Terapia antimicrobiana e suas particularidades

Os antimicrobianos são amplamente utilizados na Medicina Veterinária, com finalidades que vão além do uso terapêutico. Confira mais detalhes sobre o assunto no texto a seguir!

Introdução

A maior parte dos atendimentos clínicos e cirúrgicos no campo envolvem o tratamento ou a profilaxia de processos infecciosos e/ou inflamatórios, desta forma os antimicrobianos apresentam um papel muito importante nesse contexto, contribuindo para a redução das taxas de morbidade e mortalidade (VALE, 2021). Cabe ressaltar que, os antimicrobianos são substâncias químicas utilizadas para combater os microrganismos, podendo ser classificados em inespecíficos ou específicos. Os inespecíficos, incluindo os antissépticos (empregados sobre as mucosas e pele) e os desinfetantes (usados em superfícies e objetos), agem nos microrganismos em geral, patogênicos e não patogênicos (SPINOSA et al., 2017).

Já os específicos, como os quimioterápicos (produzidos por síntese laboratorial) e antibióticos (oriundos de seres vivos), atuam nos microrganismos causadores de doenças infecciosas. O uso desses antimicrobianos (específicos) iniciou-se a partir de estudos do biólogo bacteriologista alemão Paul Ehrlich, que observou que certos corantes orgânicos apresentavam a capacidade de fixarem em alguns constituintes celulares causando efeito tóxico seletivo nos agentes etiológicos dos processos infecciosos (SPINOSA et al., 2017).

Outra classificação dos antimicrobianos é quanto à ação biológica sendo divididos em bactericidas, quando destroem a bactéria apresentando um efeito irreversível ou bacteriostáticos, quando agem inibindo o crescimento da bactéria. São exemplos de bactericidas as Penicilinas, os Aminoglicosídeos, as Cefalosporinas e as Quinolonas. São bacteriostáticos todos os Sulfonamídicos, as Tetraciclinas, Cloranfenicol e análogos, e Macrolídeos. Quanto ao espectro de ação alguns antimicrobianos agem sobre as bactérias gram-positivas (como por exemplo os estreptococos) e outros agem sobre as bactérias gram-negativas (como por exemplo as enterobactérias) (SPINOSA et al., 2017).

Existem também antimicrobianos de amplo espectro, como Tetraciclinas, Cloranfenicol e Quinolonas de 2ª geração, que agem tanto em bactérias gram-positivas quanto em gram-negativas. Quanto ao mecanismo de ação esses medicamentos podem agir na parede celular das bactérias (como por exemplo as Penicilinas e Cefalosporinas), na membrana celular (Polimixinas), na síntese de ácido nucleicos (Rifamicinas), na síntese proteica (Tetraciclinas, Cloranfenicol e Aminoglicosídeos), no metabolismo de ácido fólico (Sulfonamídicos e Trimetoprim), na DNA girasse (Quinolonas) e causando danos ao DNA bacteriano (Metronidazol) (SPINOSA et al., 2017).

É importante destacar que os antimicrobianos também podem ser classificados quanto à atividade, sendo os de concentração dependente, aqueles que quanto maior a concentração utilizada, maior a taxa de erradicação das bactérias (como os Aminoglicosídeos e as Quinolonas). Os antimicrobianos de atividade tempo dependente são aqueles que necessitam agir por alguns dias em doses adequadas para serem capazes de eliminarem as infecções, ou seja, não são eficazes em dose única (Cefalosporinas e Penicilínicos). Já nos antimicrobianos que apresentam atividade tempo e concentração dependentes, tanto o aumento da concentração quanto o tempo de ação do fármaco são essenciais para que o medicamento apresente eficácia (como os Glicopeptídeos) (SPINOSA et al., 2017).

Por fim, na terapia antimicrobiana existem dois importantes conceitos que devem ser levados em consideração, conforme a gravidade do caso clínico a ser tratado. Um deles é o de Concentração Inibitória Mínima (CIM), que consiste na menor concentração de um agente antimicrobiano capaz de inibir o crescimento microbiano (concentração bacteriostática). E o outro, Concentração Bactericida Ótima (CBO), ou seja, a menor concentração de um agente antimicrobiano capaz de reduzir a contagem microbiana em 99% (concentração bactericida) (SPINOSA et al., 2017).

Uso de antimicrobianos na Medicina Veterinária

Na medicina veterinária o uso dos antimicrobianos é ainda mais amplo, quando comparado com a medicina humana. Destacam-se quatro principais finalidades de uso: terapêutica, profilática, metafilática e como aditivo zootécnico para melhorar o desempenho dos animais. O uso terapêutico refere-se à administração em animais acometidos por doença infecciosa a fim de controlá-la. No caso da profilaxia, a utilização do antimicrobiano visa prevenir infecções, por exemplo no pós-operatório ou no período de secagem das vacas (quando há maiores riscos de contaminação), podendo ser feita em um único animal ou em todo o rebanho (SPINOSA et al., 2017).

Já a metafilaxia consiste na administração de um antimicrobiano injetável de longa ação, em doses terapêuticas, destinado a um grupo de animais em situação de risco, como forma de tratamento e prevenção. Por fim, o uso como aditivo zootécnico (normalmente em aves de produção) tem como objetivo o incremento no desempenho dos animais, incluindo melhor crescimento, menores níveis de mortalidade e maior conversão alimentar. Nesse caso são administradas baixas concentrações na própria ração, por períodos prolongados, o que merece atenção pois pode favorecer uma resistência antimicrobiana (SPINOSA et al., 2017).

Como escolher o antimicrobiano ideal?

Para a escolha correta de um antimicrobiano o ideal é que o medicamento seja seletivo, de rápida ação bactericida, com baixos níveis de toxicidade, alto nível terapêutico, baixo risco de resistência e ótimo custo-benefício. Contudo, é difícil encontrar um antimicrobiano que atenda a todos esses requisitos (COSTA e JUNIOR, 2017). Desta forma, para uma prescrição mais assertiva, é importante que a escolha do antimicrobiano seja baseada na tríade: agente etiológico (ideal que seja identificado), antimicrobiano específico para o agente e paciente (que deve ser avaliado quanto à idade, condição patológica, espécie, preservação da flora ruminal ou intestinal) (SPINOSA et al., 2017).

Linha de antimicrobianos JA Saúde Animal

A JA Saúde Animal conta com a maior e mais inovadora linha de antimicrobianos do mercado:  Penicilínicos (Gentopen, Diclopen, Vetipen, Pró-Bezerro, Benzafort, Amox LA, Mastite Clínica VL e Intrasec); Quinolonas (Diclotril, Enro 10 e Enrofloxacina 10%); Sulfonamida e Trimetropim (Vetsulfa); Aminoglicosídeo (Gentopen); Cefalosporinas (Mastclin e o Cetofur); Tetraciclinas (Metrifim, Tetra-micina, Tormicina e Paracurso); Cloranfenicol (Vetflor).

Dentre as inúmeras opções de classes antimicrobianas que a JA Saúde Animal dispõe destaca-se uma importante associação sinérgica, o Gentopen. O produto é a somatória da Penicilina Potássica (um bactericida de ação imediata mais efetivo em gram-positivas) com a Gentamicina (um bactericida para gram-negativas). A Penicilina destrói a parede bacteriana facilitando a entrada da Gentamicina no interior da bactéria paralisando a produção de proteínas nos ribossomos, provocando sua morte.

Gentopen é a única Penicilina intravenosa do mercado veterinário, podendo ser aplicada em alta concentração, com excelente ação em doenças superagudas em que o animal apresenta risco de morte como: mastite ambiental superaguda, clostridioses, peritonite, diarreia neonatal, etc. O medicamento é o único do mercado com essa formulação, apresenta altíssima eficácia e amplo espectro de ação por conter dois antimicrobianos, além disso como atinge uma grande quantidade de bactérias e doenças infecciosas, o uso pode ser feito mesmo sem identificação do agente patológico. Gentopen apresenta indicação de bula para bovinos e equinos, devendo ser administrado por via intravenosa ou intramuscular, na dosagem de 1 mL para cada 12,5 kg, de 12 em 12 horas, por 3 a 5 dias ou a critério do Médico Veterinário. Para outras informações sobre esse e outros antimicrobianos acesse o nosso site!

Juliana Ferreira Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

Referências

COSTA, A., L., P., JUNIOR, A. C. S. S.; Resistência bacteriana aos antibióticos e Saúde Pública: uma breve revisão de literatura. Estação Científica (UNIFAP) v. 7, n. 2, p. 45-57, maio/ago. 2017. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/e9dd/6f9ef66c2f4cb74b683178b78d45d83d46e6.pdf. Acesso em: 19 de março de 2023.

SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; PALERMO-NETO, J. Toxicologia aplicada à Medicina Veterinária, 6ª ed, Editora Manole, Barueri-SP, 2017.

VALE, Viviane Rosa. Resistência aos Antimicrobianos na Medicina Veterinária. 2021. 31 f. TCC (Graduação) – Curso de Medicina Veterinária, UNICEPLAC, GAMA, 2021.

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