Denomina-se Tristeza Parasitária Bovina (TPB) o complexo de duas enfermidades: a Babesiose e a Anaplasmose causadas por agentes etiológicos distintos, porém com sinais clínicos e epidemiologia similares (FARIAS, 2001). A Babesiose é causada por protozoários do gênero Babesia (espécies Babesia bovis e Babesia bigemina) e a Anaplasmose, causada por uma Rickettsia do gênero Anaplasma (espécie Anaplasma marginale) (SACCO, 2001). Estes são parasitas intraeritrocitários e a enfermidade que causam é devida, principalmente, à intensa destruição dos eritrócitos do hospedeiro (FARIAS, 2001). Elas são doenças distintas, que não apresentam imunidade cruzada entre si, não dependem uma da outra e exigem manejos e tratamentos próprios para cada uma (SACCO, 2001).
As babesias são transmitidas aos bovinos única e exclusivamente pelo carrapato Rhipicephalus Boophilus microplus. A transmissão do Anaplasma se dá pelo mesmo carrapato, mas também pode acontecer mecanicamente através da picada de insetos hematófagos (moscas, mutucas e mosquitos) (SACCO, 2001).
A TPB é um dos problemas sanitários de maior prejuízo econômico na pecuária bovina, que se traduz em altos índices de mortalidade e morbidade (SACCO, 2001). As perdas econômicas são decorrentes à redução na produção de leite e carne, infertilidade temporária de machos e fêmeas, custo de tratamentos, gasto com medidas preventivas necessárias quando se introduz animais de áreas livres em áreas endêmicas e, principalmente, devido à mortalidade (KIKUGAWA, 2009).
Para o diagnóstico da TPB deve ser levado em conta dados epidemiológicos, sinais clínicos e lesões observadas na necropsia. Porém, o diagnóstico definitivo e específico só é possível através do exame laboratorial, com a identificação do agente em hemácias parasitadas (FARIAS, 2001).
Para o tratamento a J.A Saúde Animal sugere o uso do Ganavet®, medicamento composto por Diminazeno e Fenazona, indicado para casos de Babesiose em bovinos, devendo ser utilizado na dosagem de 1 ml/20kg (3,5mg/kg) via intramuscular em dose única. Para combater a Anaplasmose, é indicado o uso de Diclotril®, medicamento à base de Enrofloxacina e Diclofenaco de Sódio, antimicrobiano de amplo espectro e anti-inflamatório respectivamente, devendo ser utilizado na dosagem de 1 ml/20kg, a cada 24 horas, durante 3 dias. É importante a associação dos 2 medicamentos citados, caso não tenha possibilidade de diagnosticar o agente específico que está causando a doença. Além disso, pode-se se fazer terapia suporte com Catofós® (Butafosfan + Vitamina B12), de forma a estimular a eritropoiese e aumentar o metabolismo energético, além de manter o animal na sombra, com água e alimento a sua disposição, e não ser forçado a movimentar-se.
Autores:
Ingrid Medeiros Jacintho Quirino – Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Tocantins.
Prof. Dr. Otavio Luiz Fidelis Junior – Professor da Universidade Federal do Tocantins
Referências Bibliográficas:
KIKUGAWA, Manoela Mieko. Tristeza Parasitária Bovina (Babesiose x Anaplasmose). 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Medicina Veterinária, Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), 2009.
FARIAS, Nara Amélia; RIET-CORREA, Franklin; et al. Doenças de ruminantes e equinos: Tristeza parasitária bovina, p.35-42. 2ªEdição, Vol. II São Paulo: Livraria. Varela, 2001.
SACCO, Ana Maria Sastre. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento; Embrapa. Controle/Profilaxia da Tristeza Parasitária Bovina. Comunicado técnico 38 ISSN 0100-8919, Bagé, RS Agosto, 2001.