5 estratégias para prevenir a desidratação em bezerros

A desidratação é um quadro delicado, que pode ter como consequência a morte dos animais. Diante disso, é importante pensar em alternativas para prevenir e tratar o problema. Confira os detalhes no artigo a seguir!

Introdução

A desidratação é uma condição grave, sendo mais comum em animais jovens. Principalmente nos bezerros pode ocasionar complicações e em alguns casos levar a morte desses animais. A perda excessiva de líquidos pode ocorrer devido a uma série de fatores incluindo: diarreia, exposição ao calor intenso e falta de ingestão adequada de líquidos. Nesse sentido, para garantir a saúde e o bem-estar dos bezerros é essencial adotar medidas preventivas, que serão mencionadas a seguir.

1) Colostragem

A placenta bovina (sindesmocorial) protege o feto (ainda no útero) contra infecções bacterianas e virais, entretanto impede a passagem de proteínas séricas de maior peso molecular (como por exemplo as imunoglobulinas) oriundas da mãe (Tabela 1). Diante disso, o bezerro nasce desprovido de anticorpos e mais susceptível a infecções, adquirindo proteção imunológica somente após a ingestão do colostro (FEITOSA, 1999).

A colostragem é fundamental para o desenvolvimento do sistema imunológico e desempenha um papel determinante para a saúde dos bezerros, evitando diversos problemas. O colostro é composto por imunoglobulinas, macro e micronutrientes, enzimas, células do sistema imune e hormônios (KIROVSKI, 2015). Além disso, contribui para a nutrição, manutenção e regulação da temperatura corporal do bezerro (LIMA, 2019).

Tabela 1. Tipos de placenta e transferência passiva de imunidade

EspécieTipoNº de camadas teciduaisTransf. de imunoglobulina pré-natalTransf. de Imunoglobulina pós-natal
Equídeos  SuínosEpiteliocorial60+++
RuminantesSindesmocorial50+++
CarnívorosEndoteliocorial4++++
PrimatasHemocorial3+++
RoedoresHemendotelial1++++

Fonte: FEITOSA (1999) apud TIZARD (1985)

2) Ambiente adequado

É muito importante que seja oferecido aos bezerros um ambiente adequado, que forneça sombra, ventilação e que evite a exposição excessiva ao calor e ao sol. Isso é necessário para que o estresse térmico e a perda excessiva de líquidos sejam evitadas. O bezerreiro argentino ou tropical, por exemplo, é um tipo de instalação bastante utilizada no Brasil, totalmente aberto e com proteção solar feita por sombrite. Outro ponto importante é o fornecimento de água limpa, fresca e em quantidade suficiente para os bezerros. A água tem a função de nutrir o tecido celular e compensar as perdas que ocorrem pela transpiração, urina, fezes, e saliva, sendo fundamental para manter a homeotermia dos animais (CAMPOS, 2001).

3) Monitoramento

Para a avaliar a desidratação é recomendada a realização de um bom exame físico, orientado por um Médico Veterinário. Embora o grau da desidratação seja frequentemente estimado, sua quantificação não é tão simples. Algumas avaliações como o turgor cutâneo e a presença de enoftalmia (aprofundamento dos olhos na órbita) podem ser feitas para verificar o grau de desidratação (FEITOSA, 2014). Para checar o turgor cutâneo, é preciso puxar a pele do pescoço do animal, soltando-a em seguida e contando os segundos até que volte ao estado normal, o ideal é que esse tempo não ultrapasse 2 segundos. Já a verificação da enoftalmia é uma maneira simples e eficaz de identificar o quadro, já que é um sinal comum em animais desidratados.

De forma geral outros sinais clínicos podem ser observados nesses casos, como por exemplo: febre, pelos arrepiados, mucosas ressecadas, sede, comprometimento da circulação, desânimo e extremidades frias. De acordo com a presença ou ausência desses sinais, além da intensidade é possível classificar o grau de desidratação (Tabela 2), informação importante para o cálculo do volume correto da reposição hídrica.  

Tabela 2. Classificação das desidratações conforme os sinais clínicos. 

DesidrataçãoSinais Clínicos
De 5 a 6%Sem sinais.
De 6 a 8%Olhos fundos, perda da elasticidade da pele e mucosas orais secas. 
De 8 a 10%Perda de peso corporal, olhos fundos mais evidentes, membranas mucosas secas e pulso aumentado.
De 10 a 14%Estado comatoso, extremidades frias e diminuição do pulso.

Fonte: Adaptado de Leite Integral (Jim Quigley).

4) Controle da Diarreia

Quando o bezerro passa por processos intensos de diarreia, a quantidade de líquidos eliminada pode chegar em até 18% do peso vivo, diariamente, evidenciando uma perda bastante significativa. Desta forma, para o controle e prevenção desse quadro é muito importante que seja identificado o agente causador, afinal isso permite que seja feito um tratamento mais assertivo e eficaz (com antimicrobianos, anti-inflamatórios e antiprotozoários). Além do combate ao agente é fundamental a administração de um antiespasmódico a fim de reduzir a motilidade intestinal e consequentemente reduzir a frequência e o volume da defecação.

5) Reposição Hidroeletrolítica

Outra estratégia está na reposição hidroeletrolítica nos bezerros. A reposição e manutenção da hidratação é muito importante não apenas em quadros de diarreia, mas em todas as outras enfermidades. Afinal, qualquer desconforto sentido pelo animal é capaz de provocar uma diminuição no consumo de água, podendo levar a um quadro de desidratação.

Nesse sentido, a administração de soluções eletrolíticas na modalidade oral (ou enteral) é fácil, rápida, barata e eficiente, devendo ser adotada como primeira escolha para a hidratação de bezerros. Essa conduta deve ser adotada desde o início do quadro clínico, no intuito de impedir que os desequilíbrios se intensifiquem no decorrer da evolução da doença, havendo reposição de água, eletrólitos e solução alcalinizante no organismo (BERCHTOLD, 2009).

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Para o controle da diarreia a JA Saúde Animal disponibiliza o Paracurso, uma solução antiespasmódica injetável à base de Oxitetraciclina e Cloridrato de Benzetimide. A Oxitetraciclina presente em sua fórmula apresenta amplo espectro de ação, agindo contra microrganismos gram-positivos e gram-negativos. O cloridrato de Benzetimide, inibe lentamente a ação da acetilcolina, reduzindo a motilidade gastrintestinal, sendo eficaz no tratamento da diarreia e consequentemente contribuindo para controlar a desidratação. Paracurso ainda contém em sua formulação Lidocaína, que por sua ação anestésica minimiza o desconforto local ocasionado pela aplicação. Sua administração deve ser feita por via intramuscular aplicando 1 mL a cada 10 kg, sendo uma dose suficiente para o tratamento.

Para a reposição hidroeletrolítica a JA apresenta o Hidralac uma solução concentrada que contém todos os eletrólitos, a glicose necessária para reestabelecer a saúde do bezerro, além do Acetato de Sódio como solução alcalinizante, responsável por corrigir o desequilíbrio ácido-base em casos de desidratação. O produto é prático e econômico, rendendo 10 doses por frasco. É necessário diluir 50 mL de Hidralac em 2 litros de leite, sucedâneo ou água e em seguida oferecer ao bezerro duas vezes ao dia pela via oral (em baldes ou mamadeiras), durante dois ou mais dias, a critério do Médico Veterinário. Hidralac apresenta alta palatabilidade, facilitando a ingestão do produto pelos bezerros. Para mais detalhes sobre estes e outros produtos JA, acesse o nosso site!

Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

Referências

BERCHTOLD, J. Treatment os calf diarrhea: intravenous fluid therapy. Veterinary Clinics os North America: Food Animal Practice, v. 25, p.73-99, 2009.

CAMPOS, A. T. de. Importância da água para bovinos de leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. 1 folha solta. (Instrução Técnica para o Produtor de Leite, 31). Qualidade do Leite e Segurança Alimentar.

CARTER, H. S. M. et al. Evaluating the effectiveness of colostrum as a therapy for diarrhea in preweaned calves. Journal of Dairy Science, v. 105, n. 12, p. 9982-9994, 2022.

DIAS, Renata de Oliveira Souza. Hidratação de bovinos: o básico deve ser bem-feito. Milkpoint. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/hidratacao-de-bovinos-o-basico-deve-ser-bem-feito-parte-1-22602n.aspx#:~:text=Os%20principais%20sinais%20cl%C3%ADnicos%20da,colapso%20circulat%C3%B3rio%2C%20des%C3%A2nimo%20e%20depress%C3%A3o. Acesso em: 25 mar. 2022.

FEITOSA. F. L. F. Importância da lfansferência da imunidade passiva para a sobrevivência de bezerros nconalos.! The impon.ance of passive immunity lransfer lO lhe survival of ncwbom calvcs./ Rev. educo conlin. CRMV-SP I ComimlOlIs Education Joumal CRMV-SP. São Paulo, volume 2. fascículo 3. p. 017 – 022. 1999.

FEITOSA, F. L. F. Semiologia Veterinária. 3ª ed. Ed. Roca, São Paulo, 2014.

KIROVSKI, D. Endocrine and metabolic adaptations of calves to extra-uterine life. Acta Veterinaria, Beograd, v. 65, n. 3, p. 297–318, 2015.

LIMA, Brunna Gonçalves Vidal de Lima. Colostragem: uma medida que pode assegurar a saúde dos bezerros neonatos. 2019

OLIVEIRA, Márcia Cristina de Sena; OLIVEIRA, Gilson Pereira de. Cuidados com o bezerro recém-nascido em rebanhos leiteiros. Circular Técnica 09 – Embrapa. São Carlos, 1996.

SENAR. Bovinocultura: primeiros socorros. Brasília: Senar, 2019. Disponível em: https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/236-Bovino-primeiros-socorros.pdf. Acesso em: 25 mar. 2022.

TIZARD. I. Imunologia veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca, 1985.329 p

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