Diagnóstico e tratamento da mastite ambiental em bovinos

A mastite consiste em uma inflamação na glândula mamária, muito comum em bovinos. Conheça um pouco sobre a forma ambiental, provocada por bactérias que se encontram no próprio ambiente frequentado pelas vacas.

Introdução

Uma das principais doenças que afetam os rebanhos bovinos brasileiros é a mastite, um processo inflamatório da glândula mamária, sendo multifatorial e relacionado a diversos patógenos contagiosos e ambientais. Os principais prejuízos associados com esse problema incluem a queda na produção leiteira, aumento de descarte do leite, aumento nos custos com reposição de animais, queda do valor comercial do rebanho, custos com medicações e serviços veterinários, dentre outros.

Nesse contexto, as mastites podem ser classificadas quanto à manifestação (clínica ou subclínica) e quanto à origem do agente etiológico (contagiosa ou ambiental). Este texto abordará especificamente a mastite ambiental, incluindo questões como o diagnóstico e tratamento.

A mastite ambiental

A mastite ambiental geralmente se manifesta de forma aguda, apresentando uma menor duração e maior incidência de casos clínicos. Além disso, seus agentes mais comuns são os coliformes (Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterobacter sp.) e os estreptococcus (com exceção do Streptococcus agalactiae). Sua transmissão ocorre quando os tetos são expostos à ambientes contaminados (SANTOS, 2012).

Nesse tipo de mastite, os agentes vêm do ambiente, geralmente acontecendo nos intervalos de ordenha ou em períodos de secagem. Na mastite ambiental a infecção apresenta-se de forma curta e aguda, com queda acentuada na produção do leite e sintomas clínicos graves que podem levar as vacas à morte. Esses sintomas clínicos incluem reações inflamatórias severas, presença de grumos no leite, alterações no tecido mamário e sinais sistêmicos como febre, prostração e tremores musculares (PRESTES et al. 2003).

A prevenção da mastite ambiental está totalmente ligada à questão da higiene, nesse sentido, é interessante mencionar a existência de um plano chamado “Five Point Plain” ou “Programa de Cinco Pontos” que baseia a prevenção em cinco pilares: uso da desinfecção do teto após a ordenha, adoção da terapia da vaca seca em todo o rebanho, identificação e tratamento rápido das mastites clínicas, descarte de vacas com quadros crônicos e monitoramento regular do aparelho de ordenha (BRADLEY, 2002). Ainda como forma de prevenção é importante manter o ambiente limpo, seco e estimular a resposta imune das vacas com a vacinação, por exemplo. Por fim, uma das medidas preventivas mais importantes é o arraçoamento dos animais após a ordenha (em média por 30 minutos), como forma de evitar que os animais, ainda com o esfíncter do teto aberto, deitem em ambientes contaminados.

Como é feito o diagnóstico?

Como na mastite ambiental os animais apresentam sinais clínicos evidentes, o diagnóstico pode ser obtido simplesmente pela observação dessas alterações. Inicialmente é comum que o ordenhador perceba a presença de dor local e sinais de inflamação, podendo evoluir para febre, desidratação, fraqueza e perda de apetite. Além disso, pode ser utilizado o teste da caneca telada ou de fundo preto, em frequência periódica, para a observação de possíveis grumos nos primeiros jatos de leite. A presença desses grumos mostra que há acúmulo de leucócitos (células de defesa) indicando a existência de uma mastite clínica (MULLER, 2002).

Como controlar a mastite ambiental?

As principais formas de controle da mastite ambiental são: a diminuição da exposição dos animais aos agentes, realização de antibioticoterapia e aumento da resistência imunológica. Para diminuir a exposição dos animais aos agentes é necessário controlar as condições do ambiente, atentando-se especialmente à sala de ordenha (onde devem ser mantidos cuidados com a manutenção periódica dos equipamentos e manejo mantendo os tetos limpos e secos, além da realização do pré e do pós-dipping) (MENDONÇA, 2018).

Tratamento da Mastite Ambiental

O tratamento da mastite ambiental deve ser iniciado de forma imediata, visto o alto risco que a enfermidade representa ao animal, utilizando altas doses de antimicrobiano de amplo espectro, em intervalos curtos. A via intravenosa é recomendada para que haja efeito imediato do medicamento. Além disso, o tratamento de suporte se faz necessário, com a administração de anti-inflamatório, glicose e fornecimento de hidratação (soro).

Nesse sentido, a JA Saúde Animal disponibiliza o Gentopen, antimicrobiano de amplo espectro, composto por Benzilpenicilina Potássica e Sulfato de Gentamicina, indicado para o tratamento de infecções agudas e superagudas em bovinos e em equinos (como a mastite ambiental), devendo ser utilizado um frasco para um animal adulto de aproximadamente 500 kg, de 12 em 12 horas (por via intravenosa ou intramuscular), durante o período de três dias, no mínimo. Em associação recomenda-se o uso de um anti-inflamatório antiendotóxico (para evitar que haja toxemia), como o Flunixin Meglumine (2 mL/45 kg, via intramuscular, uma vez ao dia, durante três dias a critério do médico veterinário).

 

Texto: Juliana Ferreira Melo

Médica Veterinária – JA Saúde Animal

 

Referências

 

BRADLEY, A. J. Bovine mastitis: an evolving disease. The Veterinary Journal, v. 164, n. 2, p. 116-128, Sept. 2002. DOI: 10.1053/tvjl.2002.0724.

 

MENDONÇA, Juliana França M. de. Prevenção e controle da mastite. Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1354377/39803784/Controle-prevencao-mastite_Sinop2018.pdf/8b726857-b9a7-a2cb-9eef-c3567cad38dd?version=1.0. Acesso em: 14 de abr. 2022.

 

MÜLLER, E.E. Qualidade do leite, células somáticas e prevenção da mastite. In: SANTOS, G.T.; JOBIM, C.C.; DAMASCENO, J.C. Sul-Leite: Simpósio sobre sustentabilidade de pecuária leiteira na região sul do Brasil, Anais… Maringá: UEM/CCA/DZO- NUPEL, p. 206 – 217, 2002.

 

PRESTES, D. S.; FILAPPI, A.; CECIM, M. Susceptibilidade à mastite: fatores que a influenciam – uma revisão. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia, v. 9, n. 1, p. 48-59, 2003.

 

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antônio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

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(1) Comentário

  1. Taynara Vanessa Alves dos Santos

    J A sempre trazendo novos conhecimentos a todos.

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