As estimativas para 2021 são de que produção de carne bovina aumente 6,9% e o volume exportado cresça 5%. A previsão é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentada na manhã desta terça-feira (1º/12). Analistas e o presidente da entidade, João Martins, falaram sobre o desempenho do agronegócio em 2020 e as perspectivas para o próximo ano. Embora os dados do setor sejam positivos, dentro da porteira o produtor deve enfrentar uma batalha que já está determinada: o custo alto da produção, visto neste ano, deve continuar pressionando o pecuarista. Isso porque, para a entidade, será difícil repassar os aumentos dos preços dos insumos para o consumidor interno de carne bovina , responsável por mais de 70% do mercado.
Lucchi coloca como determinantes econômicos para 2021 o enfrentamento do endividamento interno do País, que passou a 96% do PIB neste ano, cenário que exige do governo uma série de medidas. “Nós não sabemos como o governo vai se comportar em relação ao teto de gastos, aos ajustes fiscais, ao orçamento do governo para 2021 que ainda não foi feito e às reformas tributária e administrativa”, diz ele.
Somente com o poder de compra maior haverá a possibilidade de repasse dos custos no campo e isso depende de crescimento econômico. Que virá, ainda tímido e impactando o setor. De acordo com a CNA, a expectativa de demanda se mostra um pouco superior à oferta, mantendo a pressão positiva nos preços. “Se houver recuperação da economia brasileira e relaxamento das medidas de distanciamento social, com retorno à normalidade das atividades de bares e restaurantes, o aumento na renda do consumidor brasileiro viabilizará o retorno do consumo de proteínas de carnes”, afirma a entidade.
Custos da pecuária
Neste ano, os custos não foram favoráveis ao pecuarista. Os dados apresentados mostram que, em novembro do ano passado, a arroba do boi era vendida a R$ 200, ante R$ 295 em novembro deste ano, um aumento de 40% de aumento. “O bezerro, que é um insumo importantíssimo para vender o boi gordo, saiu de R$ 1,5 mil para R$ 2,5 mil neste ano. Ou seja, 64% de aumento”, diz Lucchi.
No caso do milho, um dos insumos que consegue antecipar o ganho de peso dos animais de confinamento, ou suplementação a pasto, o cereal saiu de R$ 43 a saca para R$ 80 na praça de São Paulo, o que equivale a 80% de aumento. “O preço da arroba cresceu menos que os insumos que utiliza. Nas relações de troca, de quantas arrobas eu preciso para comprar um bezerro, foi a pior relação de troca dos últimos quatro anos”, diz Lucchi.