Como controlar e combater a mastite ambiental

A mastite é um processo inflamatório da glândula mamária, geralmente infeccioso, que causa queda acentuada na produção e alterações na composição do leite proveniente do animal acometido. É a doença mais incidente e prevalente no rebanho leiteiro nacional, ocasionando prejuízos que vão desde a queda na produção leiteira até custos de serviços e medicamentos veterinários, perdas de tetos, descarte prematuro e até a morte do animal. Além disso, vale ressaltar que a mastite representa risco à saúde pública, prejudicando o consumidor de leite e derivados (PEDRINI & MARGATHO, 2003; FETROW et al. 1991; MILLER et al. 1993; VASCONCELOS & ITO 2011).

Epidemiologicamente as mastites podem ser classificas em mastite contagiosa e ambiental. A primeira é ocasionada por microrganismos advindos do próprio animal e, a segunda, por agentes infecciosos provenientes do ambiente (PEDRINI & MARGATHO, 2003). A mastite ambiental caracteriza-se por ser uma infecção de curta duração, manifestando geralmente sinais clínicos mais severos e até mesmo, em alguns casos, morte da vaca (TOMAZI, et al. 2013). Por incrível que pareça, rebanhos bem manejados e com baixos índices de Contagem de Células Somáticas (CSS) possuem maior incidência desse tipo de mastite, visto que os agentes responsáveis pelas mastites contagiosas subclínicas competem com os da mastite ambiental, conferindo certo tipo de proteção (FONSECA & SANTOS, 2011).

Existem algumas medidas que podem e devem ser tomadas para a prevenção dos casos ambientais, sendo um dos pontos principais o cuidado com a higiene do ambiente onde os animais são mantidos. O arraçoamento do rebanho após a ordenha também é uma medida fundamental, visto que dessa forma impede-se que as vacas se deitem rapidamente com o esfíncter do teto aberto e, consequentemente, entrem microrganismos pelo canal do teto (DOMINGUES & LANGONI, 2001). Além disso, a qualificação técnica da equipe, a educação sanitária e delegação de responsabilidades são fatores que influenciam diretamente no sucesso do plano de controle dessa enfermidade, sendo necessário um trabalho conjunto, englobando não somente o veterinário, mas todos os envolvidos na ordenha, até mesmo o proprietário ou responsável pela fazenda (LANGONI H. et al. 1998).

Já o tratamento para as mastites deve ser fundamentado no tipo de microrganismo que está acometendo o animal e, para que isso seja feito, é necessário a realização de testes de cultura na fazenda. Por sua vez, deve-se utilizar medicamentos intramamários eficazes, de alta permeabilidade na glândula mamária, associados a terapia antimicrobiana e anti-inflamatória sistêmica, quando for necessário.

Uma das classes de antimicrobianos mais utilizadas para o controle das infecções intramamárias em bovinos é a dos Beta-Lactâmicos, na qual se inclui a Amoxicilina. Os Penicilínicos sozinhos possuem eficácia limitada a determinadas bactérias, devido ao fato de algumas delas produzirem enzimas que destroem a Penicilina (conhecida como beta-lactamases). Entretanto, quando se associa a Amoxicilina com o Clavulanato de Potássio, há a inibição das beta-lactamases, permitindo com que a Amoxicilina consiga combater de forma eficaz os agentes patogênicos da mastite resistentes aos Penicilínicos. Outra grande vantagem da Amoxicilina é o seu alto potencial de difusão na glândula mamária da vaca, visto sua característica físico-química de ser um ácido fraco, atributo ideal na terapia intramamária (WATTS et al. 1995; De OLIVEIRA et. al. 2000; ANDREWS et al. 2008; SMITH, G. W., 2010).

Para o tratamento das mastites clínicas ambientais a J.A Saúde Animal sugere o uso do intramamário Mastite Clínica VL, solução inovadora à base de Amoxicilina, Clavulanato de Potássio e Prednisolona, que alia alta eficácia antimicrobiana com ação anti-inflamatória local, garantindo maior conforto para o animal doente.

Adicionalmente, é indicado a administração de um antimicrobiano sistêmico, já que em mastites agudas e superagudas geralmente há graus variáveis de septicemia e a permeabilidade local está comprometida. Nesses casos há a necessidade de uso de medicamentos injetáveis de alta concentração e ação imediata, sendo o Gentopen 20 Milhões, associação de Penicilina Potássica e Gentamicina, uma das melhores opções. A aplicação de um anti-inflamatório também se faz necessária, sendo uma excelente opção o Flunixin Meglumine, que além do efeito anti-inflamatório, analgésico e antipirético, possui efeito antiendotóxico, altamente desejável nas mastites ambientais.

Autores:

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu – Médico Veterinário e Fundador da J.A Saúde Animal

M.V. Eduardo Henrique de Castro Rezende – J.A Saúde Animal

 

 

Referencias

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