Afecções podais em bovinos leiteiros: formas de prevenção e tratamento

Saiba como evitar as doenças podais em bovinos, uma das principais enfermidades que acometem rebanhos leiteiros no Brasil

Introdução

As afecções podais em bovinos consistem em doenças que afetam o casco e tecidos moles adjacentes, sendo causas importantes de claudicação. Geralmente, acontecem com maior frequência em produções de gados leiteiros e são responsáveis por gerar prejuízos econômicos. Dentre as principais enfermidades estão: dermatite interdigital, erosão ungular, dermatite verrucosa, dermatite digital, flegmão interdigital, pododermatite asséptica (laminite), pododermatite circunscrita (úlcera de sola), fissuras longitudinais e transversais, deformação ungular, hiperplasia interdigital e a pododermatite séptica, sendo a de ocorrência mais comum (NOCEK, 1993).

Para falar sobre as formas de prevenção dessas enfermidades é imprescindível conhecer os principais fatores predisponentes e nesse sentido sabe-se que as causas na verdade são multifatoriais. Contudo, muitas vezes estão relacionadas com a genética (animais com deficiências de aprumo), ambiência e/ou nutrição. Sobre os fatores ambientais, a presença de pisos abrasivos e a falta de cuidado com a higiene das instalações, fazendo com que os animais permaneçam em pé por mais tempo. Vale destacar também que fêmeas em período de gestação ou lactação também estão propensas a desenvolverem essas doenças devido a mudanças hormonais que levam à frouxidão dos ligamentos do aparato suspensor, predispondo as vacas a lesões.

Como prevenir as afecções podais nos rebanhos leiteiros?

As principais maneiras de prevenir as afecções podais nos rebanhos leiteiros são: pedilúvio, casqueamento preventivo, melhoria nas instalações e ajuste na dieta. O pedilúvio consiste em um recipiente (com fundo rugoso para evitar quedas) contendo uma solução utilizada para desinfetar o casco e tecidos adjacentes do animal no intuito de controlar processos infecciosos e melhorar a resistência dos tecidos córneos. Os produtos mais utilizados são a formalina 3-5%, o sulfato de cobre 5% e o sulfato de zinco 10% (FERREIRA et al., 2005).

Recomenda-se que as dimensões do pedilúvio tenham pelo menos 80 cm de largura, 3 metros de comprimento, 30 cm de altura e uma lâmina de água de pelo menos 15 cm, a fim de evitar desperdícios dos produtos químicos. Outro detalhe importante é a localização do pedilúvio após a ordenha a fim de evitar contaminação dos utensílios da ordenha e consequentemente contaminação do leite.

Já o casqueamento preventivo tem como objetivo equilibrar a distribuição de peso entre os dois dígitos dos membros e tirar o apoio da sola. O ideal é que seja realizado no período de secagem das vacas e nos casos em que o casco está desgastado pelos pisos das instalações o ideal é corrigir no início da lactação (FERREIRA, 2005).

Outra medida preventiva muito importante é a melhoria nas instalações a fim de amenizar o atrito do casco com o solo. Os sistemas de produção em confinamentos precisam conter camas em tamanho adequado para comportar os quatro membros dos animais, além de serem feitas com material confortável. Sem contar que o ambiente precisa ser limpo, seco, elevado do restante do piso, no intuito de evitar o acúmulo de dejetos e umidade. Além disso, podem ser utilizados pisos emborrachados (PLAUTZ, 2013). É importante ter atenção quanto aos piquetes desnivelados, com muito cascalho, sendo preciso fazer limpeza e nivelamento desses locais.

Como tratar?

Para o tratamento das afecções podais é recomendado o uso de pedilúvios de sulfato de cobre, formol ou sulfato de zinco a 5%-10%, separadamente, duas vezes ao dia (na entrada e na saída da ordenha). Em casos de doença séptica, recomenda-se a terapia antimicrobiana sistêmica (RIET CORREA et al., 2007). A JA Saúde Animal disponibiliza em seu portfólio o Cetofur, uma associação moderna e inovadora à base de Ceftiofur, eficaz antimicrobiano da classe das Cefalosporinas de 3ª geração. Cetofur conta ainda com o Cetoprofeno, anti-inflamatório não esteroidal que permite a redução da inflamação, dor e febre, antecipando a recuperação e consequentemente permitindo o retorno precoce do animal para suas atividades produtivas. O Cetoprofeno ainda tem grande vantagem de ser mais seguro do que a maioria dos AINEs, pois apresenta ação moderada nas enzimas COX-1. Por conta de sua alta biodisponibilidade e carência zero, Cetofur permite resolução rápida da enfermidade, aliada com a ausência de prejuízo relacionado ao descarte do leite.

 

 

Texto:

Juliana Ferreira Melo

Médica Veterinária – JA Saúde Animal

Referências

FERREIRA, M. P. et al. Sistema locomotor dos ruminantes. UFMG, Minas Gerais. Abr. 2005. 40 p.

 

NOCEK, J. E. Hoof Care for Dairy Cattle. Fort Atkison, Ed. W. D. Hoard & Company, p.32, 1993.

 

MILANI, A. P.; SOUZA, F. A. Granjas Leiteras nas regiões de Ribeirão Preto-SP. Engenharia Agrícola Jaboticabal, v. 30, n 4, p. 742-752, jul/ago. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eagri/v30n4/18.pdf. Acessado em: 17 jun. 2014.

 

PLAUTZ, Gustavo Roberto. Podologia Bovina. 2013. 59 f. TCC (Graduação) – Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

 

RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.C.; LEMOS, R.A.A. Doenças de Ruminantes e Equinos – 2 Edição, 2007.

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