A endometrite é uma inflamação uterina, que pode se manifestar de maneira aguda ou crônica. Nesse texto, conheça um pouco mais sobre a forma crônica, meios de diagnóstico e tratamento.
Introdução
As enfermidades que acometem o sistema reprodutor dos bovinos leiteiros geralmente são responsáveis por grandes perdas econômicas. Fatores como queda na produção leiteira e aumento considerável nos intervalos entre partos e no descarte dos animais representam alguns impactos negativos na atividade (HUSZENICZA et al., 1999; LEBLANC et al., 2002a; SHELDON et al., 2009). Nessa perspectiva, uma das doenças mais prevalentes no rebanho, atingindo 10 a 20% dos animais, é a endometrite (LEBLANC, 2008).
Endometrite Aguda
Endometrite aguda, também chamada de metrite, consiste em uma inflamação, de curso agudo, que envolve toda a parede do útero, comprometendo principalmente o endométrio (SANTOS; ALESSI, 2017). Sua ocorrência é muito comum entre as duas primeiras semanas pós-parto e geralmente está associada a problemas como distocia, retenção de placenta e aborto (SMITH, 2006).
Os principais sinais clínicos são: descarga uterina fétida de coloração vermelha-acastanhada e febre (>39,5ºC). Em casos mais graves, podem surgir sinais como: queda da produção de leite, inapetência, desidratação e toxemia (DRILLICH et al., 2001; SHELDON et al., 2006).
Endometrite Crônica
Para conceituar a endometrite crônica é necessário tratar sobre a forma aguda. A apresentação aguda ocorre logo após o parto apresentando os sinais clínicos da inflamação como, dor, rubor, calor, inapetência. Em contrapartida, a forma crônica, que geralmente é consequência da aguda, surge incialmente de maneira silenciosa, o que exige atenção ainda maior. Os sinais clínicos da forma crônica frequentemente ocorrem depois da regressão uterina. Os mais característicos são: repetição de cio e presença de muco turvo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser feito através do exame vaginal, focando na detecção da secreção anormal purulenta ou mucopurulenta na vagina e na cérvix (BRETZLAFF, 1987; LEBLANC et al., 2002a). Dentre os principais métodos podemos citar o de referência (Vaginoscopia, usando o espéculo vaginal) ou a coleta e análise de muco pelo uso de um equipamento chamado Metricheck.
Outra possibilidade está no uso da ultrassonografia, no intuito de checar a presença de conteúdo no lúmen uterino e suas características (KASIMANICKAM et al., 2004; BARLUND et al., 2008). É importante mencionar que quanto maior a quantidade de muco presente, maior é o grau da contaminação bacteriana (KASIMANICKAM et al., 2004). Algumas análises laboratoriais podem ser feitas através da coleta de conteúdo uterino ou por biópsias endometriais, especialmente em momentos pelos quais a avaliação clínica não é suficiente para detecção de alterações.

3 – (exsudato contendo >50% de material
purulento, usualmente branco ou amarelo.
SHELDON et al. (2006).
Protocolo de Tratamento
Em geral, o tratamento da endometrite crônica visa a redução da carga bacteriana, aumento das defesas uterinas e dos mecanismos de reparo, para desta maneira controlar as alterações inflamatórias que prejudicam a fertilidade (LEBLANC et al., 2002b). Em suma, o protocolo consiste na remoção de conteúdo purulento, através da curetagem química, administração de antimicrobianos e a indução do estro (LEBLANC, 2008). Nesse viés, a JA Saúde Animal recomenda a utilização do Metrifim, medicamento antimicrobiano à base de Oxitetraciclina e mucolítico.
Conheça o Metrifim!
- Metrifim é recomendado para o tratamento local da endometrite crônica.
- Deve ser aplicado após a involução uterina, aproximadamente 30 dias após o parto.
- O tratamento compreende uma aplicação diária intrauterina de um frasco de 100 ml durante 3 dias seguidos.
- É importante que as infusões sejam realizadas fora do período de cio para que não ocorra refluxo do medicamento.
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Referências
BARLUND, C.S et al. A comparison of diagnostic techniques for postpartum endometritis in dairy cattle. Theriogenology, v.69, p.714–723, 2008.
BRETZLAFF, K.N. Rationale for treatment of endometritis in the dairy cow. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 3, p.593–607, 1987.
DRILLICH, M; Beetz O, Pfützner A, Sabin M, Sabin HJ, Kutzer P, Nattermann H, Heuwieser W. Evaluation of a systemic antibiotic treatment of toxic puerperal metritis in dairy cows. J Dairy Sci. 2001 Sep;84(9):2010-7. doi: 10.3168/jds.S0022-0302(01)74644-9. PMID: 11573780
HUSZENICZA, G.; HIRVONEN, J.; KULSCÀR, M. & PYORALA, S. Acute-phase response in dairy cows with acute postpartum metritis. Theriogenology. 51, 1071-1083. 1999.
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LEBLANC, S.J. et al. Defining and diagnosing postpartum clinical endometritis, and its impact on reproductive performance in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.85, p.2223–2236, 2002a.
LEBLANC, S. J.; DUFFIELD, T. F.; LESLIE, K. E.; BATEMAN, K. G.; KEEFE, G. P.; WALTON, J. S. & JOHNSON, W. H. Definig and diagnosing postpartum clinical endometritis and its impact on reproductive performance in dairy cows. Journal of Dairy Science. 85, 2223-2236. 2002b.
LEBLANC, S.J. Special Issue: Production diseases of the transition cow. Postpartum uterine diseases and dairy herd reproductive performance: A review. Veterinary Journal; v.176, n.1, p.102–114, 2008. doi:10.1016/j.tvjl.2007.12.019
SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.
SHELDON, I. M.; CRONIN, J.; GOETZE, L.; DONOFRIO, G. & SCHUBERTH, H.J. Defining postpartum uterine disease and the mechanisms of infection and immunity in the female reproductive tract in cattle. Biology of Reproduction. 81(6), 1025-1032. 2009.
SHELDON, I.M. et al. Defining postpartum uterine disease in cattle. Theriogenology, v.65, p.1516–1530, 2006. doi:10.1016/j.theriogenology.2005.08.021
SMITH, B. P. Medicina interna de grandes animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2006.
