Toxemia da prenhez em pequenos ruminantes

Toxemia da prenhez em pequenos ruminantes

                A ovino e caprinocultura vem sofrendo mudanças significativas nos últimos anos, devido à grande expansão dos mercados interno e externo, tanto na venda de animais como no consumo da carne e produtos derivados (SOUTO, 2013). Por sua vez, alterações no manejo nutricional são necessárias para que o animal aumente sua produção, seja em leite ou carne. O fornecimento de dietas não balanceadas e/ou de má qualidade pode resultar no aparecimento de enfermidades nutricionais como: acidose ruminal, laminite, polioencefalomalácia, urulitíase obstrutiva, além de alterações metabólicas como a toxemia da prenhez (TP) (CAMPOS et al., 2010).

            Conforme descrito por Ortolani & Benesi (1989), uma das principais alterações metabólicas de ovinos e caprinos é a toxemia da prenhez. Essa enfermidade é conhecida como cetose ou doença dos cordeiros gêmeos, uma alteração que ocorre em ovelhas e cabras no terço final de gestação (SMITH, 1990; HARMEYER & SCHLUMBOHM, 2006), com predileção por fêmeas com gestação gemelar, sendo menos comum em fêmeas gestando somente um feto (ORTOLANI & BENESI, 1989; ANDREWS, 1997; HARMEYER & SCHLUMBOHM, 2006).

            Em um estudo realizado por Ortolani (2014), os animais que mais apresentam a TP são fêmeas com mais de três gestações, sendo uma alteração de animais mais velhos. Segundo Brozos et al (2011), esta síndrome citada tem maior ocorrência em ovelhas, mostrando que as cabras são mais resistentes. As fêmeas que apresentam esse quadro poderão vir a óbito, além do fato da alta incidência de mortalidade nos recém-nascidos (em torno de 90%), de modo que os sobrevivem, nascem pequenos e fracos (SARGISON, 2007).

            O período gestacional exige alta demanda energética, sendo a glicose, a base da fonte de energia para o desenvolvimento fetal (CERRILA & MARTÍNEZ, 2003). Essa demanda energética ocorre especialmente no terço final de gestação, quando o feto tem maior desenvolvimento, atingindo aproximadamente 80% do seu crescimento (GONZÁLEZ, 2000; PUGH, 2005; LIMA ET AL., 2012).

            O período em que o animal apresenta os sinais clínicos, pode variar de 12 horas a uma semana pré-parto, com manifestações precoces nas fêmeas obesas (SMITH & SHERMAN, 2009). No início da doença as fêmeas apresentarão diminuição do apetite e se afastara dos demais animais do rebanho. Conforme a progressão do quadro clínico irão apresentar apatia, cegueira, ranger dos dentes, fasciculações, sialorreia além de sintomas mais tardios como ataxia progressiva e fraqueza, podendo se tornar bem evidentes (ANDREWS, 1997; SMITH, 1990). Assim, os animais que não são diagnosticados e tratados rapidamente vão evoluir para decúbito e dispneia, podendo vir a óbito em pouco tempo (ANDREWS, 1997; SARGISON, 2007).

            Brozos et al. (2011) cita que o tratamento indicado segue dois princípios básicos: o primeiro preconiza a indução do parto ou realização de cesariana para remoção do feto, pois ele vai carecer cada vez mais de fonte de energia para seu desenvolvimento, até chegar o momento do nascimento. O segundo princípio é o da reposição de fontes de energia, para que a fêmea reestabeleça seu parâmetro fisiológico.

            Segundo Schild (2007), para o tratamento sistêmico da toxemia da prenhez é utilizado glicose a 10-20% pela via intravenosa, com administração lenta, podendo ser associada a complexos vitamínicos do complexo B para estimular a ingestão alimentar. É preconizada também a utilização de Cianocobalamina (Vitamina B12) por ser adjuvante a glicogênese.

            A JA Saúde Animal sugere como tratamento da toxemia da prenhez (TP) a associação de dois produtos, Glicoton® B12, formulação à base de Glicose e Vitamina B12, e Catofós®B12, um produto à base de Butafosfan (Fósforo orgânico) e Cianocobalamina (Vitamina B12). O diferencial desses produtos é corrigir o balanço energético negativo através da Glicose advinda do Glicoton, aliado a aceleração do metabolismo energético promovido pelo Catofós B12.

 

 

Autores:

M.V. Guilherme Luiz Gomes da Silva

Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 

M.V. Eduardo de Castro Rezende

Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu

Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

 

Referências bibliográficas:

 

ANDREWS, A. Pregnancy toxaemia in the ewe. In Practice, v. 19, n. 6, p. 306- 314, 1997.

 

BROZOS, C.; MAVROGIANNI, V. S.; FTHENAKIS, G. C. Treatment and control of peri-parturient metabolic diseases: pregnancy toxemia, hypocalcemia, hypomagnesemia. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 27, n. 1, p. 105-113, 2011.

 

CAMPOS, Anne Grace et al. Estudo clínico-laboratorial da toxemia da prenhez em ovelhas: análise retrospectiva. Ciência Animal Brasileira, v. 11, n. 3, p. 623-628, 2010.

 

CERRILLA, M. Esther Ortega; MARTÍNEZ, Germán Mendoza. Starch digestion and glucose metabolism in the ruminant: A review. INTERCIENCIA-CARACAS, v. 28, n. 7, p. 380-386, 2003.

 

GONZÁLEZ, Félix HD et al. Perfil metabólico em ruminantes. Seu uso em nutrição e doenças nutricionais. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2000.

 

HARMEYER, J.; SCHLUMBOHM, Christina. Pregnancy impairs ketone body disposal in late gestating ewes: Implications for onset of pregnancy toxaemia. Research in veterinary science, v. 81, n. 2, p. 254-264,2006.

 

LIMA, Miguel S.; PASCOAL, Rita A.; STILWELL, George T. Glycaemia as a sign of the viability of the foetuses in the last days of gestation in dairy goats with pregnancy toxaemia. Irish veterinary journal, v. 65, n. 1, p. 1, 2012.

 

ORTOLANI, E.L., Toxemia da prenhez em pequenos ruminantes: como reconhecê-la e evitá-la. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos901/toxemia-prenhez ruminantes/toxemia prenhez- ruminantes.shtml acesso em 03 de Nov. de 2020.

 

PUGH, D. G. Clínica de ovinos e caprinos. Editora Roca, 2005.

 

SARGISON, N.D. Pregnancy toxaemia. In: AITKEN, I.D. Diseases of Sheep. 4ed. Oxford: Blackwell Publishing, p. 359-363. 2007.

 

SCHILD, A. L. Cetose. Doenças dos Ruminantes e Eqüinos, v. 2, 2007.

 

SMITH, B. P. (Ed.) Moléstias do sistema hepatobiliar. In: Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. Manole, São Paulo. p.863-867, 1990.

 

SMITH, B. P. Moléstias do sistema hepatobiliar. In: Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. Manole, São Paulo. p.863-867, 1990.

 

SMITH, M. C.; SHERMAN, D. M. Nutrition and Metabolic Diseases. Goat Medicine, Second Edition, p.758 – 761, 2009.

 

SOUTO, R. J. C et al. Achados bioquímicos, eletrolíticos e hormonais de cabras acometidas com toxemia da prenhez. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 33, n. 10, p. 1174-1182, 2013.

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