Estafilococos não-aureus (ENA) é, atualmente, o principal grupo de patógenos isolados de mastite clínica e subclínica. Enquanto algumas espécies de ENA não alteram ou até mesmo aumentam a produção de leite, outras são associadas com menor produção de leite e alta contagem de células somáticas (CCS).

Apesar disso, a epidemiologia de ENA (e.g., forma de transmissão e reservatórios) não é completamente conhecida. ENA já foram encontrados no canal dos tetos e outros locais do corpo das vacas (e.g., focinho, períneo), mas também são abundantes no ambiente onde as vacas vivem.

Isso sugere que algumas espécies de ENA são mais adaptadas a sobreviver no úbere, enquanto outras são mais adaptadas a sobreviver no ambiente.

Devido à diversidade de locais que ENA podem ser isolados, existe risco de contaminação durante a coleta de de amostras de leite, o que pode resultar em diagnóstico falso-positivo de infecção intramamária. A ocorrência de ENA como contaminante de amostras de leite geralmente é subestimada, quando o diagnóstico é baseado em uma única amostra e/ou quando não realizada a diferenciação entre as espécies de ENA.

Diante disso, como saber se a identificação de ENA na amostra de leite é infecção ou contaminação?

Para responder a esta questão, um estudo recente identificou espécies de ENA estão mais frequentemente isoladas de casos de mastite ou como contaminantes de amostras de leite em cinco rebanhos leiteiros da Alemanha. Para isso, amostras de leite consecutivas foram coletadas para identificação repetida das espécies de ENA. A identificação repetida da mesma espécie de ENA foi utilizada para diferenciação entre quartos mamários infectados ou contaminação das amostras de leite.

Um total de 178 quartos mamários foram classificados como “presuntivamente positivos para ENA”, e incluíram 834 isolados de ENA identificados em nível de espécie por MALDI-TOF MS. Um total de 15 espécies de ENA foram identificadas (Figura 1), sendo Staphylococcus (Staph.) haemolyticus (36%, 300/834), Staph. microti (20%; 167/834) e Staph. chromogenes (12%; 103/834) foram as espécies mais frequentes. O total de diferentes espécies de ENA variou de duas a 11 espécies por rebanho, sendo que Staph. chromogenes foi a única isolada em todos os rebanhos avaliados.

Mais de 90% dos casos de infecção intramamária, S. simulans e S. chromogenes estavam presentes. Já, S. epidermidis esteve presente em mais de 85% dos casos de infecção intramamária. Estudos anteriores mostraram que espécies de ENA adaptadas a glândula mamária raramente são encontradas em ambientes extra-mamários. Isso foi confirmado indiretamente neste estudo, uma vez que S. simulansS. chromogenes e S. epidermidis não foram ou raramente foram classificados como contaminantes.

Embora S. haemolyticus foi a espécie de ENA com maior frequência de isolamento nas amostras de leite deste estudo, em aproximadamente 30% dos casos esse microrganismos foi considerado como contaminante. Isso é um indicativo de que o ambiente é um possivel reservatório de S. haemolyticus.

As espécies de ENA: S. cohnii, S. vitulinus, S. equorum, S. auricularis e S. hominis não foram associadas com infecções intramamárias, o que sugere que estas espécies podem ser contaminantes das amostras de leite. Por fim, espécies de ENA com capacidade de colonizar o canal dos tetos (S. equorum, S. vitulinus e S. succinustambém podem contaminar amostras de leite, sendo possível identificar estes microrganismos mesmo na ausência de mastite.

Os resultados deste estudo mostraram que S. simulans, S. chromogenes, S. epidermidis são as espécies de ENA mais associadas com casos de infecção intramamária. Por outro lado, S. warneri, S. xylosus, S. microti, S. haemolyticus e S. succinus são espécies que podem causar infecção intramamária ou então contaminar amostras de leite.

Portanto, o adequado preparo da vaca (antissepsia da extremidade dos tetos) antes da coleta de amostras de leite para exame microbiológico continua sendo importante medida para evitar contaminações, assim como a diferenciação das por técnicas modernas como o MALDI-TOF podem ajudar na definição se a amostra está ou não contaminada.

Fonte: MilkPoint.

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