Diarreia em leitões
Nos sistemas intensivos de produção de suínos, a eficiência produtiva na fase de aleitamento pode ser avaliada pelo número de leitões desmamados, pelo ganho de peso dos leitões, pela ocorrência de diarreia e pela taxa de mortalidade (Brito et al., 1995).
O período de maternidade (período pré-desmame) é quando ocorrem as maiores taxas de mortalidade. A maioria dessas mortes afeta leitões com até quatro dias de idade, sendo as primeiras 36 horas de vida o período mais desafiador. A fase de creche (período pós-desmame) também é um período crítico na produção de leitões, devido à ocorrência de problemas de ordem sanitária, principalmente a síndrome da diarreia pós-desmame e a doença do edema (Svensmark et al., 1989; Mores et al., 1995).
A estimativa da taxa de mortalidade média de leitões em aleitamento nas criações confinadas da região sul do Brasil varia entre 15 a 20%, destacando-se o esmagamento, a inanição e as diarreias, como principais causas dessas perdas (Mores et al., 1995). A importância econômica dessas diarreias não se deve somente pela morte dos leitões, mas principalmente pela redução no seu desenvolvimento, o que aumenta o número de refugos e os gastos com medicamentos (Mores et al., 2000).
Os principais agentes causadores de diarreia em suínos podem ser divididos de acordo com a frequência de sua ocorrência em cada fase. Na maternidade, os principais patógenos envolvidos com os quadros de diarreia em leitões são divididos por faixa etária. De 0-5 dias os principais agentes envolvidos são: E. coli, Rotavírus, vírus da gastrenterite transmissível suína (TGE), Clostridium spp, diarreia nutricional e Isospora. E de 6-21 dias de idade: Isospora, Rotavírus, E. coli, Strongyloides e Cryptosporidium, podendo haver também a associação entre estes agentes (Mcorist, 2005; Zlotowski et al 2008).
Na fase de creche destacam-se os agentes etiológicos bacterianos: E. coli enterotoxigênica, E. coli verotoxigênica e Salmonella sp. (Brito et al., 2000). Cepas de E. coli enterotoxigênica têm sido consideradas como a causa infecciosa mais comum de diarreia em leitões desmamados, além de serem consideradas como o principal agente etiológico em mais da metade dos casos de diarreia neonatal, até em propriedades com técnicas modernas de produção de suínos (Fairbrother, 2000). A salmonelose em leitões é comumente isolada na idade de quatro a oito semanas (Park e Ryu, 2000). Clostridium perfringes é outra bactéria causadora de diarreia grave, em geral sanguinolenta e altamente fatal em leitões em lactação. Diarreias de sangue após o desmame são, em geral, causadas por Treponema hyodisenteriae. Outras bactérias, entre elas as do gênero Pasteurella sp., são também causadoras de diarreias (Costa et al., 2004).
O diagnóstico de agentes infecciosos se baseia em monitoramento clínico e patológico, com realização de necropsias e coleta de material para exames microbiológicos, histopatológicos e moleculares (Nascimento et al., 2016). Já o tratamento consiste em antibioticoterapia de amplo espectro de ação, anti-inflamatórios para controle da dor e da febre, além da hidratação e desequilíbrio eletrolítico, já que a desidratação é a principal consequência da síndrome diarreia, principalmente em animais jovens. Dentre os antimicrobianos disponíveis atualmente, a Enrofloxacina, uma Quinolona de segunda geração, apresenta alta eficácia nos tratamentos, pois os principais agentes bacterianos envolvidos apresentam alta sensibilidade a este princípio ativo (Baccaro et al., 2002).
A sugestão da JA Saude Animal para a resolução das diarreias bacterianas em leitões é a aplicação de Diclotril®, um produto injetável à base de Enrofloxacina, associada ao anti-inflamatório Diclofenaco de Sódio, que alia combate e resolução da enfermidade, com maior bem estar ao animal.
Autores:
M.V. Hanna C. Prochno
Médica Veterinário – JA Saúde Animal
M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal
Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu
Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal
Referências
BACCARO, M.R.; MORENO, A.M.; CORRÊA, A.; FERREIRA, A.J.P.; CALDERARO, F.F. Resistência antimicrobiana de amostras de Escherichia coli isoladas de fezes de leitões com diarreia. Arq. Inst. Biol. v.69, n.2, p.15-18, 2002.
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