Retenção de placenta em éguas

RETENÇÃO DE PLACENTA EM ÉGUAS

A retenção de placenta é definida como falha na expulsão de partes ou da totalidade das membranas fetais, em um intervalo de até três horas após o parto, em éguas (BLANCHARD e MACPHERSON, 2007).

A etiopatogenia da retenção placentária está relacionada a quadros de inércia uterina, distocia a exaustão do miométrio, estiramento excessivo e a lesões na parede uterina. Estas causas estão relacionadas com vários fatores como: estresse, falhas de manejo no pré-parto, placentite, deficiência de vitaminas e minerais, distensão excessiva do útero pela presença de potros muito grandes, distúrbios hormonais e hereditariedade. Contudo, comumente a retenção de placenta pode ocorrer devido a ocorrência de distocias, partos gemelares, abortos, nascimentos prematuros e natimortos. (HAFEZ, 2004; PELIGRINO, 2008).

Na égua foram estabelecidas relações entre as concentrações plasmáticas de ocitocina e cálcio com a retenção placentária. Assim, acredita-se que a concentração de ocitocina imediatamente após o parto está relacionada com o tempo de retenção placentária, ou seja, baixas concentrações de ocitocina na circulação logo após o parto podem provocar retenção (SILVA, 2008).

O sinal mais comum desta enfermidade é a presença de envoltórios pendentes na vulva, entretanto, as vezes eles permanecem no útero e não são visíveis durante o exame clínico. Se a placenta ficar retida por um ou dois dias, podem ocorrer lesões transmurais na parede uterina que induzem a migração de bactérias e mediadores inflamatórios para cavidade abdominal, resultando em alterações sistêmicas. Portanto, as éguas podem apresentar sinais de metrite, febre, depressão, desidratação, cólica e toxemia (que poderá evoluir para um quadro de laminite) (BLANCHARD e MACPHERSON, 2011).

Exames transretais e transvaginais deverão ser realizados a fim de classificar a área e o grau de extensão da retenção. Durante a palpação transretal, o útero com a placenta retida revela-se pouco involuído, distendido e flácido, e com a evolução da doença poderá ocorrer acúmulo de líquido. Já na palpação intravaginal, é possível sentir os pedaços das membranas retidas, permitindo também avaliar o conteúdo intrauterino, quanto à quantidade, cor, viscosidade e cheiro (TURNER, 2009).

Os objetivos do tratamento consistem em estimular o desprendimento e liberação da placenta e anexos, combater a infecção bacteriana e inflamação do endométrio, estimular a involução e autodefesa uterina, além de prevenir a endotoxemia e consequente laminite (PRESTES e ALVARENGA, 2006).

Para a involução uterina recomenda-se a aplicação de Cálcio diluído em solução fisiológica por via endovenosa, que irá promover vasoconstrição nos placentomas e liberação das vilosidades. O uso da ocitocina é recomendado apenas nas primeiras oito horas pós-parto (PRESTES e ALVARENGA, 2006).

Para o controle da infecção recomenda-se aplicação de antibióticos sistêmicos, devido à boa difusão intrauterina que ocorre no pós-parto. Nesse contexto, Penicilina e Ceftiofur são os princípios mais utilizados (SILVA, 2008).

Após a expulsão de todos os anexos fetais, deve ser realizada lavagem e sifonagem uterina com solução salina, cobertura antibiótica, anti-inflamatória e anti-histamínica preventiva da laminite. A realização da crioterapia nos quatro membros nas primeiras horas de desenvolvimento da doença também é uma excelente técnica para prevenção da laminite (PRESTES e ALVARENGA, 2006).

A sugestão da JA Saúde Animal é a aplicação de Lactocina e Turbo Cálcio para auxílio da liberação dos anexos fetais, o quanto antes possível após o diagnóstico da enfermidade. Para o controle da infecção intrauterina e sistêmica, indica-se a administração endovenosa de Gentopen 20 Milhões, uma associação antibiótica de Penicilina Potássica e Gentamicina, altamente eficaz para doenças que causam infecções sistêmicas. Para controle da dor, inflamação e prevenção da endotoxemia, indica-se o Flumax, um potente anti-inflamatório, analgésico, antitérmico e antiendotóxico, a base de Flunixin Meglumine.

 

Autores

 

Hanna C. Prochno

Médica Veterinária – JA Saúde Animal

 

Eduardo de Castro Rezende

Médico Veterinário – JA Saúde Animal

 

Dr. José Abdo Andrade Hellu

Médico Veterinário e Fundador da JA Saúde Animal

 

Referências

BLANCHARD, T.L. & MACPHERSON, M.L. Postparturient abnormalities. In J.C. Samper,

J.F. Pycock, A.O. McKinnon (Eds.). Current Therapy in Equine Reproduction. United States of America: Saunders. p.465-475, 2007.

 

BLANCHARD, T.L.; MACPHERSON, M. Breeding mares on foal heat. IN: MCKINNON, A.O.; SQUIRES, E.L.; VAALA, W.E.; VARNER, D.D.; Equine Reproduction. 2a ed., Hoboken: Blackwell Publishing, p.2294-2301, 2011.

 

HAFEZ, E.S.E.; HAFEZ, B. Reprodução Animal. 7ª ed., São Paulo: Manole, 503p, 2004.

 

SILVA, G.M.T.A. Retenção placentária na égua. 2008. 66p. (Dissertação de Mestrado) Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, 2008.

 

TURNER, R.M. Post-Partum Problems: The Top Ten List. In: 53rd Annual Convention of the American Association of Equine Practitioners – AAEP – Orlando, FL, USA. 2007.

 

PELIGRINO, R. C.; ANDRADE, L.R.M.; CARNEIRO, L.F. Retenção de placenta em vacas. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. n. 10, 2008.

 

PRESTES, N. C., ALVARENGA, F. C. L. Obstetrícia Veterinária. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara, p. 123 – 125, 2006.

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