Os endoparasitas estão entre os principais responsáveis por causar prejuízos tanto na pecuária de leite, quanto na de corte. Devido a expressiva queda nos índices de produtividade nos rebanhos não tratados, torna-se imprescindível a vermifugação de modo que os animais expressem seu máximo potencial produtivo.
Verminoses dos bovinos e seus impactos
O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de carne bovina, com destaque para os números de 2023, quando foram exportadas 2.536 milhões de toneladas de carne (GOV, 2024). Apesar de expressivos, esses dados refletem apenas uma parte do potencial produtivo do país. Um dos principais fatores que limitam a maximização desse potencial é a ocorrência de verminoses nos rebanhos, frequentemente negligenciada, por não apresentar impactos visíveis a curto prazo. (SAUERESSIG, 2006; STOTZER et al, 2014).
As verminoses, de modo geral, comprometem o desempenho do rebanho, uma vez que, impede a absorção de grande parte dos nutrientes e proteínas que o animal ingere. Dessa forma, reduz a capacidade de conversão alimentar, ganho de peso e qualidade da carcaça (podendo ser parcialmente ou completamente condenada devido a presença de alguns parasitos) e em casos mais graves pode ocasionar a morte do animal (STOTZER et al, 2014).
Dinâmica de infestação parasitária
No Brasil a maioria dos animais são criados a pasto, e com isso, observa-se grande incidência da infestação por parasitos, visto que, nas pastagens acontecem uma parte importante e fundamental do ciclo de vida dos vermes. Durante o ciclo desses parasitas, eles necessitam passar por várias fases para desenvolvimento, essas fases compreendem desde o ovo e sua eclosão até a fase larval. Eles passam por várias ecdises, para completar o ciclo de vida até chegar a sua fase infectante, e para isso são necessárias condições favoráveis de umidade alta e temperatura ideal (SAUERESSIG, 2006).
Portanto, embora haja maior concentração de endoparasitas nas pastagens no período chuvoso, (quando o ambiente está favorável para a fase de vida livre do endoparasita, de ovo à larva infectante); é no período seco que há maior infestação de vermes no rebanho. A partir daí, o gado ingere as larvas infectantes de vermes nas pastagens e inicia o processo de parasitismo no organismo do animal, onde o helminto inicia sua fase parasitária (de larva infectante a fase adulta). Os principais helmintos de importância sanitária e que ocupam a maioria das regiões brasileiras são dos gêneros: Haemonchus, Cooperia, Oesophagostomum, Trichostrongylus e Dictyocaulus (SAUERESSIG, 2006).
O que os vermes causam no organismo animal?
As larvas dos vermes que atacam o sistema digestivo dos bovinos crescem e se tornam adultas na mucosa do trato digestivo, onde se alimentam dos tecidos. Isso provoca feridas, que, dependendo da gravidade, podem evoluir para úlceras, causando inflamações no estômago e intestinos. Essas lesões levam à destruição de muitas células, que são ingeridas pelos parasitas, além disso, eles também absorvem nutrientes que seriam destinados ao animal. Como resultado, os bovinos ficam apáticos, perdem peso, e apresentam fraqueza e cansaço, geralmente acompanhados de anemia por conta da perda de sangue e nutrientes. Os parasitas também causam uma queda na produção de ácido clorídrico no estômago, alterando o pH de ácido para neutro, o que prejudica a digestão de proteínas, levando a um quadro de hipoproteinemia (DA FONSECA et al, 2023).
Outro efeito das verminoses é o acúmulo de líquido nos tecidos e o espessamento da camada de revestimento do intestino, junto com o aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos. A má absorção de proteínas e nutrientes ocorre por conta da atrofia das vilosidades intestinais, o que leva à queda de albumina no sangue. Isso acontece porque a mucosa intestinal, ao tentar se reparar, acelera a produção de células novas, mas, com o tempo, o tecido lesionado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial, tornando mais difícil a absorção de nutrientes. Esses parasitas causam uma série de problemas no animal, incluindo anemia, desequilíbrio de minerais e dificuldades digestivas, prejudicando não só sua saúde, mas também sua capacidade de produção (DA FONSECA et al, 2023).
Controle
A partir destes fatos, nota-se a necessidade da adoção de medidas de controle das verminoses, sendo a maneira mais efetiva, por meio da utilização consciente de antiparasitários e em momentos considerados estratégicos. Durante a estação seca os animais possuem uma carga parasitária maior, visto que, as condições externas são desfavoráveis aos endoparasitas. Já no período chuvoso uma grande carga parasitária é liberada no ambiente e então o parasita completa seu ciclo e volta a reinfectar os animais. Diante destes fatos, os estudos propõem como alternativa realizar duas vermifugações durante o período seco (maio e julho) e uma no início das águas (setembro), dessa forma é possível controlar de maneira eficaz as verminoses gastrointestinais e pulmonares (BIANCHIN et al., 1995; SAUERESSIG, 2006).
Diagnóstico
O diagnóstico coproparasitológico é realizado principalmente por meio da técnica de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), em que é possível identificar os ovos e oocistos dos principais helmintos, porém sem diferenciação entre espécies. Para a identificação de espécies é indicado a realização da técnica de coprocultura. Associado aos exames, também é possível observar os seguintes sinais clínicos no animal: emagrecimento, pelos eriçados, mucosas pálidas (anemia), falta de apetite, diarreia, abdômen dilatado, edema submandibular, tosse, entre outros (BIANCHIN et al., 1995; SAUERESSIG, 2006; DA FONSECA et al, 2023).
Uso estratégico dos antiparasitários
A aplicação de vermífugos no período das chuvas é ineficiente, uma vez que a taxa de reinfecção é muito alta e há uma carga parasitária expressiva nas pastagens. Então, o ideal é realizar a vermifugação no período seco (junho, julho e agosto), onde os parasitos estão concentrados nos animais, devido ao clima externo não favorável para seu desenvolvimento. Outro benefício de realizar a vermifugação no período seco é diminuir a carga parasitária dos animais, para que, durante o período chuvoso a carga parasitaria nas pastagens também seja menor. Dessa forma, é possível realizar uma vermifugação eficiente (SAUERESSIG, 2006).
A JA Saúde Animal possui uma vasta linha de antiparasitários para as diferentes categorias de bovinos. Conheça os principais protocolos recomendados:
Vacada
Maio: Longamectina 3,5% (Ivermectina 3,5%) (dose de 1 mL para cada 50 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Julho: Proverme injetável (Levamisol) (dose de 2 mL para cada 40 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Setembro: Longamectina 3,5% (Ivermectina 3,5%) (dose de 1 mL para cada 50 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Recria
Maio: Longamectina 3,5% (Ivermectina 3,5%) (dose de 1 mL para cada 50 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Julho: Doragold (Doramectina 1%) (dose de 1 mL para cada 50 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Setembro: Longamectina 3,5% (Ivermectina 3,5%) (dose de 1 mL para cada 50 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Entrada do confinamento:
Albendathor injetável (Sulfóxido de Albendazol 10%) (dose de 1 mL para cada 40 Kg de peso corpóreo, via subcutânea) + Frigoboi Facilite (dose de 1 mL para cada 10 Kg de peso corpóreo, via pour-on).
Vacas leiteiras:
Período em lactação: Eprigold (Eprinomectina) (dose de 1 mL para cada 10 Kg de peso corpóreo, via pour-on).
Período seco (terço final da gestação): Proverme injetável (Levamisol) (dose de 2 mL para cada 40 Kg de peso corpóreo, via subcutânea).
Para mais informações sobre esses e outros produtos JA Saúde Animal, entre em contato com nosso time de técnicos através do nosso site: https://www.jasaudeanimal.com.br/contato/formulario
Texto: Aline M. Carvalho (Médica Veterinária)
Referências:
BIANCHIN, I.; HONER, M. R.; NUNES, S.; NASCIMENTO, Y. A. do. The effect of stocking rates and treatment schemes on the weight gain of weaned Nellore steers in the Brazilian savanna. Tropical Animal Health and Production, Edinburgh, v. 27, p. 1-8, 1995.
DA FONSECA, B. L., DE OLIVEIRA, C. A. A., DE OLIVEIRA, G. A., DE MIRANDA MARANHÃO, A. C. P., ALVES, L. L. P., DOS SANTOS GUIMARÃES, D., BASTOS, I. V. M. ESTUDO DA PATOGENIA DAS PRINCIPAIS ENDOPARASITOSES GASTRINTESTINAIS DE BOVINOS: Revisão de Literatura. Atualizações em clínica, reprodução e diagnóstico laboratorial de grandes animais, 98. 2023.
GOV.BR. Carne bovina e milho são destaques na exportação brasileira. 2024.https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/carne-bovina-e-milho-sao-destaques-na-exportacao-brasileira#:~:text=J%C3%A1%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20ao,bovina%20in%20natura%20e%20processada.
GRISI, L., LEITE, R. C., MARTINS, J. R. D. S., BARROS, A. T. M. D., ANDREOTTI, R., CANÇADO, P. H. D., VILLELA, H. S. Reassessment of the potential economic impact of cattle parasites in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 23, n. 2, p. 150-156, 2014.
SAUERESSIG, T. M. Produção de Proteína Animal de Qualidade com Sustentabilidade: controle racional das parasitoses dos bovinos. Embrapa Cerrados. P. 46. 2006.
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STOTZER, E. S., LOPES, L. B., ECKSTEIN, C., DE MORAES, M. C. M. M., RODRIGUES, D. S., BASTIANETTO, E. Impacto econômico das doenças parasitárias na pecuária. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 8, n. 3, p. 198-221, 2014.