Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina

A Ceratoconjuntivite é uma afecção ocular altamente contagiosa que acomete bovinos. Os primeiros sinais clínicos geralmente são lacrimejamento e fotofobia. Confira mais detalhes a seguir.

 

Introdução

Uma doença infecciosa ocular dos bovinos, com implicações econômicas, a ceratoconjuntivite é caracterizada por conjuntivite, lacrimejamento e ceratite. Também é conhecida por Queratite, Mal do Olho, Lágrima e “Pink Eye” (olho rosa), consiste em uma enfermidade altamente contagiosa que pode afetar bovinos de todas as faixas etárias, especialmente bezerros (DIAS, 2001).

A afecção raramente causa a morte dos animais, contudo acarreta prejuízos econômicos como: interrupção no ganho de peso por até duas semanas, disseminação rápida, morbidade de até 80% em bezerros e animais confinados, ulceração central da córnea e perda da visão, podendo ocorrer surtos em um intervalo de 3 a 4 semanas. Os prejuízos afetam tanto a bovinocultura de corte, quanto a de leite (REBHUN, 2000).

 

Agente etiológico e Epidemiologia

O agente etiológico da doença é uma bactéria Gram-negativa, Moraxella bovis, que faz parte da microbiota ocular de animais sadios e dos doentes, existindo várias cepas patogênicas e não patogênicas (TURNES; SANTOS, 2016). Além disso, trata-se de um microrganismo que não sobrevive bem no ambiente (fora do hospedeiro), alojando-se nas membranas mucosas de bovinos portadores e podendo permanecer por até 72 horas em órgãos salivares e na superfície corporal de moscas, que são vetores mecânicos.

Esta doença apresenta distribuição mundial, com alta prevalência e maior incidência em animais jovens e de pele despigmentada, independente do sexo. A maioria dos surtos acontece no fim do inverno e começo da primavera, sendo possível que essa sazonalidade esteja relacionada com a presença dos vetores em determinadas épocas, favorecendo a disseminação do agente etiológico (RIET-CORREA et al., 2007).

A transmissão pode acontecer por contato direto com secreções nasais ou oculares ou pelos vetores mecânicos (moscas). E existem alguns fatores que são predisponentes para a infecção como: o aumento do fotoperíodo (devido à radiação ultravioleta), o vento (por provocar o ressecamento da córnea), a poeira (por causar irritação), pastos altos (pelo risco de provocarem ferimentos) e aumento da população das moscas.

 

Sinais Clínicos

Os primeiros sinais clínicos geralmente aparecem após 72 horas após a exposição ao agente, sendo eles: lacrimejamento profuso, fotofobia (os animais fecham os olhos a fim de evitarem a luz), corrimento nasal, conjuntivite e presença de moscas no local (TURNES; SANTOS, 2016). Além disso, ocorrem lesões ulcerativas na região do centro da córnea que em casos mais complicados podem afetar o olho por completo levando o animal à cegueira. A evolução dos sinais clínicos varia de animal para animal.

 

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico pode ser obtido levando em consideração a epidemiologia e manifestações clínicas (como o lacrimejamento profuso com fotofobia), épocas do ano com atividade intensa de vetores e presença de lesões centrífugas. Para obtenção do diagnóstico definitivo pode ser feita a cultura de líquido conjuntival.

O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, evitando lesões irreversíveis da córnea, podendo ser utilizada medicação tópica como pomadas e colírios à base de Oxitetraciclina, Cefalosporina, Gentamicina e Cloranfenicol, além da aplicação subconjuntival de antibiótico e corticoide. Contudo o tratamento tópico é impraticável a campo. Dessa maneira, recomenda-se o tratamento parenteral, que pode ser feito com antibióticos à base de Oxitetraciclina e Florfenicol. Em casos especiais recomenda-se a sutura da 3ª pálpebra ou fechamento do globo ocular.

Nesse sentido, em relação ao tratamento parenteral mencionado, a JA Saúde Animal disponibiliza a Tetra-micina, um produto à base de Oxitetraciclina, com amplo espectro de ação, com administração pela via intramuscular de 1 mL/10kg de peso vivo, em dose única.

Outra opção é a administração do Vetflor, à base de Florfenicol também possui excelente ação na Ceratoconjutivite, com administração intramuscular na dose de 1 mL/15 kg de peso vivo, com aplicações a cada 48h.

 

Texto:

Juliana Ferreira Melo

Médica Veterinária / Jornalista

 

Referências

DIAS, Renata de Oliveira Souza. Pinkeye: ceratoconjuntivite infecciosa bovina. Milkpoint, 2001. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/pinkeye-ceratoconjuntivite-infecciosa-bovina-16678n.aspx

REBHUN, W. C. Oftalmopatias. In:______. Doenças do Gado Leiteiro. São Paulo: Roca, 2000. cap. 13, p. 562- 565.

RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.

TURNES, C. G.; SANTOS, J. R. G. Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina. In: MEGID, J; RIBEIRO, M. G.; PAES, A. C. Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Rio de Janeiro: Roca, 2016. cap. 5, p. 71-73.

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