A saúde bucal dos equinos interfere diretamente no desempenho desses animais, desta forma, é importante falar sobre odontologia equina, tema de grande relevância na medicina veterinária. Confira mais detalhes no texto a seguir!
Introdução
Conforme pesquisa em 2020, promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho equino cresceu 1,9% no Brasil, em comparação com os números do ano anterior, totalizando 5.962.126 milhões de cabeças de cavalos, o que mostra a expressividade da equinocultura. Junto desse crescimento, sobretudo, surge a necessidade do cuidado cada vez mais frequente quanto à saúde desses animais e nesse contexto a odontologia equina vem ganhando espaço. Vale ressaltar que ainda assim, estima-se que menos de 1% do rebanho equino receba esse tipo de cuidado odontológico, pois sua importância ainda é desconhecida pela maioria dos criadores (ALVES, 2004). Dessa forma, é muito relevante reforçar a temática.
Dentição dos equinos
A dentição dos equinos é classificada como heterodonte por ser composta por vários tipos dentes com características e funções diferentes, além disso, é formada por dentes hipsodontes (exceto caninos e primeiro pré-molar) que apresentam grande desenvolvimento de coroa e que crescem durante toda a vida adulta (KÖNIG; SÓTONYI; LIEBICH, 2011). Os equinos apresentam dois tipos de dentição, a decídua formada pelos dentes de leite e a permanente ou definitiva, o que os classifica também como difiodontes (seres que apresentam duas dentições ao longo da vida). Entre os 2,5 e 4,5 (anos de vida) os dentes decíduos vão sendo substituídos pelos dentes permanentes (BAKER & EASLEY, 2005).
Inicialmente os equinos possuem 24 dentes decíduos, sendo representados pela fórmula 2 (I 3/3, C 0/0, PM 3/3 = 24) (molares e caninos surgem apenas na dentição permanente). Posteriormente, a fórmula dentária de um equino adulto é 2 (I 3/3, C 1/1 ou 0/0, PM 3/3 ou 4/4, M 3/3) = 36 ou 44, podendo variar a quantidade de dentes pela presença ou ausência do primeiro pré-molar (dente de lobo) ou por conta da variação do número de caninos (ANDRADOS, 2005).
Dentre as afecções odontológicas é possível destacar a má oclusão dentária, que consiste em derivações ósseas da arcada dentária (de origem genética ou adquirida). Além disso, as pontas excessivas de esmaltes dentários que acontecem quando a passagem lateral da mandíbula é incompleta e não atinge as superfícies oclusais dos molares superiores, então se inicia a formação de pontas nesses locais (principalmente nos dentes molares superiores) (SCHWEITZER, 2021).
Sinais clínicos das afecções odontológicas
De forma geral, os problemas odontológicos são manifestados através de sinais clínicos como: dificuldade na mastigação, aumento de volume uni ou bilateral da face ou da mandíbula, dificuldade de preensão dos alimentos, diminuição do peso corporal ou dificuldade de engodar, perda de alimento durante a mastigação e dor ao tracionar a embocadura (BAKER & EASLEY, 2005).
Para investigar de forma adequada esses sinais e em busca de realizar um diagnóstico eficaz é imprescindível que seja feita uma avaliação por um Médico Veterinário capacitado, com o auxílio de equipamentos específicos para que o procedimento seja seguro tanto para o profissional quanto para o paciente. Dentre os equipamentos comumente utilizados estão o abre-bocas, o espelho odontológico, as sondas milimetradas, o raio-x e o endoscópio (DIXON & DACRED, 2005; SIMHOFER et al. 2008). É recomendado que o animal seja sedado para uma avaliação criteriosa e segura.
Prevenção e tratamento das afecções odontológicas
Em síntese, algumas medidas podem ser adotadas a fim de prevenir doenças odontológicas nos equinos, dentre elas: fornecer nutrição equilibrada quanto às proporções de concentrado e forragem de alta qualidade (LIMA et al., 2011), fazer o uso correto das embocaduras para evitar lesões na boca e principalmente realizar exame odontológico periódico nos animais (ideal a cada seis meses), devendo ser realizado por um Médico Veterinário, a fim de detectar possíveis problemas de forma precoce.
A JA Saúde Animal conta com um portfólio que oferece ao Médico Veterinário diversas opções inovadoras, práticas e eficazes no manejo e tratamento de equinos. No contexto dos procedimentos odontológicos, destacamos o Equisedan, à base de Xilazina 10% e o Dettovet, à base de Cloridrato de Detomidina. Ambos fazem parte do grupo dos agonistas alfa 2 adrenérgicos, que atuam de forma central nos receptores alfa 2 adrenérgicos promovendo um tríplice efeito composto por sedação, miorrelaxamento e analgesia.
O Equisedan apresenta ótimo custo-benefício, o que permite que seja utilizado em vários casos, além de ser um sedativo seguro. Já o Dettovet possui maior eficácia sedativa sendo geralmente escolhido pelo Médico Veterinário para a realização de procedimentos que necessitam de maior analgesia. Tanto o Dettovet, quanto o Equisedan possuem o reversor loimbina, um medicamento que reverte rapidamente o efeito do fármaco, diminuindo o risco anestésico.
Cabe ressaltar que independente da conduta adotada é recomendada a administração de anti-inflamatórios visando proporcionar maior conforto ao animal. Desta forma, a JA apresenta como solução o Prador, uma associação sinérgica inovadora de Meloxicam e Dipirona, dois princípios ativos da família dos anti-inflamatórios não esteroidais. O Meloxicam é um potente inibidor de mediadores da inflamação, com propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antipiréticas, já a Dipirona atua potencializando sua ação. Um grande diferencial do Prador é a sua seletividade pelas enzimas COX-2 e COX-3, conferindo alta segurança quanto a distúrbios gastrintestinais. Para mais informações sobre essas e outras soluções da JA Saúde Animal acesse o nosso site!
Texto: Juliana Ferreira Melo (Médica Veterinária / Jornalista – JA Saúde Animal)
Referências
Adrados, P. (2005). Manual para la determinación de la edad del caballo. (pp. 4-26). Editorial Luzán.
ALVES, G. E. S.. Odontologia como parte da gastroenterologia – sanidade dentária e digestibilidade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA 6, 2004, Indaiatuba, SP. [Anais…] Indaiatuba: Faculdade de Jaguariúna, 2004. p. 7-22. Mini Curso de Odontologia Equina.
BAKER, G.J. & Easley, J. (2005). Morphology. In Equine Dentistry (2nd ed.). (pp. 51- 60). Elsevier.
DIXON, P. M.. Anatomia dental. In: BACKER, G. J.; EASLEY, K. J.. Odontologia Equina. Buenos Aires: Intermédica, 2002. Cap. 1. p.3-31.
DIXON, P.M.; DACRE, I. A review of equine dental disorders. The Veterinary Journal, v.169, n.2, p.165-187, 2005.
DIXON, P. M.; TREMAINE, W. H.; PICKLES, K. et al. Equine dental disease Part 1: A long-term study of 400 cases: disorders of incisor, canine and first premolar teeth. Equine Veterinary Journal, v.31, n.5, p.369-377, 1999.
DIXON, P. M.; TREMAINE, W. H.; PICKLES, K. et al. Equine dental disease Part 4: a long-term study of 400 cases: apical infections of cheek teeth, Equine Veterinary Journal, v.32, n.3, p.182-194, 2000.
KÖNIG, H. E.; SÓTONYI, P.; LIEBICH, H. G. Sistema digestório. In: KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Cap. 7. p. 321-388.
LIMA J.T.M., ANDRADE B.S.C., SCHWARZBACH S.V., DE MARVAL C.A., LEAL B.B., FALEIROS R.R., ALVES G.E.S. Ocorrência de doença infundibular, sobremordida e ganchos em equinos de cavalaria militar. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.63, n.1, p.6-11. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352011000100002 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 09352011000100002
SCHWEITZER, Morgana. Odontoplastia em equinos: relato de caso. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação). Universidade Federal de Santa Catarina, 2021. 33p.
SIMHOFER, H.; GRISS, R.; ZETNER, K. The use of oral endoscopy for detection of cheek teeth abnormalities in 300 horses, The Veterinary Journal, v.178, n.3, p.396-404, 2008.