Protocolos de combate as mastites por Staphylococcus aureus

A mastite, enfermidade caracterizada pela inflamação da glândula mamária, é altamente impactante na pecuária leiteira, considerada a principal enfermidade da atividade. Dentre os diversos agentes causadores de mastites, o Staphylococcus aureus (S. aureus) é o principal, tanto na gravidade das infecções, quanto na prevalência nos rebanhos leiteiros (Salasia et al., 2004). Comumente a transmissão desse patógeno ocorre durante a ordenha, entretanto, estudos comprovam a relação entre o aparecimento de novos casos com a elevação dos índices pluviométricos (Ferreira et al., 2006).

Alguns fatores são responsáveis pela alta virulência desse agente etiológico, como a alta capacidade de multiplicação e penetração nos tecidos mamários, produção de coagulase, (enzima capaz de formar coágulos), além da produção de diversas outras toxinas. Todos esses fatores são responsáveis pela composição de um fenômeno complexo de patogenicidade estafilocócica (Cunha Neto et al., 2002; Silva e Gandra, 2004).

As mastites por S. aureus se caracterizam principalmente por infecções de longa duração, com tendência a cronificação, grande diminuição na produção de leite e baixa taxa de cura (Sabour et al., 2004). Vários são os fatores que podem interferir na cura bacteriológica da vaca quando se utiliza da terapia antimicrobiana, com destaque ao estágio da ocorrência da infecção, presença de bactérias em abscessos e incapacidade de defesa das células (Diniz et al., 1998).

Os tratamentos medicamentosos disponíveis para o combate das mastites devem ser preferencialmente administrados por via intramamária e em alguns casos por outras vias de aplicação sistêmicas (COSTA et al., 1999, COSTA, 2002; SANDHOLM et al., 1990). Em casos severos onde há maior comprometimento, anti-inflamatórios são necessários para controlar a dor, edema e febre do animal (SEARS & MCCARTHY, 2003).

Algo muito importante que precisa ser levado em consideração na terapia direcionada aos S. aureus é a duração do tratamento. Nesse caso a indicação é a realização da terapia estendida, que consiste na utilização prolongada de antimicrobiano, por no mínimo 6 a 8 dias, apresentando melhores resultados do que a terapia convencional (até 60% de diferença). Estudos mostram que a utilização desse método contribui com a redução das células somáticas (CCS), melhoria na qualidade do leite e aumento na produção (SANTOS, 2004).

Outra modalidade é a terapia combinada, em que há utilização conjunta de infusão intramamária com tratamento sistêmico. A ideia deste tratamento é aumentar a concentração do antibiótico nos locais inflamados e de difícil acesso no úbere. Pesquisas confirmam a efetividade dessa modalidade terapêutica, dobrando a possibilidade de cura quando comparado ao uso do intramamário isolado (SANTOS, 2004).

Vacas crônicas, com mais de duas lactações e com histórico de mastite tem pouca chance de cura. Nesses casos, mesmo utilizando a terapia combinada associada a terapia estendida, recomenda-se antecipação da secagem, inativação do teto e até o descarte do animal (ONFARM, 2020).

A sugestão de protocolo JA para mastites causadas por S. aureus é a utilização do intramamário Mastite Clínica VL, associado ao uso injetável de Diclotril, por 7 dias consecutivos. Mastite Clínica VL é uma formulação completa à base da associação antimicrobiana sinérgica de Amoxicilina e Clavulanato de Potássio, com a Prednisolona, anti-inflamatório que atua na redução da dor e edema local. Já o Diclotril é uma associação de Enrofloxacina com Diclofenaco de Sódio, que combate de forma sistêmica a infecção, além de reduzir a febre e a inflamação local.

 

Referências

SABOUR, P.M.; GILL, J.J.; LEPP, D. et al. Molecular Typing and Distribution of Staphylococcus aureus Isolates in Eastern Canadian Dairy Herds. J. Clin. Microbiol., v.42, p.3449-3455, 2004.

DINIZ, M.A.P.R.; BRANDÃO, S.C.C.; FARIA, E. et al. Tratamento de mastite subclínica e clínica, em vacas lactantes, com ácido acetilsalicílico, mastenzin e associação mastenzin com ácido acetilsalicílico. Hora Vet., n.18, p.27-33, 1998.

SEARS, P.M. & MCCARTHY, K.K. Diagnosis if mastitis for therapy decisions. Vet. Clin. Food Anim. Pract., v.19, p.93-108, 2003.

COSTA, E.O.; RAIA, R.B.; GARINO JUNIOR, F.; WATANABE, E.T.; RIBEIRO, A.R.; GROFF, M.R. Presença de resíduos de antibióticos no leite de pequena mistura de propriedades leiteiras. NAPGAMA, v.2, n.1, p.10-13, 1999a.

SANDHOLM, M.; KAARTINEN, L.; PYÖRÄLÄ, S. Bovine mastitis – why does antibiotic therapy not always work? An overview. J. Vet. Pharmacol. Ther., v.13, n.3, p.248-260, 1990.

 

FERREIRA, L.M. et al. Variabilidade fenotípica e genotípica de estirpes de Staphylococcus aureus isoladas em casos de mastite subclínica bovina. Ciênc. Rural, v.36, p.1228-1234, 2006.

SLASIA, S.I.O. et al. Comparative studies on pheno and genotttttypic properties of Staphylococcus aureus isolated from bovine subclinical mastits in central Java in Indonesia and Hesse in Germany. J. Vet. Sci., v.5, p.103-109, 2004.

SILVA, W.P.; GANDRA, E.A. Estafilococcos coagulase positiva: patógenos de importância em alimentos. Hig. Aliment., v.18, p.32-40, 2004.

CUNHA NETO, A.; SILVA, C.G.M.; STAMFORD, T.L.M. Staphylococcus enterotoxigênicos em alimentos em natura e processados no estado de Pernanbuco, Brasil. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.22, p.263-271, 2002.

SANTOS, Marcos Veiga. Avanços no tratamento da mastite subclínica causada por Staphylococcus aureus. 2004. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/avancos-no-tratamento-da-mastite-subclinica-causada-por-staphylococcus-aureus-parte-2-20060n.aspx. Acesso em: 14 jul. 2004.

ONFARM. O que você precisa saber sobre S. aureus. 2020. Disponível em: http://onfarm.com.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-s-aureus/. Acesso em: 14 jan. 2021.

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