Afecções podais em bovinos
As afecções podais dos bovinos abrangem todas as doenças relacionadas ao casco e tecidos moles adjacentes. Estas afecções estão presentes em todos os sistemas de criação e apresentam impacto econômico negativo sobre a pecuária devido aos gastos com tratamentos, diminuição da produtividade e ganho de peso, redução na taxa de fertilidade e, consequente, descarte precoce de animais (Pardo et al., 2004; Silva et al., 2006).
As principais doenças podais dos bovinos são: dermatite interdigital, erosão ungular, dermatite verrucosa, dermatite digital, flegmão interdigital, pododermatite asséptica (laminite), pododermatite circunscrita (úlcera de sola), fissuras longitudinais e transversais, deformação ungular, doença da linha branca, hiperplasia interdigital e pododermatite séptica (necrobacilose interdigital, “footrot”) (Nocek, 1993).
Os fatores predisponentes para a ocorrência das lesões podais podem ser relacionados ao ambiente, por exemplo pisos abrasivos ou vias de passagem com muito cascalho ou piquetes sujos e/ou com muito barro. Podem também estar relacionados ao manejo da propriedade, como deficiência na limpeza das instalações e na manutenção das camas, fazendo com que os animais fiquem em pé por mais tempo. Fatores nutricionais, hereditários (animais com deficiência de aprumo) e relacionados a fase em que o animal se encontra (gestação e lactação) (Dirksen et al., 1993; Greenough, 2007), também são predisponentes a esse tipo de afecção.
A frequência dos problemas locomotores é mais alta em bovinos criados em sistema de confinamento e semiconfinamento do que em animais criados extensivamente (Ollhoff e Ortolani, 2001). Vacas leiteiras são mais acometidas por serem frequentemente criadas em regime confinado, além dos fatores hormonais e da influência do peso do úbere (Silva et al., 2006). Devido as lesões, elas permanecem deitadas por mais tempo, comem menos, têm dificuldade em se levantar e são mais sujeitas a traumatizar os tetos e desenvolver mastites (Radostits et al., 2002). Além dos problemas primários relacionados às doenças podais, vacas com cascos lesionados têm taxas de concepção mais baixas, maior prevalência de cistos ovarianos, apresentam cio silencioso, podem apresentar anestro (Dias e Marques, 2003), além de terem sua imunidade diminuída (Barkema et al., 1994; Stevenson et al., 1997; Ramos et al., 2001).
Como prevenção, indicam-se cuidados com a limpeza do ambiente; fornecimento de superfície de repouso confortável; manejos nutricionais que mantenham os animais em condição corporal adequada; casqueamento periódico; e estratégias de prevenção ao estresse por calor e às doenças reprodutivas, infecciosas e metabólicas, principalmente no período de transição. Como manejo adicional, indica-se o uso de pedilúvio com soluções de sulfato de cobre e formaldeído, descrito como altamente eficaz na prevenção das pododermatites (Radostits et al.,1994; Shearer e Van Amstel, 2017).
O tratamento das doenças podais pode diferenciar de acordo com a enfermidade, porém se resumem em cuidados com limpeza, desinfecção e debridação das feridas, curativos com bandagem, casqueamento corretivo, uso de produtos que fortaleçam o casco no caso de laminite, tacos de madeira em úlcera de sola e doença da linha branca, e controle da infecção e inflamação com antibióticos e anti-inflamatórios (Radostits et al., 2002; Shearer e Van Amstel, 2017).
Segundo Riet-Correa et al. (2007), as Penicilinas possuem excelente resultado no controle das infecções podais, assim como o Florfenicol que também é descrito como alternativa ao combate dos principais microorganismos associados às doenças podais como Fusobacterium necrophorus e Dichelobacter nodosus (Radostitis et al., 2002; Pelissoni 2013).
A sugestão da JA Saúde Animal é o uso do Benzafort®, antimicrobiano de ação prolongada à base de Penicilina Benzatina, principalmente para uso em confinamentos de gado de corte; ou do Vetflor®, antimicrobiano a base de Florfenicol, ambos com excelente resultado no controle das infecções podais. Como terapia suporte, sugere-se o uso do Prador®, anti-inflamatório não esteroidal (AINES) à base de Meloxicam, princípio ativo extremamente seguro contra problemas gastrintestinais causados pelos AINES, promovendo alívio da dor, redução da inflamação local e, consequentemente, retorno mais rápido do animal às suas atividades produtivas.
Por fim, pode-se complemetar o tratamento com a utilização do Pró-casco®, um produto inovador para uso externo que promove a impermeabilização e fixação de curativos podais, reduzindo o manejo e gastos com trocas de curativos, pois possibilita que a ferida se mantenha limpa e seca por mais tempo.
Autores:
M.V. Hanna C. Prochno
Médica Veterinário – JA Saúde Animal
M.V. Eduardo de Castro Rezende
Médico Veterinário – JA Saúde Animal
Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu
Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal
Referências bibliográficas
Barkema, W.H., Westrik, J.D., Van Keulen, K. A. S. The efeccts of lameness on reproductive performance, milk production and culling in duch dairy farms. Prev. Vet. Med., v.20, p. 249-59, 1994.
Dias, R.S.; Marques Jr., A.P. Atlas: casco em Bovinos. 2ed. São Paulo: Lemos Editorial, p.67. 2003.
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