Retenção de placenta, o que devemos fazer?

Retenção de placenta, o que devemos fazer?

O pós-parto, também conhecido como puerpério, é caracterizado com uma fase que se inicia com o nascimento do bezerro até o momento em que o organismo materno se recupera das transformações provenientes da gestação, permitindo assim que a fêmea esteja pronta para uma nova prenhez (HAFEZ, 2004).

A fase puerperal é dividida em duas etapas: a primeira corresponde a liberação dos anexos fetais, conhecido como delivramento; já a segunda, é a fase onde há involução do útero e preparação desse órgão para uma nova gestação (PRESTES & ALVARENGA, 2006).

Nas fêmeas bovinas a expulsão da placenta ocorre de forma fisiológica de trinta minutos a oito horas após o parto, sendo que a partir de 12 horas retida é classificada como retenção de placenta (PRESTES & ALVARENGA, 2006). Essa enfermidade do pós-parto pode estar associada a diversas outras condições tais como: abortos, partos distócicos e gemelares, hipocalcemia, duração da gestação, idade, nutrição, status imunológico da vaca, entre outros (MULLER & OWENS, 1974).

A principal consequência negativa da retenção de placenta é a infecção uterina decorrente do tecido morto residual no trato reprodutor do animal, o que frequentemente resulta em importantes processos inflamatórios locais (GRUNERT, 1980; GRUNERT, 1984). Esse tipo de infecção é altamente impactante nos índices reprodutivos da propriedade, sendo essencial a implementação de um protocolo de tratamento eficaz na propriedade.

Segundo pesquisas, o tratamento da enfermidade com antimicrobianos reduz de maneira significativa o surgimento de infecções uterinas e uma das opções eficazes no combate dos agentes etiológicos em questão é a Oxitetraciclina, que além de ser um medicamento de fácil acesso no mercado, possui veículo de liberação lenta, permitindo ainda maior eficácia no combate da infecção (DUBUC et al., 2011; PEREIRA-MAIA et al., 2010; FERNANDES et al., 1999). Outra opção altamente eficaz é o uso da Enrofloxacina, um antimicrobiano de amplo espectro, eficaz na eliminação de cepas resistentes a outros medicamentos frequentemente utilizados (GOLLUM, 1986; SPIECKER, 1986; BEHR, 1986; BRAUNIUS, 1987; MARÇAL, 1993).

A utilização de medicamentos à base de análogos sintéticos da Prostaglandina também é desejável no pós-parto, pois acelera o processo de involução uterina, reduzindo a incidência de infecções no local e promovendo a eliminação dos anexos fetais e demais conteúdos intrauterinos contaminados (FERNANDES et al., 2007; LEWIS et al., 2004).

Para o tratamento da retenção de placenta, a JA Saúde Animal sugere a administração de um antimicrobiano aliado ao uso da Prostaglandina. A Tetra-micina, produto à base de Oxitetraciclina, antimicrobiano de amplo espectro, longa ação e excelente relação custo-benefício, atua de forma eficaz no combate das infecções oriundas da retenção placentária. Uma outra opção também de alta eficácia é o Diclotril, antimicrobiano à base de Enrofloxacina, associado à um potente anti-inflamatório, com ação analgésica, anti-inflamatória e antipirética, que além de cessar a infecção, promove maior conforto e bem estar ao animal.

Como anteriormente exposto, é recomendado a utilização de uma dose de 2mL do Cioton®, análogo sintético da Prostaglandina, juntamente com a primeira dose do antimicrobiano, que irá contribuir com a eliminação do resíduo placentário, além de favorecer a ação do antimicrobiano, agilizando ainda mais a recuperação do animal.

Autores:

M.V. Eduardo de Castro Rezende

JA Saúde Animal

 

M.V. Guilherme Luiz Gomes da Silva

JA Saúde Animal

 

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu

Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

 

Referências bibliográficas:

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FERNANDES, C.A.C.; FIGUEIREDO, A.C.S. Avanços na utilização de prostaglandinas na reprodução de bovinos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 31, n. 1/2, p.108-113, 2007.

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