Lipidose Hepática em vacas leiteiras

Uma condição responsável por provocar um acúmulo exacerbado de gorduras nas células do fígado, a Lipidose Hepática pode causar impactos negativos na saúde e na produtividade dos bovinos, especialmente das vacas leiteiras de alta produção. Confira os detalhes!

Introdução

Também conhecida como Esteatose Hepática, Fígado Gorduroso, Degeneração Gordurosa ou Infiltração Gordurosa, a Lipidose Hepática, comum em ruminantes, consiste no acúmulo excessivo de gordura no fígado desses animais, superando a degradação metabólica dessas gorduras ou a liberação como lipoproteínas (MACLACHLAN e CULLEN, 1998). Ou seja, o distúrbio é caracterizado pelo desequilíbrio entre a captação hepática dos ácidos graxos e sua utilização (AROEIRA, 1998, JONES; HUNT e KING, 2000).

Especialmente nas primeiras semanas de lactação, as vacas leiteiras de alta produção passam por um balanço energético negativo, já que há um alto gasto de energia para a produção de leite aliado a uma redução na ingestão de alimentos. Essa situação favorece uma lipomobilização que pode levar a um quadro de acúmulo excessivo de gordura no fígado. Como consequência disso, podem ocorrer lesões hepáticas, favorecendo o aparecimento de outros problemas metabólicos: hipocalcemia, cetose, retenção de placenta ou deslocamento de abomaso (NIELEN et al. 1994; AMETAJ et al., 2002).

A incidência de Lipidose Hepática pode chegar a atingir 60% do plantel, acarretando uma série de prejuízos como a perda de vários litros de leite por lactação, infertilidade temporária, inúmeros gastos com tratamento e índices de mortalidade quem podem chegar a 25% (SILVA, GONÇALVES; 2008). Trata-se de uma condição grave, capaz de gerar impactos negativos consideráveis na produção dos bovinos leiteiros, por isso merece atenção.

Causas da Lipidose Hepática

Vários fatores podem estar relacionados com o desenvolvimento da Lipidose Hepática, como por exemplo as hepatotoxinas (responsáveis por modificarem as funções mitocondriais e microssomais) e a ocorrência de hipóxia ou anoxia (que atrapalha a oxidação das gorduras). Contudo, uma das principais causas tem relação com a diminuição da ingestão de alimentos no pós-parto, que contribui para o aumento da mobilização de ácidos graxos dos tecidos periféricos e seu aporte no fígado. A partir disso, várias alterações metabólicas ocorrem, inclusive a quebra dos estoques de gordura presente no tecido adiposo e o consequente acúmulo de gordura no fígado. Casos mais graves podem levar o paciente a uma insuficiência hepática (SANTOS; ALESSI, 2017).

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos de um animal com Lipidose Hepática podem incluir a queda na produção, hiporexia ou anorexia, perda acentuada de peso, icterícia, diarreia amarelada e com cheiro fétido, aumento nas frequências cardíaca e respiratória, aumento de temperatura corporal, tremores musculares, incoordenação motora, ataxia e agressividade. Cabe ressaltar que em casos mais graves, é possível detectar hipoglicemia, cetonemia, aumento de ácidos graxos livres e enzimas hepáticas (ANGELI, 2013).

Prevenção da Lipidose Hepática

Para a prevenção de doenças metabólicas em geral, a nutrição adequada é imprescindível especialmente no período de transição. É preciso proporcionar um maior consumo de matéria seca (CMS) para que o balanço energético negativo seja superado logo no começo da lactação, isso pode ser feito através da oferta de forragens de alta qualidade e melhor digestibilidade. Outras medidas importantes são a separação dos lotes para reduzir a disputa por alimento antes e depois do parto e o monitoramento (no pré-parto) do consumo das vacas.

Por fim, é importante ter atenção quanto ao escore de condição corporal, uma vez que os animais precisam estar bem nutridos e ao mesmo tempo com peso adequado. Em uma escala de 1 a 5 pontos, o ideal é que a vacas cheguem ao momento da parição com um escore de condição corporal de 3,50 a 3,75. Vacas que parem com escore superior a 3,75 apresentam maior chance de desenvolverem doenças metabólicas e apresentarem menor apetite (ALMEIDA, 2003).

Tratamento da Lipidose Hepática

O tratamento da Lipidose Hepática deve ser pautado em reduzir a mobilização da gordura e em fornecer uma fonte de energia para auxiliar a atividade do fígado e eliminar o balanço energético negativo. Vale destacar que não há um tratamento específico efetivo para a Lipidose, portanto deve ser feito de forma empírica empregando o mesmo protocolo utilizado para tratar cetose. Nesse sentido, recomenda-se a administração intravenosa contínua lenta de Glicose para fornecimento de energia. Além disso, a Vitamina B12 e a Metionina podem auxiliar na prevenção do quadro por contribuírem com a síntese de lipoproteínas. Glicocorticóides podem ser utilizados a fim de aumentar a gliconeogênese no fígado, entretanto não devem ser administrados por longos períodos devido ao efeito imunossupressor no organismo (FIORENTIN, 2014).

Conheça algumas soluções JA Saúde Animal

Dentre várias soluções disponíveis para o controle e tratamento da Lipidose Hepática, a JA Saúde Animal conta com o Glicoton B12, a única associação de Glicose 50% (carboidrato essencial ao organismo, sendo a principal fonte de energia para os animais, além de ter função hepatoprotetora) com Vitamina B12 (importante na produção dos glóbulos vermelhos e no estímulo do apetite). Glicoton B12 é recomendado para a reposição de Glicose e Vitamina B12 em casos de distúrbios metabólicos (como a Lipidose Hepática). Sua administração deve ser feita por via intravenosa, uma vez ao dia, por até quatro dias ou a critério do Médico Veterinário.

Outra excelente opção para o protocolo de tratamento é o Turbo Cálcio, um repositor mineral, vitamínico, energético e protetor hepático que controla a hipocalcemia, a cetose e estimula a contração uterina. O medicamento é composto por minerais (cálcio, fósforo e magnésio), vitamina B1, sorbitol (que atua como fonte de energia, restabelece o equilíbrio ácido-básico e contribui nas insuficiências hepáticas) e a metionina (um excelente hepatoprotetor). Para o controle das principais doenças desse período, recomenda-se a administração de 500 mL nas vacas por via intravenosa lenta. Turbo Cálcio tem como vantagem ser um produto completo que proporciona maior eficácia e praticidade na aplicação.

Por fim, a JA conta com o Catofós B12, um estimulante do metabolismo energético (injetável) à base de Butafosfan e Vitamina B12 contribuindo na prevenção e no tratamento da Lipidose Hepática e outras doenças metabólicas do pós-parto visto que promove incremento energético sem que haja mobilização de gordura para o fígado. Quer saber mais sobre esses e outros produtos? Acesse o nosso site e fique por dentro de todas as novidades!

Juliana Ferreira Melo

(Médica Veterinária / Jornalista)

Referências

AMETAJ, B. N.; BRADFORD, B. J., BOBE, G.; BEITZ, D. C. Acute phase response indicates inflammatory conditions may play a role in the pathogenesis of fatty liver in dairy cows. Jounal of Dairy Science, Champaign, v. 85, suppl. 1, p. 189, 2002.

ANGELI, Natália Costa. Lipidose Hepática em várias espécies. In: Seminário da disciplina de Transtornos Metabólicos dos Animais Domésticos. Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013. Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2013/12/lipidoseNatalia.pdf. Acesso em: 26 de março 2023.

AROEIRA, L. J. M. Cetose e infiltração gordurosa no fígado em vacas leiteiras. Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1998. 23 p. (Documentos, 65).

Fiorentin, E. L. Lipidose hepática: causas, patogenia e tratamento. Seminário apresentado na disciplina Transtornos Metabólicos nos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 10 p

MACLACHLAN, N. J., CULLEN, J. M. Fígado, Sistema Biliar e Pâncreas Exócrino. In: CARLTON, W. W., McGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de Thonson. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

NIELEN, M.; AARTS, M. G.; JONKERS, A. G. et al. Evaluation of two cowside tests for the detection of subclinical ketosis in dairy cows. Canadian Veterinary Journal, Ottawa, v. 35, p. 229-232, 1994.

SANTOS, Renato de Lima; ALESSI, Antonio Carlos. Patologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 856 p.

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