Toxemia da Prenhez em pequenos ruminantes

A Toxemia da Prenhez é uma afecção metabólica ocasionada pelo balanço energético negativo, muito comum em pequenos ruminantes em terço final de gestação. Confira detalhes no texto a seguir!

Introdução

Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (2020), divulgada pelo IBGE, no ano de 2020 houve um crescimento de 40% no rebanho caprino e 33% no rebanho ovino no Brasil, 12,1 milhões e 20,66 milhões de cabeças, respectivamente. Diante esse crescimento e a expansão do mercado, é importante que haja atenção quanto às doenças que mais afetam a saúde desses animais. A Toxemia da Prenhez é uma das que merece destaque.

A doença também é conhecida como Cetose ou Doença dos Cordeiros Gêmeos e consiste em uma condição que ocorre em ovelhas e cabras no terço final da gestação. Praticamente 80% do crescimento fetal ocorre nas últimas seis semanas de gestação, o que demanda alto gasto energético, que somado à ingestão insuficiente de ingesta, resulta em um balanço energético negativo (SMITH, 2002).

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos mais característicos da Toxemia da Prenhez são: depressão, alteração na postura, fraqueza muscular, desequilíbrio e andar cambaleante. Além disso, é importante ressaltar que o quadro clínico e sua evolução vão variar de 10 a 15 dias para animais subnutridos e 3 a 8 dias para fêmeas com boa condição corporal ou obesas. Inicialmente observa-se falta de apetite, dificuldade na apreensão e deglutição dos alimentos, diminuição da motilidade ou atonia ruminal, diminuição do volume fecal, além disso é comum que os animais se isolem do rebanho. Por fim, ocorre a perda de reflexos motores, redução da resposta a estímulos sonoros e dolorosos, tremores de cabeça com ranger de dentes e mímica da mastigação, com ocorrência de coma e morte depois de 1 a 6 dias (MACHADO, 2014).

Diagnóstico e Tratamento

Para chegar ao diagnóstico da Toxemia da Prenhez em pequenos ruminantes é necessária a avaliação dos sinais clínicos, a identificação gestação com fetos múltiplos e a observação dos achados clínico-patológicos característicos (MACHADO, 2014).  O tratamento preconiza basicamente a indução do parto ou a realização de cesariana para a remoção do feto, afinal ele precisará cada vez mais de fonte de energia para seu desenvolvimento até chegar ao nascimento, além disso compreende a reposição de fontes de energia para que a fêmea consiga se equilibrar fisiologicamente (BROZOS et al., 2011).

Para a realização do tratamento sistêmico dessa enfermidade utiliza-se glicose por via intravenosa, com administração lenta. Além disso, preconiza-se o uso de Cianocobalamina (Vitamina B12), um adjuvante da gliconeogênese (SCHILD, 2007). A JA Saúde Animal disponibiliza em seu portfólio o Glicoton B12 (um produto à base de Glicose 50% e Vitamina B12) e o Catofós B12 (uma solução injetável à base de Butafosfan e Vitamina B12), que podem ser utilizados em associação para o tratamento da enfermidade a fim de corrigir o balanço energético negativo através da glicose. O Glicoton é a fonte de glicose necessária e o Catofós B12 permite que o metabolismo energético seja acelerado.

Prevenção

A prevenção da doença pode ser feita adotando-se um manejo nutricional adequado e reduzindo fatores estressantes (transporte, mudanças na alimentação, carga parasitária e outros). Para fêmeas gestantes é importante avaliar a fase gestacional e realizar um plano alimentar alinhado com as necessidades, especialmente no terço final da gestação. É importante que haja o aumento gradativo da oferta de concentrados energéticos, acompanhada da redução na quantidade de volumoso (MACHADO, 2014).

 

Texto:

Juliana Ferreira Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

 

Referências

BROZOS, C.; MAVROGIANNI, V. S.; FTHENAKIS, G. C. Treatment and control of peri-parturient metabolic diseases: pregnancy toxemia, hypocalcemia, hypomagnesemia. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 27, n. 1, p. 105-113, 2011.

 

MACHADO, G.S. Toxemia dos pequenos ruminantes: etiopatogenia e prevenção. Seminário apresentado na disciplina Transtornos Metabólicos dos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 11p.

 

SCHILD, A. L. Cetose. Doenças dos Ruminantes e Eqüinos, v. 2, 2007.

 

SMITH, B.P. Pregnancy Toxemia in Ewes and does. In: Large Animal Internal Medicine. 3ed. St Louis: Mosby, 2002, p. 811-812.

Você também pode gostar…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *