Desidratação em Bezerros

A desidratação em bezerros é um quadro que merece atenção tendo em vista consequências como a acidose metabólica e até mesmo a morte do animal. Confira algumas formas de detecção e tratamento!

Introdução

Os cuidados na criação dos bezerros, refletem diretamente no desempenho produtivo futuro e consequentemente no sucesso da criação. Assim, é muito importante que haja atenção quanto ao manejo nos primeiros 30 dias de vida, um período considerado crítico devido à imaturidade imunológica desta categoria, sendo totalmente dependentes da transferência de imunidade passiva através do colostro (SOUZA, et al., 2000).

A desidratação define-se como uma perda de fluidos corporais, incluindo água e sais minerais, quadro clínico muito comum em animais jovens, sendo necessária a rapidez no tratamento (QUIGLEY, 2018). De forma geral, existem duas causas principais de desidratação em bezerros, sendo uma delas a perda excessiva de líquidos pela presença de diarreia e a outra, a ingestão inadequada de água devido à dor, febre e apatia (FEITOSA, 2014).

A partir da ocorrência de desidratação algumas consequências podem surgir, como por exemplo, a acidose metabólica. Esse quadro acontece a partir da perda intensa de íons cátions (Na+, K+), ocasionando um desequilíbrio eletrolítico pelo aumento relativo de íons ânions (Cl), tornando assim o ph sanguíneo mais ácido (QUIGLEY, 2018). Outra consequência é a morte de bezerros pela desidratação, por isso é importante que o quadro seja revertido o quanto antes.

 

Como avaliar a desidratação?

Para a avaliação da desidratação é recomendada a realização de um bom exame físico, conduzido por um Médico Veterinário. Embora o grau da desidratação seja frequentemente estimado, sua quantificação não é tão simples. Dois métodos de avaliação podem ser aplicados nos bezerros, sendo eles: a avaliação por turgor cutâneo e a avaliação por tempo de preenchimento capilar (FEITOSA, 2014).

Para verificar o turgor cutâneo, inicialmente é preciso puxar a pele do pescoço do animal, soltando-a em seguida e contando os segundos até que volte ao estado normal, o ideal é que esse tempo não ultrapasse 2 segundos. Na checagem do tempo de preenchimento capilar é preciso pressionar a gengiva do animal com um dedo por 2 segundos, soltando em seguida e contando o tempo até que volte ao normal, sendo ideal que não ultrapasse 1 segundo (SENAR, 2019).

Vale destacar que a observação de alguns sinais clínicos também é importante. Dentre os mais comuns destacam-se a febre, sede, mucosas ressecadas, pele apresentando menor elasticidade, comprometimento da circulação, desânimo, depressão e olhos fundos (DIAS, 2005), mencionados na Tabela 1.

 

Tabela 1. Classificação das desidratações conforme os sinais clínicos.  

Desidratação

Sinais Clínicos

De 5 a 6%

Sem sinais.

De 6 a 8%

Olhos fundos, perda da elasticidade da pele e mucosas orais secas.  

De 8 a 10%

Perda de peso corporal, olhos fundos mais evidentes, membranas mucosas secas e pulso aumentado.

De 10 a 14%

Estado comatoso, extremidades frias e diminuição do pulso.

Fonte: Adaptado de Leite Integral (Jim Quigley).

 

Controle da desidratação

Para o controle do quadro clínico é preciso assegurar a hidratação dos bezerros através de soluções capazes de repor água, eletrólitos e energia para a correção desse equilíbrio eletrolítico, acrescido de um agente alcalinizante ácido-base. Como primeira escolha para a hidratação de bezerros deve ser adotada a administração de soluções eletrolíticas nas vias oral e enteral, sendo um procedimento fácil, barato, rápido e eficiente. A aplicação pode ser feita em segurança nos bezerros com desidratação leve ou moderada. É interessante que essa medida seja aplicada desde o início dos sintomas (BERCHTOLD, 2009).

Para realizar uma hidratação oral eficaz é necessária reposição de alguns componentes essenciais. Nesse contexto, o sódio é indicado para suprir o déficit e restabelecer o volume de fluido no espaço extracelular, associado a agentes (como glicose, acetato, propionato ou glicina) que facilitam sua própria absorção e a absorção de água. O potássio é necessário para a reposição das perdas, os agentes alcalinizantes (acetato ou bicarbonato de sódio) são importantes para amenizar a acidose metabólica. E a glicose, também tem a indicação para oferta de energia, evitando ou revertendo o quadro de balanço energético negativo (NAYLOR, 1990; CONSTABLE, 2003).  

 

Você conhece o Hidralac?

Hidralac é uma solução hidroeletrolítica concentrada. Contém todos os componentes necessários para restabelecer a saúde dos bezerros desidratados, proporcionando alta palatabilidade, praticidade e economia, uma vez que rende 10 doses por frasco. Para sua utilização é preciso diluir o produto em 2 litros de água, leite ou sucedâneo e administrar via oral, duas vezes ao dia, durante dois ou mais dias, em conformidade com a recomendação do Médico Veterinário.

 

Texto: Juliana Ferreira Melo

Médica Veterinária – JA Saúde Animal

 

 

Referências

 

BERCHTOLD, J. Treatment of calf diarrhea: intravenous fluid therapy. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.25, p.73-99, 2009.

 

CONSTABLE, P.D. Fluid and electrolyte therapy in ruminants. Vet. Clin. N. Am. Food Anim. Pract., v.19, p.557-597, 2003.

 

DIAS, Renata de Oliveira Souza. Hidratação de bovinos: o básico deve ser bem-feito. Milkpoint. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/hidratacao-de-bovinos-o-basico-deve-ser-bem-feito-parte-1-22602n.aspx#:~:text=Os%20principais%20sinais%20cl%C3%ADnicos%20da,colapso%20circulat%C3%B3rio%2C%20des%C3%A2nimo%20e%20depress%C3%A3o. Acesso em: 25 mar. 2022.

 

FEITOSA, F. L. F. Semiologia Veterinária. 3ª ed. Ed. Roca, São Paulo, 2014.

 

NAYLOR, J.M. Oral fluid therapy in neonatal ruminants and swine. Vet. Clin. N. Am. Food Anim. Pract., v.6, p.51-67, 1990.

 

SENAR. Bovinocultura: primeiros socorros. Brasília: Senar, 2019. Disponível em: https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/236-Bovino-primeiros-socorros.pdf. Acesso em: 25 mar. 2022.

 

SOUSA, M.V.; GONÇALVES, R.C.; LISBÔA, J.A.N.; ALMEIDA, C.T.; CHIACCHIO, S.B. Aspectos clínicos e epidemiológicos da diarreia dos bezerros em Botucatu, SP. R. Bras. Cienc. Vet., v. 7, n. 2, p. 74-77, 2000.

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