Laminite em bovinos

Laminite em bovinos

A atenção e investimentos em sanidade é essencial para que possamos ter uma pecuária próspera, lucrativa e ética. Infelizmente, em muitas fazendas os animais são submetidos a determinados manejos não condizentes com seus mecanismos fisiológicos, predispondo-os a diversas enfermidades (MULLIGAN & DOHERTY, 2008). Dentre as doenças relacionadas aos sistemas de alta produção, umas das mais comuns são aquelas relacionadas às afecções podais (BORGES et al., 2006; ARCHER et al., 2010).

Qualquer enfermidade que interfira negativamente na saúde do rebanho deve ser bem compreendida, de forma a conhecer a fundo a fisiopatologia da doença, bem como possibilitar o dimensionamento dos prejuízos à atividade econômica em questão (MULLIGAN & DOHERTY, 2008). Com as afecções podais isso não é diferente e uma das afecções podais mais impactantes é a laminite, responsável por diversos prejuízos como queda na produção leiteira, redução dos índices reprodutivos e gastos elevados com serviços veterinários e medicamentos (SOUZA et al., 2006; VATANDOOST et al., 2009; MELENDEZ et al., 2003; WALSH et al., 2011; ARCHER et al., 2010; CHA et al., 2010).

A laminite nada mais é do que a inflamação das lâminas do casco, estruturas responsáveis por fixar os cascos nos ossos dos dedos do animal. Mesmo sendo considerada uma doença dos dígitos, pode ser classificada também como uma enfermidade multifatorial (DANSCHER et al., 2009). Por mais que todos os fatores de risco não estejam bem elucidados, diversos fatores já foram descritos como relacionados ao surgimento dessa afecção, como fatores nutricionais e metabólicos, presença de outras doenças, traumas e fatores ambientais (DANSCHER et al., 2009; BERGSTEN, 2003; MULLING & GREENOUGH, 2006).

Os prejuízos não são apenas financeiros, há também uma influência negativa sobre o bem-estar animal. Em decorrência ao desconforto ocasionado, é comum ocorrer diferentes graus de claudicação nos bovinos, sejam eles de aptidão de leite ou de corte. (FERREIRA et al., 2004; CRUZ et al., 2011; CUNHA et al., 2002; NAGARAJA & LECHTENBERG, 2007).

As principais causas de laminite descritas pela literatura são aquelas oriundas de distúrbios nutricionais.  Segundo Radostitis et al. (2007), a ingestão excessiva de concentrados resulta em desequilíbrio da microbiota gástrica, acidose ruminal e, consequentemente, a liberação de diversas toxinas que irão prejudicar demasiadamente a circulação vascular das patas do animal. A alternância de vasodilatação e vasoconstrição, processo característico dessa afecção, gera uma situação de isquemia altamente prejudicial a saúde das lâminas do casco (RADOSTITS, 2007).

Quanto a prevenção da laminite, indica-se primariamente a resolução da causa base da doença, como por exemplo, o ajuste da dieta em animais com desequilíbrios nutricionais. A instituição de outras medidas preventivas também é essencial, dando destaque ao casqueamento periódico, realização de pedilúvio e a implementação de estratégias que possibilitam o diagnóstico precoce da doença (NICOLETTI, 2004; SHEARER & VAN AMSTEL, 2001).

Além dos métodos de prevenção e controle supracitados, pode-se lançar mão da utilização de anti-inflamatórios não esteroidais, indicados principalmente para a redução da inflamação e dor local. Nesse contexto, a sugestão da JA Saúde Animal é o uso do Diclofenaco JA, medicamento com potente ação anti-inflamatória, analgésica e antitérmica, proporcionando maior conforto ao animal e consequentemente antecipando seu retorno as atividades produtivas e reprodutivas.

Autores:

M.V. Hanna Prochno
Médica Veterinária – JA Saúde Animal

M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu
Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

 

Referências:

ARCHER, S.; BELL, N.; HUXLEY, J. Lamenes in UK dairy cows: a review of the current status. In Practice, London, v. 32, n. 10, p. 492-504, 2010.

BERGSTEN, C. Causes, risk factors, and prevention of laminitis and related claw lesions. Acta Veterinaria Scandinavica, Kobenhavn, n. 98, suplemento, p. 157-166, 2003.

BORGES, J. R. J.; PITOMBO, C. A.; CUNHA, P. H. J.; SILVA, L. A. F.; BORGES, N. C.; FIORAVANTI, M. C. S.; MOSCARDINI, A. R. C.; MACHADO, 45 G. M. Foot diseases in cattle in the tropical regions of Brazil. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM & CONFERENCE ON LAMENESS IN RUMINANTS,14., 2006, Colonia del Sacramento. Anais eletrônicos…[on line]. Colonia del Sacramento: 2006. Disponível em: http://www.ivis.org/proceedings/rumlameness/2006/Block3/Borges.pdf?LA=1. Acesso em 10 ago. 2011.

CHA, E.; HERTL, J. A.; BAR, D.; GROHN, Y. T. The cost of different types of lameness in dairy cows calculated by dynamic programming. Preventive Veterinary Medicine, Amsterdam, v. 97, n. 1, p. 1-8, 2010.

CRUZ, C. E. F.; RAYMUNDO, D. L.; CERVA, C.; PAVARINI, S. P.; DALTO, A. G. C.; CORBELLINI, L. G.; DRIEMEIER, D. Records of performance and sanitary status from a dairy cattle herd in southern Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 1-9, 2011.

CUNHA, P. H. J.; PÁDUA, J. T.; SILVA, L. A. F.; FIORAVANTI, M. C. S.; TAMASSIA, L. F. M.; MATOS, J. T. Predisposing factors to lameness at feedlot cattle during performance tes in Goiás, Brazil. In: WORLD BUIATRICS CONGRESS, 22., 2002, Hannover. Anais eletrônicos…[on line]. Hannover: 2002. Disponível em: http://www.ivis.org/proceedings/wbc/wbc2002/251.pdf. Acesso em 28 ago. 2011.

DANSCHER, A. M.; ENEMARK, J. M. D.; TELEZHENKO, E.; CAPION, N.; EKSTROM, C. T.; THOEFNER, M. B. Oligofrutose overloads induces lameness in cattle. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 92, n. 2, p. 607- 616, 2009.

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