Miíases, como tratar ?

Miíases, como tratar ?

O parasitismo é a relação ecológica entre espécies distintas, em que o hospedeiro e parasitas mantêm ligações de maneira unilateral, íntima e direta com grande dependência metabólica por parte dos parasitas, sempre causando prejuízo para o animal parasitado (POULIN, 2007). Existem diversos padrões na apresentação do parasitismo, com destaque ao ectoparasitismo, que nos animais domésticos é causado principalmente pelas moscas e carrapatos (GUIMARÃES et al., 2001; MULLEN & DURDEN 2002), sendo esse  último um dos mais antigos dentre os parasitas do animais domésticos (STEVENS, 2003; STEVENS et al., 2006; STEVENS & WALLMAN, 2006).

As moscas também geram diversos prejuízos na pecuária, além de causar grande incômodo nos animais e, consequentemente, redução do apetite, inclusive com relevante ação vetorial responsável pela transmissão de outras enfermidades, como a tristeza parasitária bovina (GUIMARÃES & PAPAVERO 1999; EVANS & FACCINI 2000). A mosca Cochliomyia hominívorax, conhecida por oviposição em tecidos com presença de lesões, popularmente é chamada de miíase (do grego mya = mosca e iase = lesão), é classificada como ectoparasita de mamíferos, no qual parte de sua vida vai se alimentar de tecido vivo ou necrosado do hospedeiro (PAPAVERO; 1977).

Conhecida popularmente no Brasil como “bicheira”, é apontada como uma das principais complicações da pecuária na América Latina, gerando grandes perdas na pecuária de corte, de leite e nas indústrias de subprodutos tais como a do couro (MOYA BORJA, 2003). Este parasita pode provocar também danos consideráveis aos humanos, sendo considerada caráter de saúde pública no Brasil (GOMEZ et al., 2003; NASCIMENTO et al., 2005, FERNANDES et al., 2009).

De acordo com Moya Borja (2003), as perdas ocasionadas por Cochiomyia hominívorax englobam os tratamentos profiláticos e curativos nos animais, que podem chegar em torno de U$$ 150 milhões de dólares ao ano. A partir de 1954, nos tratamentos profiláticos preconiza aplicações de medicamentos químicos, sendo as Ivermectinas injetáveis de longa ação.    

Dentre os animais domésticos, as espécies bovina e ovina são as mais acometidas pelas miíases, devido aos procedimentos cirúrgicos realizados à campo. Entre eles temos a orquiectomia, descorna cosmética e identificação dos animais por ferro incandescente ou brinco de identificação, que são predominantemente realizados na época das águas, predispondo para oviposição da mosca Cochliomyia hominívorax (GUIMARÃES & PAPAVERO, 1999).

De acordo com SANAVRIA et al., (1996); AL-EISSA et al., (2008), às Ivermectinas são sintetizadas a partir da Avermectina, que tem apresentado boa eficiência no controle das miíases, sendo utilizadas frequentemente no curativo, no tratamento preventivo anteriormente dos procedimentos cirúrgicos.

 O controle e o tratamento das lesões geradas pelas miíases em bovinos pode ser realizado sistemicamente ou de forma local, de acordo com acometimento ou gravidade. A forma sistêmica preconiza a utilização de uma Ivermectina concentrada, que é o antiparasitário mais utilizado no campo em todo mundo devido sua longa ação contra ecto e endoparasitas (SERENO, 2016). O tratamento local tem como a utilização de inseticidas tópicos, que são aplicados diretamente na lesão, estando ela já habitado ou não por larvas (GRISI et al., 2002).

 A JA Saúde Animal sugere como protocolo de tratamento sistêmico para o controle das larvas de Cochiomyia hominívorax à utilização da Longamectina® Premium 3,5%, endectocida de alta concentração, um produto de alta eficiência no controle dos parasitas. Uma segunda alternativa para o controle das miíases é a Ivermectina 1% JA, um endectocida também de alta eficácia. No caso de tratamento local para as áreas com grandes infestações de miíases, é sugerido realizar a limpeza e desinfecção local, aplicando em seguida o Tanicura®, produto parasiticida em pó, de fácil aplicação nas feridas, importante para eliminação das larvas presentes.

 

Autores:

M.V. Guilherme Luiz Gomes da Silva

Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 

M.V. Eduardo de Castro Rezende

Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu

Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

 

Referências bibliográficas:

 

AL-EISSA, G.S; GAMMAZ, H.A; MOHAMED HASSAN, M.F., ABDEL-FATTAH, A.M; AL- KHOLANY, K.M. & HALAMI, M.Y. Evaluation of the therapeutic and protective effects of ivermectin and permethrin in controlling of wound myiasis infestation in sheep. Parasitol. Res. 103:379-385. 2008.

 

EVANS, D.E & J.L.H. Faccini. Dermatobia hominis (Linnaeus Jr., 1781) (Diptera Cuterebridae); intriguing insect, impressive pest, continuing enigmas. Contribuições Avulsas sobre História Natural Brasileira, Série Zoologia 15: 1-5. 2000.

 

 FERNANDES, L. F.; PIMENTA, F. C.; FERNANDES, F. F. First report of human myiasis in Goiás state, Brazil: frequency of different types of myiasis, their various etiological agents, and associated factors. Journal of Parasitology, Lawrence, v. 95, n. 1, p. 32-38, 2009.

 

GOMEZ, R. S.; PERDIGÃO, P. F.; PIMENTA, F. J. G.; RIOS LEITE, A. C.; TANOS DE LACERDA, J. C.; CUSTÓDIO NETO, A. L. 2003. Oral myiasis by screwworm Cochliomyia hominivorax. British Journal of oral and Maxillofacial Surgery, London, v. 41, p. 115-116, 2003.

 

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