Laminite em Equinos

O aparelho locomotor dos equinos tem importância fundamental na dinâmica da locomoção e sustentação dos animais (THOMASSIAN, 2000). Considerada uma das principais causas de claudicação em equinos, a laminite causa vários prejuízos aos proprietários de cavalos, podendo levar os animais acometidos ao afastamento de suas atividades ou até mesmo a necessidade de eutanásia (BAXTER, 1994).
A dinâmica da locomoção e sustentação dos equinos está diretamente relacionada ao estado de saúde de seu aparelho locomotor (THOMASSIAN, 2000) e uma das principais doenças que afeta esse sistema é a laminite. Considerada uma das causas mais comuns de claudicação nessa espécie, a laminite nada mais é do que a inflamação das lâminas do casco (Rucker & Orsini, 2014), que são as estruturas que fixam o casco no osso mais distal da pata do animal, osso conhecido como terceira falange.
Apesar de ser um distúrbio que atinge primariamente a região dos cascos, é uma doença sistêmica que reflete em outros órgãos do animal e pode ser classificada em fases de acordo com a gravidade das lesões, sendo elas a fase de desenvolvimento, a fase aguda e a fase crônica. Cada período possui características, diagnóstico, formas de tratamento e prognóstico diferentes (Parks, 2009 e Hinchcliff, et al., 2014). A fase de desenvolvimento é considerada a fase subclínica da doença, ou seja, mesmo já existindo uma inflamação moderada nas lâminas do casco, ainda não há a manifestação de sinais clínicos. Quanto a fase aguda, há manifestação de sinais clínicos, entretanto não há rotação da falange, situação em que o último osso do membro do animal rotaciona dentro do casco. Por fim, na fase crônica, fase mais avançada da doença, há rotação de falange e, em casos extremos, pode ocorrer o desprendimento total do casco (Huntington, et al., 2008; BAXTER, 1994).
A manifestação clínica da laminite frenquentemente ocorre de forma abrupta, sendo a dor local o sinal clínico mais característico. Além desse sinal, pode ocorrer claudicação, aumento da temperatura de um ou mais cascos, edema, aumento do pulso digital, alteração da postura (animal desloca o peso sobre os membros menos doloridos), entre outros. Em alguns casos podem ocorrer distúrbios sistêmicos, como aumento da frequência cardíaca e respiratória, anorexia e febre, endotoxemia ou septicemia (MacDonald, et al., 2006; Stokes, et al., 2010; Parks, 2011; Pollit, 2008a, Schramme & Labens, 2013).
Uma das causas mais comuns da laminite é a disfunção gastrintestinal, decorrente da ingestão de quantidades excessivas de carboidratos ou por alterações inflamatórias decorrentes de colite, duodeno-jejunite proximal e obstruções intestinais. Outros fatores também podem ocasionar a inflamação das lâminas, como traumatismos locais, decorrentes a exercício intenso ou piso inadequado, e até mesmo a retenção de placenta, abortamento, metrite e doenças metabólicas (ALLEN et al.,1990; BAXTER, 1994).
O tratamento da laminite tem o objetivo de reduzir a dor e a inflamação, bem como evitar a rotação de falange. O tratamento pode ser dividido em terapia de suporte e medicamentosa. A terapia de suporte é muito importante e envolve o uso de ferraduras e palmilhas especializadas, camas macias, crioterapia etc; já a terapia medicamentosa, é aquela baseada na administração de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos (Kaneps, 2014; Parks, 2003).
O uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais são indicados no intuito de reduzir a inflamação das lâminas e promover maior conforto ao animal, devido a dor local intensa (Rucker & Orsini, 2014). Esses medicamentos precisam ser usados com cautela em tratamentos prolongados, devido ao risco iminente de efeitos adversos renais e gastrintestinais (Parks, 2011).

A J.A Saúde Animal sugere o uso do Flumax, anti-inflamatório não esteroidal à base de Flunixin Meglumine, com ação anti-inflamatória, analgésica e antiendotóxica, desejável principalmente em laminites decorrentes da ação de toxinas gastrintestinais. Outra opção é o uso de Prador, associação sinérgica inédita de Meloxicam e Dipirona, com alta performance anti-inflamatória, analgésica e com alta segurança quanto a lesões renais e gastrintestinais, ideal para o uso em terapias prolongadas. Vale frisar que o tratamento da laminite é complexo e necessita da prescrição e acompanhamento do Médico Veterinário

 
 

Autores:

Eduardo Henrique de Castro Rezende – Médico Veterinário da J.A Saúde Animal

Prof. Dr. José Abdo Andrade Hellu – Médico Veterinário e Fundador da J.A Saúde Animal

Referências bibliográficas:

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