Verminoses em equinos

As verminoses em equinos podem causar diversos problemas, como: fraqueza, perda de peso, pelagem áspera e quebradiça, cólicas e até mesmo a morte. Nesse contexto, medidas de prevenção e controle são imprescindíveis.

Introdução

O rebanho equino brasileiro superou a marca de 5 milhões de cabeças (CNA, 2021). Para se manter nesta posição e atender às exigências de seus criadores é fundamental que estes animais sejam livres de doenças. Neste sentido, o entendimento das enfermidades parasitárias ganha destaque. Os equinos são susceptíveis tanto aos parasitos externos (ectoparasitos), quanto aos internos (endoparasitos ou vermes). A prevalência, intensidade e gravidade das verminoses são influenciadas pelo clima, raça, categoria animal, manejo, nutrição, imunidade e espécies dos helmintos parasitos (MOLENTO, 2005).

Dentre os vermes dos equinos, destacam-se: pequenos estrôngilos ou cistostomíneos (são mais de 50 espécies compreendidas em 13 gêneros); grandes estrôngilos (Strongylus vulgarisStrongylus edentatusStrongylus equinusTriodontophorus serratus); Parascaris equorumOxyuris equi; Strongyloides westeri; Trichostrongylus axeiHabronema spp; Anoplocephala spp e larvas do díptero Gasterophilus spp;

 

Pequenos estrôngilos

Os pequenos estrôngilos também são conhecidos como ciatostomíneos e afetam o peristaltismo e a conversão alimentar. Estes parasitos habitam o ceco e cólon e são responsáveis pela formação de nódulos na parede do trato gastrintestinal, a medida em que ocorrem mudanças de estágios larvais. Vale ressaltar que os pequenos estrôngilos são muito prevalentes e compreendem mais de 50 espécies e 13 gêneros. São exemplos deles: Cyathostomum spp., Cylicostephanus spp e Cylicosephanurus spp (MARTINS et al., 2019).

 

 

Grandes estrôngilos

Os grandes estrongilídeos parasitam as regiões do ceco e do cólon dos animais e alimentam-se de sangue e tecidos (BOWMAN et al., 2006). Além disso, são os parasitos de maior patogenicidade para os equinos, sendo visíveis a olho nu. Os animais acometidos podem apresentar perda de peso, cólicas e diarreias (TAYLOR et al., 2007). São grandes estrôngilos: Strongylus vulgaris, S. equinus, S. edentatus eTriodontophorus serratus.

 

 

Parascaris equorum

O Pascaris equorum afeta o intestino delgado de equinos (URQUHART et al., 1998). Morfologicamente é um verme bem grande, apresentando de 15 a 30 cm de comprimento. Os danos provocados pelo parasita são mais intensos em potros, uma vez que, esses animais ainda não apresentam resistência imunológica adequada para uma resposta suficiente do organismo (LIND et al., 2009). A infecção por Pascaris equorum pode ocorrer tanto com a ausência de sinais clínicos, quanto com a presença de perda de peso, letargia, tosse, cólicas, descarga nasal ou até mesmo ocasionar o óbito do animal (LYONS, 2008). Vale ressaltar que o Pascaris equorum é responsável pela ocorrência de cólicas tromboembólicas, especialmente em potros.

 

 

Oxyuris equi

O Oxyuris equi afeta o intestino grosso dos equinos, provocando inflamações. Além disso, embora parasitos adultos não sejam considerados patogênicos, ao chegarem no lúmen intestinal, as fêmeas têm a capacidade de depositarem ovos na região perianal dos equinos. Desta forma, os animais são acometidos por prurido intenso e assim, em busca de alívio, atritam a região anal, provocando feridas no local (TRANGAY, 2008).

 

 

Strongyloides westeri

Strongyloides westeri é conhecido por parasitar o intestino delgado, principalmente de potros com pouco tempo de vida. Geralmente os animais adquirem a infecção pelo leite materno ou através da penetração da pele. Animais mais velhos podem ser acometidos pelo parasito, sem apresentarem sinais clínicos, todavia, potros (especialmente com idade inferior aos quatro meses) comumente apresentam diarreia aguda, que pode ser fatal, além de sinais de fraqueza e emagrecimento (BROWN et al., 2007 e TAYLOR et al., 2007).

 

 

Trichostrongylus axei

Trichostrongylus axei é responsável por causar gastrite em equinos (TAYLOR et al., 2007). As lesões iniciam-se com áreas circunscritas de hiperemia na mucosa gástrica, que em seguida tornam-se inflamações catarrais ou linfocíticas, podendo ocorrer a erosão do epitélio. Além disso, podem surgir necroses e ulcerações. Vale destacar que macroscopicamente, os parasitos adultos são pequenos, parecidos com um fio de cabelo, de coloração castanha (clara) avermelhada e não são fáceis de serem visualizados a olho nu. Por fim, o Trichostrongylus axei ganhou bastante importância nos casos pelos quais equinos dividem o mesmo pasto com bovinos, uma vez que esse parasito é comum às duas espécies de hospedeiros supracitados.

 

 

Gasterophilus spp. 

O Gasterophilus nasalis é a espécie mais importante deste díptero no Brasil. Quando as larvas atingem a cavidade bucal dos equinos, há ocorrência de estomatite com ulceração da língua e ao chegarem ao tecido gástrico provocam reações inflamatórias, com úlceras consequentes. As moscas geralmente são robustas, com corpo bastante coberto por pelos amarelados. Já as larvas, presentes no estômago ou eliminadas através das fezes, são cilíndricas e de coloração laranja-avermelhada.

 

 

Habronema spp.

A Habronema spp. é responsável pela Habronemose. De forma prática, a mosca doméstica passa a ser um hospedeiro intermediário ao pousar em fezes de animais infectados, entrando contato, em seguida, com ferimentos exsudativos. Assim, a larva é transmitida e forma-se uma ferida bastante difícil de ser tratada e curada. Ocorrem lesões de pele em região de canto interno do olho, abdômen e membros, sendo muito comum a presença de tecido granuloso, sem cicatrização (MURO, et al., 2008).

 

 

Dictyocaulus arnfield

Dictyocaulus arnfield acomete traqueia e brônquios dos equinos, principalmente em regiões de lobos diafragmáticos, podendo causar tosse crônica, com difícil detecção de sua prevalência (URQUHART et al., 1998). O nematoda está distribuído em todo o mundo e acomete especialmente animais mais velhos, entre 5 e 8 anos de idade, em períodos mais frios (CORREA, et al. 2007). Morfologicamente, Dictyocaulus arnfield apresenta coloração esbranquiçada, comprimento longo e espessura fina. 

 

 

Anoplocephala spp.

O Anoplocephala spp localiza-se no intestino delgado dos equinos (BEROZA et al., 1983; OWEN et al., 1989). Seu ciclo biológico inicia-se quando o parasita adulto libera proglotes com ovos nas fezes do hospedeiro e assim esses ovos são ingeridos por uma espécie de ácaro, comum em pastagens e feno (TAYLOR et al., 2007). Entre dois e quatro meses dentro do organismo do ácaro a larva passa a ser infectante. Dessa forma, ao se alimentarem os equinos ingerem esses ácaros junto ao pasto ou feno e assim são acometidos. Entre os sinais clínicos encontram-se: perda de peso, retardo de crescimento, presença de pelos quebradiços e arrepiados (em jovens animais) e anemia, nos casos de cronicidade (FORTES, 1993).

 

 

Prevenção e Tratamento

De forma geral, as verminoses impactam na redução do desempenho dos animais, sendo necessárias medidas de prevenção e de tratamento. Existem resultados favoráveis através da realização de manejo sanitário e manejo de pastagens (SEQUEIRA, 2001; MOTA et al., 2003). Além disso, entre as possibilidades de princípios ativos a serem utilizados na vermifugação de amplo espectro está o Pamoato de Pirantel, podendo ser utilizado com segurança em animais jovens ou durante a gestação (MARTIN, 1997; BOWMAN et al., 2006).

 

 

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Equijet é um antiparasitário em pasta, de amplo espectro de ação, baseado na associação de dois potentes princípios ativos anti-helmínticos: a Ivermectina e o Pamoato de Pirantel. É indicado para o tratamento e controle de parasitoses internas em equinos. Sua atuação abrange todos os vermes redondos dos equinos, além das larvas do díptero Gasterophilus spp.

O produto atua provocando uma paralisia nos helmintos, seguida de morte e eliminação pelo peristaltismo. Sua administração deve ser feita via oral, aplicando no fundo da boca do animal (sem a presença de alimentos), na dosagem de 5g para cada 100 kg de peso. Recomenda-se que seja feita a vermifugação dos animais pelo menos três vezes ao ano, cumprindo intervalos de 4 meses entre as administrações.

 

 

Texto: Juliana Melo
Médica Veterinária – JA Saúde Animal

 

 

Referências

BOWMAN, D.D.; LYNN, R.C.; EBERHARD, M,L, ALCARAZ, A. Parasitologia Veterinária de Georgis, 8. ed. Tamboré: Editora Malone, 2006. 422p.

Brown C.C., Baker D.C. & Barker I. 2007. Gastroeintestinal helminthosis, p.232-260. In: Maxie M.G. (Ed.), Jubb, Kennedy, and Palmer’s Pathology of Domestic Animals. Vol.2. 5th ed. Saunders Elsevier, Philadelphia.

CNA. Pesquisa Pecuária Municipal 2020. Comunicado Técnico. 30ª ed. 2021. Disponível em: https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/boletins/Comunicado-Tecnico-CNA-ed-30_2021.pdf. Acesso em: 17 de fev. 2022.

LIND E.O. AND DAN CHRISTENSSON. Anthelmintic efficacy on Parascaris equorum in foals on Swedish studs. Published: 22 November 2009. Acta Veterinaria Scandinavica, 2009, 51:45 doi:10.1186/1751-0147-51-45.

LYONS ET, TOLLIVER SC, IONITA M, COLLINS SS: Evaluation of parasiticidal activity of fenbendazole, ivermectin, oxibendazole, and pyrantel pamoate in horse foals with emphasis on ascarids (Parascaris equorum) in field studies on five farms in Central Kentucky in 2007. Parasitol Res, 2008, 103:287-291.

MARTIN, R.J. Modes of action of anthelmintic drugs. Veterinary Journal, v.154, p.11-34, 1997.

MARTINS, N. S.; PINTO, D. M.; CUNHA, L. L. da; LIGNON, J. S.; CARDOSO, T. A. E. M.; MUELLER, A.; PAPPEN, F. G.; NIZOLI, L. Q. Ciatostomíneos: uma revisão sobre a biologia, importância clínica e controle. Pubvet, [S.L.], v. 13, n. 2, p. 1-7, fev. 2019. Editora MV Valero. http://dx.doi.org/10.31533/pubvet.v13n2a266.1-7. Disponível em: https://www.pubvet.com.br/artigo/5572/ciatostomiacuteneos-uma-revisatildeo-sobre-a-biologia-importacircncia-cliacutenica-e-controle. Acesso em: 04 fev. 2022.

MOLENTO, M.B. Resistência parasitária em helmintos de equídeos e propostas de manejo. Ciência Rural, 2005; 35(6):1469-1477. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cr/a/cfwScGfyXKWpwZxZXRq4ZHN/?lang=pt. Acesso em: 04 fev. 2022.

MOTA, A.M.; CAMPOS, A.K.; ARAÚJO, J.V. Controle biológico de helmintos parasitos de animais: estágio atual e perspectivas futuras. Revista Pesquisa Veterinária Brasileira, v.23, n.3, p.93-100, 2003.

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URQUHART, G. M; ARMOUR, J; DUNCAN, J. L; DUNN, A. M; JENNINGS, F. W. Parasitologia Veterinária. 2ª ed. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara Koogan, 1998.

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