Desidratação em bezerros

A criação de bezerras é um dos pontos chave para o sucesso do sistema leiteiro, uma vez que um desenvolvimento saudável dos animais que nascem hoje garante a expressão de todo o potencial genético e produtivo do rebanho de amanhã. A fase de maior desafio na criação das bezerras são os primeiros 30 dias de vida, devido ao fato de o neonato bovino ser imunologicamente imaturo, pois é totalmente dependente da transferência passiva de imunoglobulinas através do colostro (Souza et al., 2015).

Dentre as doenças que mais ocorrem nesta fase de vida encontram-se as diarreias, seguidas de doenças respiratórias e infecções relacionadas a má cura do umbigo (Davis e Drackley, 1998). A diarreia é a principal causa de mortalidade e morbidade de bezerras no período neonatal e o tratamento depende da etiologia da enfermidade. Em todos os casos, o tratamento sintomático consiste, principalmente, na reposição de fluidos (água, eletrólitos e energia) a fim de reidratar o animal, bem como corrigir o desequilíbrio eletrolítico e ácido-base (Freitas, 2009).

É importante ressaltar que a reposição e manutenção da hidratação é importante não só em quadros de diarreia, mas em todas as outras enfermidades. Qualquer desconforto que o animal sinta irá ocasionar uma diminuição no consumo de água, podendo levar a desidratação.

A administração de soluções eletrolíticas nas modalidades oral e enteral é um procedimento fácil, rápido, barato e eficiente, devendo ser adotado como primeira escolha para a hidratação de bezerros. Pode ser aplicada com segurança em bezerros leve ou moderadamente desidratados e deve ser adotada desde o início do quadro clínico, impedindo que os desequilíbrios se acentuem ao longo da evolução da doença (Berchtold, 2009).

As soluções podem ser administradas por mamadeira (modalidade oral) ou por sondagem oroesofágica (modalidade enteral) em um volume de dois litros por oferta, pois é o volume compatível com a capacidade volumétrica do abomaso. A administração da solução pela mamadeira é mais indicada, pois promove a ativação do reflexo da goteira esofágica, direcionando a solução deglutida diretamente para dentro do abomaso. Isso pode não acontecer quando os bezerros apresentam sucção lenta e irregular e é certo que isto não ocorre nas administrações por sonda. Nestes casos, parte do volume administrado permanecerá algum tempo no rúmen-retículo, demorando mais tempo para chegar ao abomaso e ao intestino delgado (Smith e Berchtold, 2014).

Para que a hidratação oral seja capaz de corrigir a desidratação e os desequilíbrios eletrolíticos, é recomendável que as soluções eletrolíticas possuam composição com características desejáveis. O Sódio (Na+) deve estar presente em quantidade suficiente para suprir o déficit e restabelecer o volume de fluido no espaço extracelular. Dois ou mais agentes que facilitem a absorção de Na+ e de água pelo intestino tais como Glicose, Acetato, Propionato ou Glicina, devem ser veiculados. O Potássio (K+) também deve estar presente para repor as perdas. Um agente alcalinizante como o Acetato ou o Bicarbonato de Sódio, com a finalidade de corrigir ou amenizar a acidose metabólica. E por fim, a Glicose é necessária como fonte de energia para evitar ou reverter o balanço energético negativo (Naylor, 1990; Constable, 2003).

A solução da JA para as correções dos desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-base nos bezerros é a administração do Hidralac. Hidralac é uma solução oral hidroeletrolítica concentrada, que contém todos os eletrólitos, Glicose e agente alcalinizante, necessários para reestabelecer a saúde do bezerro desidratado. Outra vantagem é que o produto possui alta palatabilidade, podendo inclusive ser diluído na água, sucedâneo ou leite, disponível nas apresentações de 50 e 500ml.

Autores:

M.V. Hanna Prochno
Médica Veterinária – JA Saúde Animal

M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu
Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

Referências

BERCHTOLD, J. Treatment of calf diarrhea: intravenous fluid therapy. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.25, p.73-99, 2009.

CONSTABLE, P.D. Fluid and electrolyte therapy in ruminants. Vet. Clin. N. Am. Food Anim. Pract., v.19, p.557-597, 2003.

DAVIS, C.L.; DRACKLEY, J.K. The development, nutrition, and management of yong calf. In: Feeding and management of the young calf. Fowa: IWOA UNIVERSITY PRESS, 1998. 419.p.

FREITAS, M.D. Avaliação dos parâmetros clínicos e de patologia clínica em bezerros naturalmente infectados com diarréia neonatal. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, MG. 2009.

NAYLOR, J.M. Oral fluid therapy in neonatal ruminants and swine. Vet. Clin. N. Am. Food Anim. Pract., v.6, p.51-67, 1990.

SMITH, G.W.; BERCHTOLD,..J. Fluid therapy in calves. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.30, n.2, p.409-427, 2014.

SOUSA, M.V.; GONÇALVES, R.C.; LISBÔA, J.A.N.; ALMEIDA, C.T.; CHIACCHIO, S.B. Aspectos clínicos e epidemiológicos da diarréia dos bezerros em Botucatu, SP. R. Bras. Cienc. Vet., v. 7, n. 2, p. 74-77, 2000.

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