Salmonelose em bezerros

A diarreia é um problema bastante frequente nos bezerros, sendo responsável por grandes perdas econômicas nas criações. Um dos principais agentes causadores do quadro é a Salmonella, com destaque para o sorovar Dublin. Saiba mais sobre o assunto no artigo a seguir!

Introdução

O rebanho bovino brasileiro contabilizou 224 milhões de cabeças em 2021, segundo dados do IBGE, o que reforça a expressividade da pecuária no país. Nesse contexto, para que os índices produtivos sigam em ascensão são necessários cuidados quanto aos principais problemas que podem afetar os animais em todas as fases da vida. No caso dos bezerros, muitas perdas econômicas estão relacionadas com a Salmonelose, importante causa de diarreias nesses animais, sendo responsável pela queda no desempenho, custos com tratamento e ocorrências de mortalidade. O agente causador da Salmonelose é o microrganismo do gênero Salmonella sp, aeróbio móvel, gram-negativo e na subespécie enterica destaca-se o sorotipo Dublin (SANTOS; ALESSI, 2017; VELING et al., 2002).

Transmissão

Geralmente a infecção por Salmonella ocorre quando há sua ingestão através da água ou alimentos contaminados por fezes de outros animais, sejam apenas portadores ou clinicamente doentes. Posteriormente, a bactéria chega até a parede intestinal, atingindo os linfonodos mesentéricos e o bezerro passa a apresentar o quadro de enterite e diarreia de acordo com seu estado imunológico, nível de virulência e de fatores externos como: estresse por superpopulação ou transporte, manejo inadequado, deficiências imunológicas ou nutricionais e a presença de outras doenças (RIET-CORREA et al., 2007).

Sinais Clínicos e Diagnóstico

O sorotipo Dublin é responsável por provocar manifestações sistêmicas nos bovinos, estando relacionado com sinais respiratórios, entéricos e septicêmicos (MARQUES et al., 2013). Em bezerros acometidos é possível detectar a presença de diarreia, febre alta, desidratação e pneumonia, além de poliartrite e gangrena de extremidades (WRAY e DAVIES, 2000; LOEB et al., 2006). Para o diagnóstico da Salmonelose é importante avaliar o histórico do paciente, o quadro clínico e achados de necropsia, porém para um resultado definitivo deve ser feito o isolamento do agente etiológico e provas sorológicas para identificar o sorotipo (EKPERIGIN; NAGARAJA, 1998).

Prevenção

Para a prevenção e controle da Salmonelose são necessárias boas práticas de manejo e higiene, incluindo a oferta de leite em baldes individuais (lavados e desinfetados) para a alimentação dos bezerros. Além disso, os depósitos de alimentos devem ser mantidos livres de roedores e é interessante evitar aglomerações entre animais confinados em estábulos (RIET-CORREA et al., 2007). Instalações individuais com casinhas e bezerreiros argentinos apresentam um risco menor.

Tratamento

Um estudo sobre o tratamento da Salmonelose em bezerros neonatos experimentalmente infectados reforçou a eficácia do uso do Florfenicol intramuscular (a cada 48 horas) e da fluidoterapia parenteral. A terapêutica dos pacientes reduziu a excreção fecal da bactéria e melhorou a recuperação clínica, e nos casos em que foram associados a fluidoterapia houve um controle mais rápido e eficiente do desequilíbrio hidroeletrolítico (evitando a morte dos bezerros) (SILVA et al., 2010).

Você conhece o Vetflor e o Hidralac?

Vetflor é um antibiótico de amplo espectro, à base de Florfenicol, pertencente ao grupo dos cloranfenicóis. O produto é indicado para o tratamento de diversas enfermidades causadas por microrganismos sensíveis ao Florfenicol, como é o caso da maioria das salmonelas (SMITH, 2008). Vetflor deve ser administrado por via intramuscular na dosagem de 1 mL para cada 15 kg de peso vivo, em intervalos de 48 horas.

Como alternativa para reposição hidroeletrolítica a JA oferece o Hidralac, uma solução concentrada que contém todos os eletrólitos e glicose necessários para reestabelecer a saúde do bezerro desidratado. Hidralac possui alta palatabilidade, além de ser prático (por conta de sua administração oral) e econômico (rendendo 10 doses por frasco). Para administração é necessário diluir 50 mL do produto em 2 litros de leite, sucedâneo ou água, e em seguida oferecer duas vezes ao dia (durante 2 ou mais dias), a critério do Médico Veterinário.

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Texto: Juliana Melo (Médica Veterinária / Jornalista)

Referências

LOEB, E.; TOUSSAINT, M.J.; RUTTEN, V.P. et al. Dry gangrene of the extremities in calves associated with Salmonella dublin infection; a possible immune-mediated reaction. J. Comp. Pathol., v.134, p.366-369, 2006.

Marques A.L.A., Simões S.V.D., Garino Junior F., Maia L.A., Silva T.R.D., Riet-Correa B., Lima E.F. & RietCorrea F. 2013. Surto de salmonelose pelo sorovar Dublin em bezerros no Maranhão. Pesquisa Veterinária Brasileira. 33(8): 983-988. DOI: 10.1590/S0100-736X2013000800006.

RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e eqüinos. 3ªed. São Paulo: Editora Varela. 2007. 532p.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

WRAY, C.; DAVIES, R.H. Salmonella infections in cattle. In: WRAY, C.; WRAY, A. Salmonella in domestic animals. Oxon: CABI Publishing, 2000. p.169-191.

Silva, D. G., Silva, P. R. L., & Fagliari, J. J.. (2010). Efficacy of florfenicol and intravenous fluid therapy for treatment of experimental salmonellosis in newborn calves. Arquivo Brasileiro De Medicina Veterinária E Zootecnia, 62(3), 499–503. https://doi.org/10.1590/S0102-09352010000300001

SMITH, B. P. Salmonellosis in ruminants. In: ______. Large animal internal medicine. 4. ed. St. Louis: Elsevier, 2008. Cap. 32, p. 877-881.

VELING, J.; BARKEMA, H.W.; SCHANS, I. et al. Herd-level diagnosis for Salmonella enterica subsp enterica serovar Dublin infection in bovine dairy herds. Prev. Vet. Med., v.53, p.31- 42, 2002.

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