O Tétano, uma doença infecciosa de distribuição mundial, acomete várias espécies de animais, principalmente os equinos. Conheça detalhes no texto a seguir!
Introdução
O Tétano é uma doença infecciosa provocada por toxinas produzidas pela bactéria Clostridium tetani, sendo altamente fatal e caracterizada por rigidez muscular, convulsões e morte por parada respiratória. Pode acometer todas as espécies de animais de interesse zootécnico, entretanto a suscetibilidade varia, sendo os equinos os mais vulneráveis.
Nesta espécie, a letalidade varia de acordo com as áreas, ou seja, em algumas localidades praticamente todos os animais morrem de forma aguda e em outras a taxa permanece por volta dos 50%. O Clostridium tetani é encontrado no conteúdo intestinal dos animais e é eliminado pelas fezes, permanecendo no solo na forma de esporos (que são resistentes a muitos métodos de desinfecção). Esses esporos que estão presentes no solo e nas fezes dos animais encontram portas de entradas como feridas penetrantes e profundas, causadas por exemplo por cura malfeita de umbigo, castrações em conjunto, colocação de brincos ou vacinações (RIET-CORREA et al, 2007).
Sinais Clínicos
Os sinais clínicos da enfermidade compreendem basicamente a estimulação excessiva do sistema nervoso, incluindo andar rígido, contrações involuntárias dos músculos faciais e da mastigação, prolapso de terceira pálpebra (que consiste na exposição da pálpebra no canto medial do olho), cauda em bandeira (elevada), opistótono (corpo rígido e pescoço arqueado para trás, com hiperextensão da cabeça), trismo mandibular (mandíbula travada com dificuldade na apreensão dos alimentos e mastigação), posição de cavalete (membros rígidos, eretos e afastados), sudorese e todos os reflexos exacerbados (REICHMANN et al., 2008; GREEN et al., 1994; RADOSTITS et al., 2002; MACKAY; TETANUS, 2009). O prognóstico da doença depende de vários fatores e os animais que conseguem sobreviver por mais de 7 dias, podem apresentar recuperação completa (RIET-CORREA et al., 2007).
Diagnóstico
O diagnóstico do Tétano é realizado pelo exame clínico e pela análise dos dados epidemiológicos. A presença de espasmos musculares, prolapso de terceira pálpebra e histórico recente de lesão acidental ou cirúrgica caracterizam a doença, embora ela possa ser confundida com outras no estágio inicial. Além disso, pode ser feito diagnóstico laboratorial através de esfregaços de materiais retirados da ferida, utilizando a técnica de imunofluorescência, apesar de não ser viável a campo (RIET-CORREA et al., 2007).
Tratamento e Profilaxia
O tratamento para o Tétano visa eliminar a bactéria, neutralizar as toxinas e relaxar a musculatura para evitar que ocorra asfixia dos animais (REICHMANN et al., 2008; GREEN et al., 1994; RADOSTITS et al., 2002; MACKAY; TETANUS, 2009; AHMADSYAH; SALIM, 1985). Recomenda-se a drenagem e limpeza do ferimento a fim de eliminar o microrganismo, administração parenteral de Penicilina G Potássica (22.000 UI/KG) ou Penicilina G procaína (via intramuscular) (22.000 UI/kg).
É importante promover o relaxamento da tetania muscular através da sedação ou de relaxantes musculares e manutenção do paciente em baia tranquila (sem barulhos e ruídos) e escura, as orelhas podem ser tampadas com algodão e a hidratação precisa ser mantida. Recomenda-se a aplicação de soro antitetânico até 200.000 UI (dependendo da indicação do Médico Veterinário). Como sugestão na terapia antimicrobiana, a JA Saúde Animal recomenda o uso de Gentopen 20 Milhões, um produto à base de Penicilina G Potássica e Gentamicina, que possui ação imediata. A dose indicada é de 1 mL para cada 12,5 kg de peso corpóreo, de 12 em 12 horas, por 3 a 5 dias, a critério do Médico Veterinário.
Como medida profilática sugere-se o cuidado com a higiene e desinfecção ao realizar cirurgias como castrações, atentando-se aos locais onde devem ser colocados os animais no pós-operatório. É indicada também a vacinação anual de todos os animais acima de quatro meses de idade.
Texto:
Juliana Ferreira Melo
Médica Veterinária / Jornalista
Referências
Ahmadsyah I, Salim A. Treatment of tetanus: an open study to compare the efficacy of procaine penicillin and metronidazole. Brit. Med. Jour. 1985; 291: 648-650.
Green SL, Little CB, Baird JD, Tremblay RRM, Smith-Maxie LL. Tetanus in the horse: a review of 20 cases (1970 to 1990). J. Vet. Int. Med. 1994; 8:128-132.
MacKay RJ. Tetanus. In: Smith BP. Large Animal Internal Medicine. 4 ed. St. Louis: Elsevier, 2009. p. 996-998.
QUINN, P.J. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005.
Radostits OM, Gay CC, Blood DC, Hinchcliff, KW. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.; 2002.
Reichmann P, Lisboa JAN, Araujo RG. Tetanus in Equids: A Review of 76 Cases. J. Eq. Vet. Sci. 2008; 9:518-523.
RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.
LIMA, Jorge Tibúrcio Barbosa, et al. Tétano em equino- relato de caso. In: JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, nº 8, Recife/PE. 2013.