Úlcera de sola em rebanhos leiteiros: prevenção e tratamento

Há diversas afecções podais em bovinos, sendo uma das mais relevantes a pododermatite circunscrita, popularmente conhecida como úlcera de sola.

Nas últimas décadas o Brasil apresentou crescimento significativo na produção leiteira e um dos motivos é a globalização do mercado, que levou os pecuaristas a investirem em melhoramento genético e novas tecnologias. Concomitantemente a essa evolução, ampliou-se o uso de sistemas de criação mais modernos e mais coerentes com a alta produtividade, porém com a desvantagem de maior incidência de enfermidades reprodutivas, afecções da glândula mamária e afecções do sistema locomotor (Silveira et al. 1999).

Dentre as enfermidades anteriormente citadas daremos destaque as do sistema locomotor, que segundo Kossaibati e Esslemont (1997), são a terceira maior causa de prejuízos em vacas leiterias. Caracterizadas por envolverem a região dos dígitos dos animais (dedos), as afecções de locomotor apresentam maior incidência em rebanhos em sistemas de confinamento, tanto no gado de leite, quanto no de corte.  Outros fatores predisponentes são más condições de higiene, pisos muito abrasivos, umidade e matéria orgânica excessiva, entre outros (Greenough e Weaver, 1997; Souza, 2002).

A úlcera de sola é uma doença é caracterizada por lesões que interrompem a produção regular do casco (tecido córnio), resultando em grande desconforto ao animal, redução na produção de leite, menor desempenho reprodutivo, descarte precoce, dificuldades no manejo, entre outros prejuízos (Wardin, 2021; Shearer et al. 1996; Stanek, 1997).

Quanto a etiologia, estudos mostram que uma série de fatores podem estar envolvidos no surgimento desta afecção, como redução da espessura do coxim, idade avançada dos animais, desidratação e baixo escore corporal. Outros autores constataram ainda que níveis específicos de hormônios da reprodução no pré-parto também podem predispor o problema (Wardin, 2021).

Devido a relevância da enfermidade na pecuária, medidas de prevenção e controle se tornam indispensáveis (Wardin, 2021). Existem diretrizes de prevenção que podemos seguir para reduzir os casos:

  1. Preservar o coxim através de uma nutrição balanceada, visto que a nutrição está diretamente ligada a saúde e integridade dos casos;
  2. Superfície de repouso confortável de modo que a vaca descanse pelo menos 12 horas ao dia;
  3. Casqueamento preventivo recorrente;
  4. Prevenção de condições predisponentes: prevenção de estrese térmico, prevenção de doenças reprodutivas e doenças metabólicas do período de transição;
  5. Uso diário de pedilúvio é importante, pois além de dar mais firmeza ao casco, contribui na eliminação de possíveis agentes infecciosos;
  6. Melhoramento genético do rebanho.

Como tratamento é recomendado a remoção cirúrgica de regiões necrosadas, antissepsia com iodo, uso de tamancos (tacos de madeira ou EVA) no dígito contralateral e a utilização de bandagem, que deve ser trocada com intervalos de pelo menos 72 horas, podendo se estender a depender da cicatrização da ferida, ausência de infecção e qualidade de impermeabilização do curativo. Ressalta-se que o tratamento deve ser instituído sempre pelo médico veterinário (FERREIRA et al., 2005; AGOSTINHO; SERRÃO, 2007; ALVIM et al., 2006).

E pensando nos prejuízos relacionados às doenças podais em bovinos e equinos, a JA apresenta o Pró-Casco, produto inovador que auxilia no tratamento das afecções podais, além de minimizar os manejos relacionados a essas enfermidades. Pró-casco é um impermeabilizante e fixador para curativos (ataduras) podais, promovendo proteção externa contra sujeira e umidade e, desta forma, mantendo os curativos viáveis por mais tempo e acelerando o processo de cicatrização e recuperação do animal.

Referências bibliográficas:

AGOSTINHO, Armando; SERRÃO, Panhanha Sequeira. IV Manual de Patologia Podal Bovina. 2007. Disponível em: <http://www.apcrf.pt/fotos/editor2/iv_manual.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2015.

ALVIM, Nivaldo Cesar et al. O EFEITO DA “PASTA DE UNNA” NO TRATAMENTO DA PODODERMATITE CIRCUNSCRITA PERFURADA EM BOVINOS. Rev.Científica Eletrônica de Med. Veterinária – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF, Garça, v. 01, n. 06, p.1-6, jan. 2006.

FERREIRA, P.M.; LEITE, R.C.; CARVALHO, A.U. et al. Custos e resultados do tratamento das sequelas de laminite bovina: relato de 112 casos em vacas em lactação no sistema de free-stall. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56, p.589-594, 2004.

GREENOUGH, P.R.; WEAVER, A.D. Lameness in cattle. 3.ed. Philadelphia: W.B.Saunders, 1997. 336p.

KOSSAIBATI, M.A.; ESSLEMONT, R.J. The costs of production diseases in dairy herds in England. Vet. J., v.154, p.41-51, 1997.

SHEARER, J.K.; BRAY, D.R.; UMPHREY, J.E. et al. Factors influencing the incidence of lameness in dairy cattle. In: ANNUAL FLORIDA DAIRY PRODUCTION CONFERENCE, 33., 1996. Gainesville: Proceedings… Gainesville: UF, 1996.

Silveira J.B., Menechelli A.A. & Andrade E.F. 1999. Levantamento epidemiológico das principais afecções podais em bovinos no município de Votuporanga/SP. Ciênc. Vet. 2:18-19.

STANEK, C. Housing and nutrition related claw diseases of dairy cattle. Israel J. Vet. Med., v.52, p.80- 87, 1997.

WARDIN, Carla. Desvendando o Enigma. Leite Integral, [s. l], v. 144, n. 1, p. 76-80, mar. 2021. Mensal.

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(2) Comentários

  1. Valtenir de mattia

    Tenho animal com problemas de casco qual tratamento

    1. Bárbara Carriço

      Olá, Valternir!

      Como tratamento é recomendado a remoção cirúrgica de regiões necrosadas, antissepsia com iodo, uso de tamancos (tacos de madeira ou EVA) no dígito contralateral e a utilização de bandagem, que deve ser trocada com intervalos de pelo menos 72 horas, podendo se estender a depender da cicatrização da ferida, ausência de infecção e qualidade de impermeabilização do curativo. Ressalta-se que o tratamento deve ser instituído sempre pelo médico veterinário.

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