
Por outro lado, a Anaplasmose tem um período de incubação mais longo e os sinais clínicos que são semelhantes aos da Babesiose, geralmente se manifestam entre 20 e 45 dias após a infecção. Os animais infectados apresentam sinais semelhantes aos da babesiose, porém mais brandos e crônicos, podendo causar abortamento. Vale ressaltar que, ao contrário da Babesiose, a hemoglobinúria não é um sinal clínico observado na Anaplasmose (SAUERESSIG, 1995).
Como funciona a Premunição?
A origem do termo “premunir” se deriva das palavras “prae” = antes e “munire” = modo de defesa. Portanto, a premunição envolve essencialmente o fortalecimento do sistema imunológico, tornando-o resistente a agentes patogênicos específicos (SERGENT et al., 1924 apud DIERINGS e WILMSEN, 2021). Essa indução da imunidade coinfecciosa é feita através da inoculação do sangue de animais infectados com agentes da Tristeza Parasitária, seguida de tratamento na fase aguda da doença (DIERINGS e WILMSEN, 2021). Inicialmente é realizada a colheita do sangue do animal doador parasitado, em seguida esse sangue pode ser refrigerado por 12 a 24 horas para atenuação e por fim é aplicado no receptor, animal que desejamos obter a premunição (SANTOS et al., 2019 apud DIERINGS e WILMSEN, 2021).
Conheça Imidovet da JA Saúde Animal!
Imidovet é o novo hemoparasiticida da JA Saúde Animal, à base de Dipropionato de Imidorcarb, que age simultaneamente contra os hemoprotozoários Babesia bovis, Babesia bigemina e contra a riquétsia Anaplasma marginale, agentes envolvidos na Tristeza Parasitária Bovina. O produto deve ser administrado pela via subcutânea ou intramuscular, devendo o protocolo ser estabelecido de acordo com a enfermidade (Tabela 1) e a finalidade envolvidas, sempre a critério do Médico Veterinário.
Tabela 1. Doses recomendadas de acordo com as espécies e as enfermidades.
Imidovet pode ser utilizado no protocolo de premunição dos bezerros recém-nascidos da seguinte forma:
Dia 01 de cada mês: Coletar sangue de uma vaca adulta sadia mantida a pasto com uma seringa heparinizada e aplicar 5 mL subcutâneo em cada bezerro nascido no mês anterior.
Dia 08 de cada mês: Aplicar 0,5 mL de Imidovet subcutâneo em cada bezerro que foi inoculado o sangue. Caso o bezerro apresente febre e inapetência em torno do 10º dia após a inoculação, recomenda-se a aplicação de 3 mL Ganavet Plus (babesicida e antitérmico à base de Diminazeno e Fenazona) intramuscular.
Dia 28 de cada mês: Aplicar 1,0 mL de Imidovet subcutâneo em cada bezerro que foi inoculado o sangue. Se por volta do 30º dia após a inoculação o bezerro apresentar febre e inapetência, recomenda-se a aplicação de 5 mL Diclotril, um antimicrobiano de amplo espectro à base de Enrofloxacina, associado à um anti-inflamatório, o Diclofenaco de Sódio.
É importante destacar que a premunição deve ser realizada entre o primeiro e o segundo mês de vida, aproveitando a imunidade conferida pela colostragem. Esse protocolo também pode ser realizado em animais adultos em situação de risco como vacas leiteiras confinadas que serão transferidas para piquete no período seco ou animais que serão transportados para propriedades com alto desafio. Para mais detalhes acesse o protocolo completo e para informações sobre os produtos JA Saúde Animal acesse o nosso site!
Texto:
Juliana Ferreira Melo (Médica Veterinária / Jornalista)
Referências Bibliográficas
DIERINGS, Carla Andressa; WILMSEN, Maurício Orlando. Tristeza Parasitária Bovina: Revisão. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 56247-56263 jun. 2021. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/31004/pdf. Acesso em: 02 out. 2023.
SACCO, Ana Maria Sastre. Profilaxia da Tristeza Parasitária Bovina: Por quê, quando e como fazer.Bagé, RS: Embrapa, 2002. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/55691/1/CR28-02.pdf. Acesso em: 24 fev. 2022.
SANTOS,L. R. dos; GASPAR, E. B.; BENAVIDES, M. V.; TRENTIN, G. Tristeza Parasitária Bovina – Medidas de Controle Atuais. In: Carrapatos na cadeia produtiva de bovinos. Brasília, DF: Embrapa, 2019. Cap. 6, p. 87-97. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/194271/1/Tristeza-parasitaria-bovina.pdf. Acesso em: 20 set. 2023.