Pneumonia em bovinos confinados: estratégias de prevenção e controle

A cadeia produtiva da carne bovina é diretamente afetada pelas doenças respiratórias dos bovinos, uma vez que é considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade dos animais confinados, causando sérios prejuízos aos pecuaristas. Para mitigar esses riscos e assegurar a saúde dos bovinos, torna-se fundamental implementar um manejo sanitário rigoroso na entrada do confinamento.

Introdução

É fato que a criação intensiva é uma excelente opção para a fase de engorda dos bovinos, pois otimiza os recursos e maximiza a eficiência produtiva. No entanto, esse sistema de criação exige cuidados devido ao estresse associado ao transporte, adaptação e aglomeração dos bovinos. Esses fatores comprometem a imunidade dos animais, facilitando a colonização e proliferação de patógenos oportunistas, tornando-os suscetíveis a doenças do complexo respiratório bovino ou mais conhecida como “febre dos transportes” (HEIDMANN et al., 2021).

Destaca-se que a pneumonia é uma doença respiratória de grande impacto na pecuária, ela se caracteriza como uma inflamação do parênquima pulmonar, bronquíolos e pleura. A pneumonia em bovinos é de origem multifatorial, tendo vários agentes causadores associados, como bactérias, vírus e vermes. Os agentes de maior relevância são: Bactérias (Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida, Histophilus somni, Mycoplasma bovis, Mycoplasma bovirhinis, Mycoplasma íspar, Ureaplasma diversum); vírus (Vírus   da   Doença Respiratória    e    Sincicial    Bovina (BRSV), da Parainfluenza tipo 3 (PI-3), Herpes vírus Bovino tipo 1 (BHV-1) e o Vírus da Diarreia Viral Bovina (BVDV)); por fim o verme pulmonar (nematódeo Dictyocaulus viviparus). Esses patógenos somados ao estresse, baixa imunidade, nutrição deficiente e fatores ambientais desencadeiam as doenças que afetam o sistema respiratório dos bovinos (BUENO et al., 2012; SLOMPO et al., 2017).

Dessa maneira, a doença pode se apresentar na forma subclínica, onde os animais apresentam sinais brandos da doença e difícil diagnóstico (podendo causar mortes súbitas nos animais confinados) ou na forma clínica onde os sintomas são bem evidenciados e característicos. Os sintomas mais comuns são febre alta, tosse, secreção purulenta oro nasal, taquipneia, dispneia, sons respiratórios anormais, narinas secas, anorexia, prostração e morte súbita (SNOWDER et al., 2006).

Prevenção

A prevenção da doença está relacionada ao bom manejo durante o transporte e na acomodação dos animais no confinamento. As primeiras semanas após a chegada dos bovinos ao confinamento são consideradas críticas, pois é quando os níveis de estresse (cortisol) estão mais altos, deprimindo o sistema imunológico. Então é fundamental fazer uma minuciosa desinfecção e sanitização do local entre a troca de lotes e evitar a superlotação dos animais, separando de acordo com idades próximas (EDWARDS, 2010).

Torna-se imperativo a adoção de protocolos vacinais nos animais 30 dias antes de serem submetidos ao confinamento, bem como a realização de uma colostragem adequada enquanto ainda são recém-nascidos e protocolos antiparasitários durante toda a vida. Desta forma somente animais saudáveis podem ser confinados. Todos os animais doentes devem ser separados e monitorados. Outro ponto de extrema importância é a adoção de medidas metafiláticas em casos de alto risco de infecção, com a administração de um antibiótico de amplo espectro e de longa duração, para tratar e prevenir infecções. Vale salientar que a nutrição adequada também é considerada uma forma de prevenção, sendo importante adequar a alimentação dos animais, fornecendo dietas balanceadas e palatáveis (SNOWDER et al., 2006; EDWARDS, 2010).

Diagnóstico

É imprescindível a realização do diagnóstico precoce do complexo de doenças respiratórias dos bovinos, pois essas doenças são consideradas graves e podem causar a morte dos animais acometidos. Os métodos para detecção da doença são: histórico clínico, sintomas característicos de doenças respiratórias, exame clínico e ausculta pulmonar, hemograma, sorologia, isolamento viral, PCR e necropsia dos animais mortos (RADOSTITS et al., 2002; SNOWDER et al., 2006).

Tratamento

O tratamento deve ser instituído imediatamente após os primeiros sinais clínicos e diagnóstico da pneumonia. É recomendado a administração de antimicrobianos potentes associados a anti-inflamatórios, além de antitérmicos e suporte hidroeletrolítico para evitar quadros de desidratação (RADOSTITS et al., 2002).

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O Vetflor® é um antimicrobiano moderno à base de Florfenicol, de amplo espectro de ação. Ele possui ótima perfusão na pleura pulmonar, tornando-se uma excelente opção para tratamento de animais com pneumonia. O modo de uso, dosagem e frequência das aplicações, devem ser realizadas de acordo com o quadro clínico que o animal apresenta, sendo:

Em casos de infecções respiratórias brandas, pode ser utilizado em dose única sendo, 40 mg/Kg (2 mL para cada 15 Kg), ou seja, 40 mL para um animal de 300 KG de peso corpóreo, via subcutânea.

Para tratamento de infecções pulmonares já instaladas, pode ser utilizado na dose de 20 mg/Kg (1 mL para cada 15 KG), então, para um animal de 300 Kg de peso corpóreo, deve-se administrar 20 mL pela via intramuscular com intervalo de 48 horas entre cada aplicação, sendo realizadas no mínimo 2 aplicações.

Já para infecções graves, o fármaco pode ser administrado com intervalo de 24 horas, com a dose de 20 mg/Kg (1 mL para cada 15 Kg), ou seja, para um animal de 300 Kg de peso corpóreo, pode-se administrar 20 mL por dia pela via intramuscular, durante 3 a 5 dias ou a critério do médico veterinário.

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Texto: Aline M. Carvalho (Médica Veterinária)

BIBLIOGRAFIA

HEIDMANN, M. J., DO NASCIMENTO, C. G., DE CASTRO, B. G. Complexo respiratório bovino no contexto da sanidade animal. Scientific Electronic Archives v. 14. n. 4, 2021.

BUENO, J. P. R., MOURA, M. S., DE OLIVEIRA, R. P., DOS SANTOS, S. F., DE SOUZA, L., DE OLIVEIRA REIS, D. Ocorrência de pneumonia em carcaças de bovinos abatidos submetidos ao controle do serviço de inspeção federal, no período de 2006 a 2009. PUBVET, Londrina, V. 6, N. 4, Ed. 191, Art. 1285, 2012.

SLOMPO, D., BERTAGNON, H. G., HORST, E. H., NEUMANN, M., MAREZE, J., SOUZA, A. D., STADLER JÚNIOR, E. S., GOLDONI, I., ASKEL, E. J. Manejo do complexo respiratório bovino em confinamento: Revisão. Pubvet, 11, n. 4, pp.381-392. 2017.

SNOWDER, G. D., VAN VLECK, L. D., CUNDIFF, L. V., BENNETT, G. L. Bovine respiratory disease in feedlot cattle: environmental, genetic, and economic factors. Journal of animal science, 84(8), 1999-2008. 2006.

RADOSTITS, O. M., GAY, C. C., BLOOD, D. C. HINCHCLIFF, K.W. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suinos, caprinos e equinos, 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2002.

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