Intoxicação por plantas tóxicas é um dos principais responsáveis por prejuízos diretos e indiretos na bovinocultura brasileira. Embora haja uma carência muito grande de registros desse tipo de acidente na literatura, sabe-se que na maioria vezes é prejudicial ao animal, podendo levar até a morte (Tokarnia et al. 1979, Riet-Correa et al. 1993, Riet-Correa et al. 1994, Tokarnia et al. 2000).
Para se ter uma ideia da relevância do assunto, em torno de 10% dos diagnósticos realizados pela Universidade Federal de Pelotas e 14% daqueles emitidos pela Universidade Estadual de Santa Catarina, são decorrentes a intoxicações por plantas tóxicas (Riet-Correa & Medeiros 2001).
As perdas decorrentes a esse tipo de intoxicação estão relacionadas a redução dos índices reprodutivos (abortos, infertilidade, etc), redução da produtividade de animais convalescentes (tanto na produção de leite quanto no ganho de peso), além do aumento da susceptibilidade a doenças secundárias.
De forma indireta podemos citar a desvalorização da pastagem (em decorrência ao atraso na utilização) e os custos envolvidos com o seu manejo destinado ao controle de plantas tóxicas, como uso de defensivos agrícolas e instalação de cercas (Riet-Correa & Medeiros 2001, James 1994, Riet-Correa et al. 2007).
No tocante a saúde pública, há risco iminente de intoxicação dos seres humanos por plantas tóxicas, caso estes ingiram leite, carne, ovos ou outros produtos de origem animal de animais intoxicados.
Nos Estados Unidos por exemplo, o consumo de leite oriundo de vacas intoxicadas por Eupatorium rugosum é responsável pela ocorrência de uma enfermidade conhecida como “doença do leite” (“milksickness“), que em casos graves pode ser letal (Panter & James 1990, James et al. 1994).
Como prevenir acidentes de intoxicação por plantas tóxicas?
Para a prevenção dos acidentes por plantas tóxicas é necessário que se conheça as características das plantas envolvidas, bem como sua relação com a categoria animal, ambiente e manejo em questão.
Dentre as medidas profiláticas podemos destacar o manejo dos animais e das pastagens, escolha da raça utilizada (determinadas raças são mais resistentes), arrancamento das plantas problemáticas/controle por herbicidas, utilização de sementes controladas, uso de pastagens desidratadas (feno) e, principalmente, manter o rebanho bem nutrido nas secas, de modo que se diminua o risco de ingestão de plantas tóxicas devido a fome (Riet-Correa et al. 1993).
Existe tratamento para intoxicações causadas por plantas daninhas?
Não há um tratamento curativo para intoxicações por plantas daninhas, entretanto há tratamento paliativo, ou seja, uma modalidade de tratamento capaz de reduzir os sinais clínicos. Nesse contexto a literatura indica o uso de medicamentos que contenham princípios capazes principalmente de proteger o fígado, como o Sorbitol, Dl-Metionina, Dl-Acetilmetionina e Vitamina B1 (NASCIMENTO et al., 1986).
A sugestão da JA Saúde Animal é a utilização de TurboCálcio, solução completa que abrange diversos ativos eficazes no suporte dos animais intoxicados, como a Dl-Metionina, Dl-Acetilmetionina e Tiamina, protetores hepáticos importantes para preservar a integridade do fígado.
Além desses ativos, TurboCálcio conta com Sorbitol, uma fonte energética de utilização rápida e também os minerais Cálcio, Fósforo e Magnésio, facilitando ainda mais a recuperação do animal e retorno precoce as atividades produtivas e reprodutivas.
Autor:
M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal
Referências:
Dickinson J.O., Cooke M.P. & Mohamed P.A. 1976. Milk transfer of pyrrolizidine alkaloids in cattle. J. Am. Vet. Med. Assoc.169(2):1192-1196.
James L.F. 1994. Solving poisonous plant problems by a team approach, p.1-6. In: Colegate S.M. & Dorling P.R. (Eds), Plant Associated Toxins. CAB International, Wallingford.
James L.F., Panter K.E., Molyneux R.J., Stegelmeier B.L. & Wagstaff D.J. 1994. Plant toxicants in milk, p.83-88. In: Colegate S.M. & Dorling P.R. (ed.) Plant Associated Toxins. CAB International, Wallingford.
NASCIMENTO, Sebastião José do et al. INTOXICAÇÃO NATURAL E TRATAMENTO DA ERVA DE RATO (Palicourea marcgravii, 3l Hit.), EM BOVINO {Bos indicus) GUZERÁ, EM PAUDALHO, PE. Intoxicação Natural e Tratamento da Erva de Rato (Palicourea Marcgravii, 3L Hit.), em Bovino {Bos Indicus) Guzerá, em Paudalho, Pe, Recife, v. 2, p. 131-134, jan. 1986. Mensal.
Panter K.E. & James L.F. 1990. Natural plant toxicants in milk: a review. J. Anim. Sci. 68:892-904.
Riet-Correa F. & Medeiros R.M.T. 2001. Intoxicações por plantas em ruminantes no Brasil e no Uruguai: importância econômica, controle e riscos para a saúde pública. Pesq. Vet. Bras. 21:38-42.
Riet-Correa F. & Méndez M.C.1993. Introdução ao estudo das plantas tóxicas, p.1-19. In: Riet-Correa F., Méndez M.C. & Schild A.L. (ed.), Intoxicações por Plantas e Micotoxicoses em Animais Domésticos. Hemisfério Sul do Brasil, Pelotas. 340p.
Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Tokarnia C.H. & Döbereiner J. 2007. Toxic plants for livestock in Brazil: Economic impact, toxic species, control measures and public health implications, p.2-14. In: Panter K.E., Wierenga T.L. & Pfister J.A. (Eds), Poisonous Plants: Global research and solutions. CAB International, Wallingford.
Riet-Correa F., Mendez M.C. & Schild A.L. 1993. Intoxicaçőes por plantas e micotoxicoses em animais domésticos. Editorial Hemisfério Sur, Montevideo. 340 p.
Riet-Correa F., Méndez M.C., Barros C.S.L. & Gava A. 1994. Poisonous plants of Rio Grande do Sul, p.13-18. In: Colegate S.M. & Dorling P.R. (ed.), Plant-Associated Toxins: Agricultural, phytochemical and ecological aspects. CAB International, Wallingford, Oxfordshire, UK.
Tokarnia C.H., Döbereiner J. & Peixoto P.V. 2000. Plantas Tóxicas do Brasil. Editora Helianthus, Rio de Janeiro. 320p.