Mastite por Staphylococcus em novilhas, como prevenir?
Mastite por Staphylococcus em novilhas, como prevenir?

A mastite, inflamação do tecido mamário, muito comum em vacas leiteiras adultas, também pode ocorrer em novilhas. Entre os principais agentes etiológicos encontram-se os Staphylococcus. Conheça as principais formas de prevenção!

 

O que é Mastite?

De forma geral, a mastite ou mamite consiste em uma inflamação da glândula mamária que pode acometer todas as espécies domésticas, tendo grande importância principalmente na bovinocultura, devido aos impactos negativos na produção. Geralmente a infecção mamária ocorre por via ascendente, através do canal do teto, por via hematógena ou por lesões nas regiões dos tetos ou úbere (SANTOS; ALESSI, 2017).

Agentes contagiosos x Agentes ambientais

Os agentes causadores são divididos basicamente em duas categorias sendo: contagiosos ou ambientais. A mastite contagiosa apresenta alta incidência de casos subclínicos, maior contagem de células somáticas (CCS) no leite e longa duração, o que influencia na queda da produção. Sua transmissão está bastante associada ao compartilhamento de utensílios, ocorrendo de animal para animal (SANTOS, 2012). Além disso, os agentes causadores mais comuns são: Staphylococcus coagulase negativa, Staphylococcus aureus, Streptococcus agalatiae, Corynebacterium bovis (SANTOS, 2007).

 

Em contrapartida, a mastite ambiental manifesta-se de forma aguda, tendo menor duração e maior incidência de casos clínicos. Entre os agentes mais comuns estão os coliformes (Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterobacter sp.) e os estreptococos (exceto o Streptococcus agalactiae). Sua transmissão ocorre a partir da exposição dos tetos aos ambientes contaminados (SANTOS, 2012).

Mastite em novilhas

A mastite é considerada a doença mais comum entre vacas leiteiras adultas. Estudos mostram que em cada grupo de 10 animais é possível perceber a presença de inflamação aparente em três deles (THIMOTHY, 2000 apud PERES NETO; ZAPPA, 2011). Todavia, além da ocorrência em vacas leiteiras adultas, a mastite pode acometer as novilhas, tanto por agentes contagiosos, quanto por agentes ambientais. Geralmente, nas novilhas apresenta-se de maneira subclínica, sem a presença de sinais aparentes (MAFFI et al., 2010).

 

É importante destacar que a presença dessa enfermidade em novilhas merece atenção, uma vez que o maior desenvolvimento do tecido da glândula mamária ocorre na primeira gestação. Ou seja, a novilha acometida por mastite possui desenvolvimento incompleto da glândula mamária, aumento da contagem de célula somática (CCS) no início da lactação e redução do potencial de produção, afetando diretamente o desempenho em lactações futuras. O principal agente etiológico da mastite em novilhas, apontado por pesquisas, é o Staphylococcus coagulase negativa (MAFFI et al., 2010).

Prevenção e Tratamento

A prevenção da mastite por Staphylococcus em novilhas, por tratar-se de mastite contagiosa, envolve três pilares: a diminuição da exposição aos agentes, o aumento da resistência imunológica dos animais e o uso de protocolos de antibioticoterapia (BLOWEY; EDMONSON, 1999; FONSECA; SANTOS, 2001 apud SIMÕES E OLIVEIRA, 2012).

 

Para controle dos agentes infecciosos no ambiente é importante estar atento ao tipo de criação das bezerras, pois uma causa muito comum de infecção ainda no bezerreiro, quando elas são criadas em baias coletivas, é a mamada cruzada. Esse comportamento ocorre quando uma bezerra mama na outra, podendo acontecer devido a alguns fatores como falta de saciedade devido a oferta inadequada de volume de leite, ingestão muito rápida (ingestão por balde ou bico de mamadeira velho) e por estresse dos animais.

 

A infecção acontece quando o leite de vacas com mastite, que não foi pasteurizado, é usado para a alimentação das bezerras. O leite ingerido pode contaminar a pele dos tetos quando uma bezerra mama na outra e por colonização, pode resultar em novas infecções. Desta forma, recomenda-se que as bezerras sejam criadas em instalações separadas, para impedir o contato entre os animais e evitar a mamada cruzada. Além disso, evitar o uso de leite de descarte para alimentação das bezerras, a menos que o leite seja pasteurizado antes de ser fornecido (MAFFI et al., 2010).

 

Outra forma de transmissão é pela ação das moscas, que podem picar a extremidade dos tetos e aumentar a transmissão de agentes causadores de mastite. Deficiências de higiene das instalações e do ambiente de criação das bezerras e novilhas também são fatores que podem aumentar o risco de novos casos de mastite em novilhas (MAFFI et al., 2010). A prevenção é baseada em melhores condições na criação das bezerras como ajustes na dieta (quantidade e qualidade do leite ofertado) e ajustes no manejo como limpeza correta do ambiente e uso de ferramentas de enriquecimento ambiental.

 

Outro meio de prevenção é o tratamento com antimicrobianos intramamários no pré-parto das novilhas, que pode ser realizado com base em dois protocolos: utilização de antibiótico para vaca seca (antibiótico de longa duração) 60 dias antes do parto e utilização de antibiótico para vacas em lactação com infusão intramamária, 7 a 14 dias antes do parto. O tratamento pré-parto apresenta excelente taxa de cura contra mastite e novilhas, no entanto, pode resultar na contaminação do leite por resíduo de antibiótico quando o intervalo entre a terapia e o parto for muito curto.

Ordenha de leite com cuidados

Controle e protocolos

A sugestão da JA Saúde Animal para o tratamento de mastite por Staphylococcus em novilhas compreende duas opções de protocolos. A primeira opção consiste na realização de terapia com antimicrobiano intramamário para vaca seca, utilizando o Intrasec VS (Cloxacilina Benzatina 600mg) 60 dias antes do parto, uma seringa por teto. A segunda opção preconiza o uso de antimicrobiano intramamário para vacas em lactação, utilizando o Mastite Clínica VL (Amoxicilina, Ácido Clavulânico e Predinisolona), em casos de novilhas que estão próximas ao parto.

 

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Consulte sempre um médico veterinário de sua confiança!

 

Texto: Juliana Melo
Médica Veterinária – JA Saúde Animal

 

REFERÊNCIAS

MAFFI, Andressa Stein; MONTAGNER, Paula; SCHWEGLER, Elizabeth; PEREIRA, Rubens Alves; CORRÊA, Marcio Nunes. Mastite em novilhas leiteiras. Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária, Pelotas, jan., 2010. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/nupeec/files/2018/01/14-MASTITE-EM-NOVILHAS-LEITEIRAS.pdf. Acesso em: 23 jan. 2022.

PERES NETO, Floriano; ZAPPA, Vanessa. Mastite em vacas leiteiras – Revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, ano IX, n. 16, jan., 2011. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/5birfPwQOBxdHFp_2013-6-26-11-19-44.pdf. Acesso em: 23 jan. 2022.

SANTOS, Marcos V. dos. Bactérias causadoras da mastite contagiosa. Milkpoint, 2007. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/bacterias-causadoras-da-mastite-contagiosa-37593n.aspx. Acesso em: 23 jan. de 2022.

SANTOS, Marcos V. dos; Tomazi, Tiago. Mastite contagiosa ou ambiental: Um diagnóstico em nível de rebanho. Revista Leite Integral, 2012. Disponível em: https://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/mastite-contagiosa-ou-ambiental-um-diagnostico-em-nivel-de-rebanho. Acesso em: 23 jan. de 2022.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

SIMÕES, Tânia Valeska Medeiros Dantas; OLIVEIRA, Amaury Apolônio de. Mastite Bovina, Considerações e Impactos Econômicos. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2012. Disponível em: http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2012/doc_170.pdf. Acesso em: 23 jan. 2022.

ZAFALON, Luiz Francisco; POZZI, Cláudia Rodrigues; CAMPOS, Fábio Prudêncio de; ARCARO, Juliana Rodrigues Pozzi; SARMENTO, Patrícia; MATARAZZO, Soraia Vanessa. Boas práticas de ordenha. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2008. Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/228631/. Acesso em: 23 jan. 2022.

 

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