Um importante e heterogêneo grupo de bactérias que atuam como agentes secundários da mastite, os Estafilococos não-aureus são frequentemente encontrados nas vacas e novilhas. Conheça mais detalhes sobre o assunto no texto a seguir!
Introdução
A mastite é uma inflamação da glândula mamária que pode acometer todas as espécies domésticas, sendo mais comum e mais relevante em vacas leiteiras, tendo em vista os impactos econômicos negativos, incluindo gastos com tratamento dos animais acometidos e queda da produtividade. Normalmente os agentes causadores chegam à glândula mamária através do canal do teto, por via ascendente. As infecções podem acontecer ainda por via hematógena e por lesões diretas nos tetos ou no úbere. Na maioria das vezes ocorrem alterações no leite especialmente na sua qualidade podendo apresentar exsudato purulento, fibrinoso ou até mesmo hemorrágico (SANTOS; ALESSI, 2017).
Agentes causadores da mastite
Vários agentes podem estar associados à mastite em vacas leiteiras, com destaque para as bactérias do gênero Staphylococcus, que estão divididas em Staphylococcus aureus (ou coagulase positivas) e Staphylococcus não-aureus (ou coagulase negativa). Essa última categoria, embora seja menos patogênica é frequentemente encontrada nas vacas em lactação (ISRAEL, et al., 2018). Além dos agentes etiológicos ambientais, existem bactérias classificadas como agentes secundários que podem causar inflamação leve e pouco impacto na produção de leite, como é o caso dos Estafilococos não-aureus (ENA) (SANTOS; FONSECA, 2019).
Em países onde patógenos primários da mastite (Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e coliformes) estão sob controle, os Estafilococos não-aureus estão se tornando microrganismos emergentes e importantes como agentes etiológicos da mastite subclínica (PYORALA, TAPONEN, 2009 apud TOMAZI, 2013). Contudo, a variedade de espécies e a ausência de métodos de identificação rápidos e práticos dificultam a avaliação do efeito desse tipo de mastite na produção e na composição do leite (TOMAZI, 2013). Existem várias espécies de ENA podendo ser consideradas como oportunistas, ambientais ou associadas com a vaca (como é o caso da espécie mais comum: S. chromogenes). Os principais meios de transmissão dessas bactérias são a pele dos tetos e as mãos dos ordenhadores (SANTOS; FONSECA, 2019).
Aumento da CCS no leite das vacas acometidas por ENA
A contagem de células somáticas (CCS) é um importante indicador da saúde da glândula mamária. Essas células, também chamadas de glóbulos brancos, estão presentes na corrente sanguínea atuando como células de defesa no combate aos agentes estranhos ao organismo. Desta forma, quando ocorre a invasão da glândula mamária, um mecanismo de defesa é ativado e as células saem do sangue para o interior da glândula, no intuito de eliminar os agentes. Nesse contexto, quanto maior for a incidência de mastite no rebanho, maior é a CCS no tanque, sendo considerado um animal infectado aquele que apresenta uma CCS superior a 200 mil céls/mL (CASSOLI et al., 2016).
As vacas acometidas por mastites subclínicas causadas por ENA geralmente não apresentam alteração na produção e na qualidade do leite. Contudo, é possível detectar um aumento expressivo na CCS. Em determinados casos observa-se que a CCS de quartos infectados foi aproximadamente 8 vezes maior do que em quartos mamários sadios. Diante disso, mesmo não havendo comprometimento da produtividade leiteira, a alta prevalência de mastite causada por ENA pode prejudicar a propriedade em programas de qualificação por qualidade do leite (SANTOS; FONSECA, 2019).
Como evitar a mastite por Estafilococcos não-aureus
A prevalência dos Estafilococcus não-aureus apresenta pico durante o período pré-parto, com uma redução gradual no decorrer da lactação. O controle desse tipo de mastite é difícil por conta da impossibilidade de erradicação desses patógenos no ambiente, porém um manejo preventivo deve ser aplicado com o objetivo de reduzir a umidade e a manutenção da higiene dos piquetes e instalações das vacas e novilhas no pré-parto. Algumas medidas práticas podem ser tomadas como por exemplo: um programa de controle da mastite que priorize a higiene da maternidade e a utilização de práticas de manejo a fim de reduzir a exposição do úbere aos patógenos em todas as instalações. É importante evitar o acúmulo de matéria orgânica nesses ambientes (SANTOS; FONSECA, 2019).
Tratamento
Os agentes causadores da mastite por ENA respondem bem ao tratamento, especialmente em vacas mais jovens (SANTOS; FONSECA, 2019). Para esse tipo de mastite a JA Saúde Animal recomenda como primeira opção o Diclotril, produto polivalente da linha, sendo um excelente antimicrobiano de amplo espectro de ação que combate com rapidez as bactérias causadoras da mastite permitindo um retorno mais rápido do animal para suas atividades produtivas. Diclotril deve ser administrado por via intramuscular ou por via intravenosa, na dosagem de 1 mL para 40 kg de peso corpóreo, a cada 24 horas durante 3 a 5 dias, a critério do Médico Veterinário.
Juntamente com o Diclotril é indicada a aplicação de outra ótima solução JA Saúde Animal, o Mastite Clínica VL um antimastítico completo de amplo espectro e intensa ação bactericida, composto pela moderna associação entre Amoxicilina, Clavulanato de Potássio e Prednisolona (anti-inflamatório esteroidal que atua no controle da dor e do desconforto). Mastite Clínica VL é um produto único no mercado, conferindo alta eficácia e rapidez no combate dos principais agentes causadores da mastite. Outra vantagem é seu baixo período de carência para o leite (de apenas 60 horas).
Mais uma opção pertencente ao amplo portfólio de soluções JA é o Cetofur, uma associação moderna e inovadora à base de Ceftiofur, eficaz antimicrobiano da classe das Cefalosporinas, com Cetoprofeno, anti-inflamatório não esteroidal que permite a redução da inflamação, da dor e da febre, além da recuperação rápida do animal. Cetofur tem a vantagem de ser um medicamento com carência zero no leite. Em vacas leiteiras com peso médio de 500 kg, pode ser aplicado por via intramuscular, 20 mL por dia, durante 3 a 5 dias consecutivos, a critério do Médico Veterinário, sem descarte do leite. Para maiores informações sobre esses e outros produtos da JA Saúde Animal acesse o nosso site!
Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária / Jornalista)
Referências
CASSOLI, Laerte Dagher e SILVA, Janielen da e MACHADO, Paulo Fernando. Mapa da qualidade do leite: contagem de células somáticas (CCS). . Piracicaba: Clínica do Leite – ESALQ/USP. . Acesso em: 03 jul. 2023. , 2016.
SANTOS, Marcos Veiga dos; FONSECA, Luis Fernando Laranja da. Controle da mastite e qualidade do leite: desafios e soluções. . São Paulo: Edição dos autores. . Acesso em: 03 jul. 2023. , 2019.
SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.
ISRAEL, L.F.S; RABELLO, S.C.B; MEDEIROS, L.S. Produção de biofilme por Staphylococcus chromogenes isolados de amostras de leite provenientes de rebanhos bovinos com mastite. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.70, n.6, p.1943-1949, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abmvz/a/wHvQDCZqJ8GmGw75qr758ky/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 28 jun. 2023.