Dermatite Digital em Bovinos

Queda no desempenho produtivo dos animais e perdas econômicas, essas são as principais consequências das doenças podais nos rebanhos bovinos, especialmente leiteiros. Conheça detalhes sobre uma dessas afecções, a Dermatite Digital!

Introdução

As doenças podais são a terceira maior causa de descarte precoce de vacas leiteiras, ficando atrás apenas da mastite e das doenças reprodutivas. Os prejuízos decorrentes dessas enfermidades estão relacionados à queda da eficiência produtiva, altos gastos com tratamento, aumento da incidência de outras doenças, resultando em perda precoce dos animais acometidos (RAMOS et al., 2001). Dentre as diversas afecções podais mais comuns nos bovinos, destaca-se a Dermatite Digital, uma ulceração superficial circunscrita que geralmente acontece na pele da face plantar da quartela, entre os talões, em contato direto com a coroa (SERRÃO, 2007).

A Dermatite Digital apresenta distribuição mundial, com alta prevalência, disseminação rápida e dificuldade de controle, sendo encontrada principalmente nos rebanhos leiteiros de várias regiões do país (LUGINBUHL E KOLLBRUNNER, 2000; NICOLETTI, 2004 apud LEÃO et al., 2008). A doença, que é contagiosa, é causada por bactérias como por exemplo: Dichelobacter nodosus, Fusobacterium necrophorum, Treponema spp. e Borrelia spp., que já foram encontradas em lesões características da doença (COLLIGHAN E WOODWARN, 1997; SILVA, 1997; DEMIRKAN et al., 2000 apud LEÃO, 2008).

Sinais Clínicos  

Os sinais clínicos variam de acordo com as três formas de apresentação da doença, que podem ser divididas em erosiva/ulcerativa, proliferativa ou hiperplásica. Na apresentação erosiva/ulcerativa a lesão apresenta odor desagradável, podendo medir de 1 a 4 cm, além disso quando é manipulada geralmente sangra facilmente sendo bastante dolorosa. Na forma proliferativa, com o passar do tempo a lesão se desenvolve formando um tecido de granulação, sendo circunscrita por bordos esbranquiçados, com fundo avermelhado e pontos claros (aspecto semelhante a um morango).

Por fim, na forma hiperplásica, quando a lesão se torna crônica, ocorre o crescimento do tecido cicatricial fibroso (tiloma), insensível ao toque e com uma fenda central profunda (NICOLETTI, 2003 apud PLAUTZ, 2013).  Cabe ressaltar que a dor, o desconforto e a perda da condição corporal dos animais com Dermatite Digital podem provocar imunossupressão, resultando em outros problemas de saúde como mastite, metrite e doenças reprodutivas (RONDELLI et al., 2017 apud CAIXETA, 2018).

Prevenção

Os fatores predisponentes para a ocorrência das lesões podais podem estar relacionados ao ambiente com destaque para os pisos abrasivos, vias de passagem com muito cascalho ou piquetes sujos e/ou com muito barro. Podem também estar relacionados ao manejo da propriedade com deficiência na limpeza das instalações e na manutenção das camas, fazendo com que os animais fiquem em pé por mais tempo. Fatores nutricionais, hereditários (animais com deficiências de aprumo) e relacionados a fase em que o animal se encontra (gestação e lactação), também são predisponentes a esse tipo de afecção (DIRKSEN et al., 1993; GREENOUGH, 2007).

A frequência dos problemas locomotores é mais alta em bovinos criados em sistema de confinamento e semiconfinamento do que em animais criados extensivamente (OLLHOFF E ORTOLANI, 2001). Vacas leiteiras são mais acometidas por serem frequentemente criadas em regime confinado, além dos fatores hormonais e da influência do peso do úbere (SILVA et al., 2006). A partir desses fatores predisponentes, é possível pensar em ações para prevenção como por exemplo: o casqueamento preventivo a fim de distribuir o peso entre as unhas do casco, detectar resíduos de lesões ou rachaduras e restituir a integridade da sola. O ideal é que o casqueamento preventivo seja feito no período de secagem das vacas, certificando-se que elas fiquem em um ambiente seco e limpo com baixa densidade de animais, o que ajuda na recuperação do casco.

Em vacas criadas em sistema de confinamento Free Stall o casqueamento preventivo deve ser feito no mínimo duas vezes ao ano. A prevenção das doenças do casco está relacionada também com uma alimentação balanceada com nutrientes que favoreçam a integridade dos tecidos epiteliais e conjuntivos, e com a qualidade e higiene do piso por onde passam os animais (PLAUTZ, 2013 apud CAIXETA, 2018). Como manejo adicional, indica-se o uso de pedilúvio com soluções de sulfato de cobre ou formaldeído, descrito como altamente eficaz na prevenção das pododermatites (RADOSTITS et al.,1994; SHEARER E VAN AMSTEL, 2017).

Tratamento

Para o tratamento da Dermatite Digital é recomendada a limpeza das lesões com água e sabão neutro (devendo ser secas posteriormente), a aplicação de sulfato de cobre e antibiótico em pó local realizando uma bandagem para proteção. A antibioticoterapia sistêmica também é muito importante, sendo a Cefalosporina um dos princípios ativos recomendados pela literatura. Uma das vantagens é que não requer o descarte do leite (SCOTT, 2011 apud PLAUTZ, 2013).

Nesse sentido a JA Saúde Animal apresenta o Cetofur, uma associação moderna e inovadora à base de Ceftiofur, da classe das Cefalosporinas de 3ª geração. Sua formulação ainda conta com o Cetoprofeno, anti-inflamatório não esteroidal que permite a redução da inflamação, da dor e da febre, o que confere maior conforto, sendo muito importante o uso nas doenças podais devido a dor intensa que causa aos animais. O Cetoprofeno tem a vantagem de ser mais seguro do que a maioria dos AINEs, pois apresenta ação moderada nas enzimas COX-1. Por conta de sua alta biodisponibilidade e carência zero, Cetofur permite resolução rápida da enfermidade, aliada com a ausência de prejuízo relacionado ao descarte do leite. Sua administração deve ser feita por via intramuscular, na dose de 1 mL para cada 25 kg de peso vivo, por 3 dias consecutivos, a critério do Médico Veterinário. 

Mais um excelente aliado no tratamento das afecções podais dos bovinos é o Pró-Casco, um impermeabilizante e fixador externo para uso em curativos e ataduras podais, proporcionando maior proteção do casco. Recomenda-se que após a limpeza, desinfecção, secagem da ferida e aplicação da bandagem (atadura) no casco, o curativo seja finalizado com o Pró-Casco. O produto oferece proteção por até 14 dias, apresenta facilidade de aplicação, é bem aderente à atadura e de fácil visualização após a secagem. Para outras informações sobre esses e outros produtos, acesse o nosso site!

Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária – Jornalista)

Referências

CAIXETA, Agnaldo F. T. de O. Dermatite Digital em Bovinos de Leite. 2018. 30 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Faculdade Anhanguera, Anápolis, 2018.

DirksenG.; GründerH. D.Stöber, M. Rosenberger: Exame Clínico dos Bovinos. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 1993.

LEÃO, Maria Auxiliadora; FIORAVANTI, Maria Clorinda; Silva, Olízio Claudino; SERAFIM, José; MOURA, Maria Ivete; CAETANO, Leandro Batista; EURIDES, Duvaldo; SILVA, Luiz Antônio Franco. Dermatite digital bovina: resposta terapêutica e custo dos protocolos adotados em duas propriedades rurais. R. bras. Ci. Vet., v. 15, n. 3, p. 111-116, set./dez. 2008 Disponível em: https://periodicos.uff.br/rbcv/article/view/7070. Acesso: 21 jul. 2023.

Ollhoff, R. D.; Ortolani, E . L. Comparação do crescimento e do desgaste do casco em bovinos taurinos e zebuínos. Ciênc. Rural, Santa Maria, v. 31, n.1, p. 67-71, 2001.

PLAUTZ, G. R. Podologia bovina. Monografia apresentada à Faculdade de Veterinária. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2013. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/handle/10183/80515?locale-attribute=es>. Acesso em: 23 jul 2023.

SERRÃO, Armando Agostinho Panhanha Sequeira. IV Manual de Patologia Podal Bovina. 2007. Disponível em: https://www.apcrf.pt/fotos/editor2/iv_manual.pdf. Acesso em: 20 jul. 2023.

Silva, L.A.F. Enfermidades digitais em bovinos confinados: uso parenteral do cobre na prevenção. Vet. Notícias. Uberlândia, v.12, n.1, p.21-28. 2006.

RAMOS, L. S. Avaliação econômica dos efeitos da pododermatite sobre a reprodução e produção dos bovinos. 1999 113 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

RONDELLI, L. A.S. et al. Doenças de bovinos no Estado de Mato Grosso diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da UFMT (2005-2014). Pesq. Vet. Bras. v. 37, n. 5, p. 432 – 440, maio 2017.

SCOTT, F. R. Musculoskeletal diseases. In: SCOTT, F. R. (Ed). Cattle medicine. London. UK: Manson publishing, 2011. Cap 7, p. 163-182.

SILVA, L. A. F.; RABELO, R. E.; FIORAVANTI, M. C. S; SILVA, M. A. M; MOURA, I. M.; TRINDADE, B. R., FRANCO, L. G.; SOARES, L. K.; BARBOSA, V. T. Dermatite digital bovina: avaliação de um protocolo terapêutico e cirúrgico para lesões nas fases inicial, erosiva e verrucosa. ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, Vol. 23, nº1, 023-031, 2007.

GREENOUGH, P. R; WEAVER, A. D. Lameness in cattle. 3rded., Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1997. 336 p.

NICOLETTI, J. L. M. Manual de Podologia Bovina. Barueri: Manole, 2004. 125 p.

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