Como controlar a Mastite Subclínica no rebanho?

Nesse artigo, confira detalhes sobre a Mastite Subclínica em vacas, com destaque para os principais testes de diagnósticos, medidas de profilaxia e tratamento!

Introdução

Uma das principais doenças que acometem o rebanho leiteiro é a Mastite, uma inflamação da glândula mamária que causa prejuízos econômicos decorrentes da queda da produtividade e dos gastos com tratamento dos animais acometidos. Geralmente, os agentes causadores chegam a glândula mamária através do canal do teto, por via ascendente, por via hematógena ou até mesmo por lesões diretas nos tetos ou no úbere (SANTOS; ALESSI, 2017).

O tipo de Mastite varia de acordo com o microrganismo causador e a doença pode ser manifestada de duas formas: a clínica que apresenta sinais que podem ser detectados com facilidade na vaca e no leite, e a subclínica que não provoca alterações visíveis no leite e nem sinais de inflamação no úbere, sendo necessária a realização de exames para sua detecção (OLIVEIRA et al., 2015).

A Mastite Subclínica, foco desse artigo, é caracterizada pela queda na produção leiteira, além disso provoca mudanças na composição do leite, alterando a proteína, a lactose, os minerais e as enzimas. Nesse contexto pode haver aumento da permeabilidade vascular, favorecendo uma maior passagem de substâncias (como sódio, cloro e imunoglobulinas) do sangue para o leite. Outra característica da forma subclínica é o aumento de células somáticas no leite (CUNHA et. al, 2008 apud STEFFERT, 1993).

Como detectar a Mastite Subclínica?

A Mastite Subclínica pode ser detectada e diagnosticada no leite presente no tanque de resfriamento pelo exame da Contagem de Células Somáticas (CCS). A CCS no leite do tanque de resfriamento é uma forma de medir indiretamente a prevalência da mastite no rebanho, afinal ela aumenta de maneira primária (porém não exclusiva), na presença da Mastite Subclínica (RADOSTITS et al., 2002).

Através da CCS não é possível determinar o número de vacas acometidas pela Mastite, entretanto é possível estimar o número de quartos infectados. É importante que para a realização adequada do teste a amostra seja colhida ao acaso, preparada com reagente correto, preservada com formalina e examinada rapidamente em laboratório credenciado. Cabe ressaltar que, quanto maior a CCS no leite do tanque de resfriamento, maior a prevalência de infecção e as perdas de produção. Um resultado inferior a 200.000 células por mL indica que a vaca está sadia, ao passo que um resultado superior a 200.000 células por mL mostra a presença da Mastite Subclínica (Quadro 1) (RADOSTITS et al., 2002).

Quadro 1. Relação entre o resultado da Contagem das Células Somáticas, os quartos infectados e a perda da produção.

Contagem das células somáticas do leite do tanque de resfriamento (células/ml)Quartos infectados no rebanho (%)Perda da Produção (%)
200.00060
500.000166
1.000.0003218
1.500.0004829

Fonte: Adaptado de RADOSTITS et al., 2002.

Outra alternativa para a detecção da Mastite Subclínica é a realização do California Mastitis Test (CMT) ainda na sala de ordenha, um teste que faz a contagem de células somáticas de forma indireta, com precisão aceitável mais barato e mais rápido do que a CCS como diagnóstico. O CMT deve ser realizado pelo menos uma vez ao mês, em todos os tetos das vacas antes da ordenha e permite uma identificação rápida da situação da Mastite Subclínica. O teste é feito em uma raquete própria, onde mistura-se o leite e o reagente. Quando ocorre a presença apenas de traços, significa que o resultado é negativo, ao passo que quando há formação de gel o resultado é positivo, sendo classificado em graus 1, 2 ou 3, de acordo com a quantidade formada desse gel na amostra (Quadro 2) (RADOSTITS et al., 2002).

Quadro 2. Resultados da CMT.

ResultadoFormação do gelCMT
NegativoAusente0 – 200.000
TraçosLeve200.000 – 400.000
+Leve/Moderada400.000 – 1.200.000
++Moderada1.200.000 – 5.000.000
+++IntensaMaior que 5.000.000

Fonte: Adaptado de RADOSTITS et al., 2002.

Prevenção e Tratamento da Mastite Subclínica

A prevenção e o controle da Mastite incluem medidas como: a adequação do ambiente que deve ser limpo e seco; o manejo e o descarte dos dejetos; condução calma dos animais para evitar retenção do leite e multiplicação de microrganismos; realização de exames nos primeiros jatos de leite de todos os quartos mamários para detecção da Mastite, preparação do úbere para ordenha, desinfecção dos tetos antes da ordenha (pré-dipping) e após a ordenha (pós-dipping); manutenção dos animais de pé após a ordenha para evitar a penetração das bactérias pelo canal do teto e tratamento dos casos clínicos; descarte de vacas que tenham sido tratadas várias vezes (BRITO et al., 2002).

Para o tratamento da Mastite Subclínica a terapia de secagem efetuando o tratamento de todas as vacas ao final da lactação é um dos procedimentos mais eficazes e busca eliminar os casos subclínicos e prevenir novas infecções no período seco. Em resumo após a secagem, deve ser feita a aplicação do antimicrobiano pela via intramamária, massageando todos os tetos de baixo para cima para melhor dispersão do medicamento (BRITO et al., 2002).

Nesse sentido, a JA Saúde Animal disponibiliza como antimicrobiano o Intrasec VS, uma suspensão intramamária à base de Cloxacilina Benzatina, que é uma Penicilina semissintética de ação prolongada, em um veículo oleoso de liberação lenta, que promove ação antibacteriana por mais de 3 semanas. A atividade prolongada do produto facilita a resolução das infecções não curadas durante a lactação e previne as Mastites durante a primeira metade do período de secagem, mesmo as mais resistentes aos antibióticos. A aplicação do Intrasec VS deve ser feita utilizando uma bisnaga por teto. Para outras informações sobre esse e outros produtos JA Saúde Animal, acesse o nosso site!

Texto:

Juliana Ferreira Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

Referências

BRITO, J. R. F; BRITO, M. A.V.P.; ARCURI, E.F. Como (re)conhecer e controlar a mastite em rebanhos bovinos. EMBRAPA – Circular Técnica, Juiz de Fora, MG, Dezembro 2002.

CUNHA, R.P.L; MOLINA, L.R; CARVALHO; A.U; FACURY FILHO, E.J; FERREIRA, P.M; GENTILINI, M.B. Mastite subclínica e relação da contagem de células somáticas com número de lactações, produção e composição química do leite em vacas da raça Holandesa. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.60, n.1, p.19-24, 2008.

OLIVEIRA, V. M.; Mendonça, L. C.; MIRANDA, J. E. C.; Diniz, F. H.; GUIMARAES, A.; MAGALHAES, V. M. A. Como identificar a vaca com mastite em sua propriedade: cartilhas elaboradas conforme a metodologia e-Rural. Brasília, DF: Embrapa, 2015.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

STEFFERT, I.J. Compositional changes in cow’s milk associated with health problem. In: MILK FAT FLAVOUR FORUM, 1993, Palmerston North, New Zealand. Proceedings… Palmerston North, New Zealand: New Zealand Dairy Research Institute, 1993. p.119-125.

RADOSTITS, O. M.; GAY, Clive C.; BLOOD, Douglas C.; HINCHCLIFF, Kenneth W.Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 1737 p.

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